Hebraica – Nós somos a Hebraica

Floriano Pesaro, sociólogo.

“Por toda a história do povo judeu, alguns fatores foram fundamentais para nosso sucesso e resiliência frente a todas as perseguições e dificuldades que foram impostas ao nosso povo. A tenência a D’us e a atenção aos ensinamentos de nossos rabinos, sem dúvida, foram fundamentais na construção de nosso casco resistente a tanto tempo de peregrinação.

A partir desses ensinamentos, e durante essa história de luta, resiliência e sucesso, aprendemos que a união é condição sine qua non para a sobrevivência e a prosperidade da nossa comunidade.

Talvez a mais emblemática materialização dessa união entre nós é o Clube A Hebraica de São Paulo. Às margens do rio Pinheiros, numa das maiores cidades do mundo, construímos um símbolo de prosperidade, de confiança e de serviço ao próximo.

Aqui nós conhecemos nossa história e a reconhecemos em cada um de nós. É na Hebraica que o ledor vador se concretiza com a convivência entre famílias e amigos desde os primeiros anos de vida. Na união dos casais e na celebração de momentos que se eternizam em nossas memórias.

A Hebraica é mais do que um clube social que nos proporciona estrutura de primeira linha, lazer de qualidade para toda a família, ambiente acolhedor e comunitário, além da segurança sempre atenta aos menores detalhes.

Os traços do arquiteto russo que idealizou os prédios originários, Gregori Warchavchik, dão vida à Hebraica como a materialização da força da união da comunidade judaica brasileira, que virou referência esportiva e cultural para toda a capital paulista logo nos seus primeiros anos.

Já no início dos anos 2000, os teatros Anne Frank e Artur Rubinstein, o Festival de Cinema Judaico, os concertos internacionais, a Galeria de Arte, os treinamentos para atletas de alto rendimento, os encontros políticos e faziam da Hebraica um ponto de encontro dos amantes da cultura e do esporte.

A prematura pujança acompanhada de tamanho reconhecimento – cujas constantes presenças de autoridades e celebridades nos eventos do clube fazem reforçar – não se deve a causas naturais.

É fruto da dedicação de todos nós, mas, especialmente, de membros da nossa comunidade que se doaram, desde 1953, para criar esse ambiente de acolhimento e palco de tantos momentos marcantes para todos nós.

Desde 2018, vinte desses membros dispuseram do seu precioso tempo dedicado ao seu trabalho e as suas famílias para vestir a camisa da Hebraica e, sem medir esforços, dar continuidade ao sonho judaico e aprimorá-lo de maneira singular.

Foram vinte dos nossos irmãos e irmãs que, liderados pelo presidente Daniel Leon Bialski, fizeram, nesse período de gestão, doaram do seu tempo e das suas dotações intelectuais para pensar em cada detalhe que poderia melhorar, ainda mais, o símbolo da nossa comunidade cada vez mais unida e forte.

Afinal, como diz o projeto que – de forma muito bem sucedida – fez com que, durante o pior momento da nossa história recente, nos sentíssemos menos sozinhos, apesar de separados fisicamente: a “Hebraica – é – Nossa Casa”.

E muito foi feito e é bom que se registre: Dulca, Gemma, Smokedeli, Tanabi, Café Pilão, Beach Tennis, Parque Aquático Infantil, Espaço Hebra, Centro de Fisioterapia, Academia Chai Gym by Rendimento, Espaço Mitzpé, Estande de Tiro, Centro de Lutas Olímpicas e muito mais.

Por isso tudo, na pessoa do presidente Daniel Bialski, agradecemos a todos os membros dessa diretoria. Gratos pelo carinho e a atenção permanentes dessa diretoria que fizeram a diferença no dia-a-dia de cada um de nós. Meu reconhecimento e respeito.

A propósito, essa história que nos enche de orgulho e que se faz presente nos nossos dias não pode, e não vai parar. Agora um desses gloriosos membros, Fernando Rosenthal, aceitou o desafio e, neste mês, já nos lidera como o novo presidente da Hebraica em mais uma fase de desafios e perseverança.

Parabéns a todos nós por seguirmos os ensinamentos de nossos antepassados, nos unindo, em prol de uma comunidade judaica forte e representativa, na construção diária do nosso espaço. Da nossa casa de cada dia. “

Tribuna – Depois dos foguetes, o antissemitismo

Recentemente venho conversando com amigos pelo mundo que têm me relatado um aumento de ataques antissemitas após o conflito em Gaza. Sobre isso, escrevi o artigo abaixo para a TRIBUNA JUDAICA, que compartilho para leitura e comentários.

Depois dos foguetes, o antissemitismo
Floriano Pesaro, sociólogo.

“Neste mês foi divulgada uma pesquisa bastante preocupante para a qual devemos nos atentar sobre o recrudescimento de atitudes antissemitas após conflitos envolvendo Israel. Realizada pela Anti-Defamation League (ADL) nos Estados Unidos, a pesquisa mostrou que o que ocorre em Israel tem impactos na vida cotidiana dos judeus de todo o mundo.

O levantamento questionou os judeus americanos se, após o recente conflito entre Israel e Hamas, eles perceberam aumento na insegurança relacionada a ataques e o resultado é que o antissemitismo – sempre à espreita – não perde uma oportunidade para tomar força.60% dos judeus americanos declararam que, após os ataques de foguetes contra o território de Israel e a resposta de defesa israelense, presenciaram atitudes antissemitas nos Estados Unidos.

Ainda, 40% dos entrevistados se declararam mais preocupados com sua segurança pessoal e 18% lamentaram que relacionamentos pessoais foram afetados por narrativas distorcidas sobre o conflito.

Sabemos há muito que uma série de narrativas são impostas sobre a complexa relação entre os países da região, mas boa parte delas tentam impor a Israel uma vestimenta misantropa que não lhe cabe e que nos direciona um refugo de antissemitismo pelo mundo.

Recentemente, pelas redes sociais, promovi uma boa conversa com uma das pessoas que, certamente em todo o mundo, mais tem feito para combater as falácias discursivas em torno de Israel, que é o professor André Lajst, diretor do StandWithUs Brasil.

Lajst e seu instituto trabalham diuturnamente contra essa maré que propositadamente se utiliza de subterfúgios narrativos baseado num momento tão lamentável para todos os lados – como é um conflito – para fazer com que atitudes antissemitas pareçam justificáveis aos incautos e, infelizmente, a ignorantes.

Os resultados da pesquisa americana nos levam a, ao menos, duas conclusões: primeiro que é preciso valorizar o trabalho das entidades da comunidade judaica que dedicam recursos humanos, financeiros e tempo para difundir a verdade sobre nossa comunidade e sobre Israel.

Já a segunda conclusão, e aqui devemos prestar bastante atenção, é de que não devemos menosprezar o antissemitismo ou dá-lo como fadado, ainda mais em países em que nossa comunidade é tão bem assimilada, como é o caso – Baruch Hashem – do Brasil.

Trata-se de erva daninha que em meio à ignorância e à profusão de falsas narrativas – cenário em que estamos vivendo com especial ênfase na agenda política – não se furta a crescer e tentar perseguir nossa comunidade em qualquer lugar do mundo.

Por isso, devemos lembrar que cabe a cada um de nós sermos guardiões da verdade e do tikun olam.

É nosso dever desnudar cada falsa narrativa que objetiva nos distanciar daquilo que defendemos: a paz e a convivência harmoniosa entre os diferentes.

Veja Israel, veja Tel Aviv, fazemos isso na prática.

Inspiremo-nos no exemplo dos nossos intelectuais, das nossas lideranças e das entidades representativas da nossa comunidade sempre atentas às tentativas de deturpação da História do nosso povo e de Israel.

Nós não nos dobramos aos foguetes, apesar dos danos, tão pouco iremos, agora, deixar que narrativas falaciosas assustem nosso povo mundo afora.”

Hebraica – “Os riscos das narrativas”

Por toda a História, os judeus foram objeto de narrativas que nos rotularam sob os mais diversos aspectos.


No Egito, no Irã, na Alemanha e em tantos outros lugares, à comunidade judaica foram postos julgamentos, preconceitos e percepções que embasaram historicamente a perseguição histórica sobre nosso povo.


Vez ou outra, nos atentamos, mas demoramos a agir para dissipar esse esforço antes que seja tarde.


É essa a oportunidade que nos é, agora, dada no Brasil.


Não é incomum que escreva aqui por diversas vezes as razões pelas quais temos que nos orgulhar de Israel e da nossa comunidade. Os motivos são de toda a sorte.


A bandeira nacional é sinônimo de progresso social e econômico, de uma sociedade altamente educada e democrática, de desenvolvimento tecnológico, da convivência entre diferentes religiões, do apreço ao Estado de Direito e da força militar de defesa implacável.


Se todos esses predicados são verdadeiros, também o são aqueles que apontam o respeito à diversidade, a convivência pacífica entre diferentes, o apreço pela liturgia dos cargos e o irrestrito compromisso com a democracia.

Os israelenses guardam atenção especial à representação dos diferentes grupos da sociedade no Knesset. Israel é o porto seguro da liberdade e da democracia no Oriente Médio.


Apesar disso, estamos vendo um movimento que tenta reduzir a grandiosidade de Israel – e, por consequência, da nossa comunidade – a um simbolismo quase folclórico.


É verdade que a Israel da Mossad e do Reino de Salomão orgulhosamente existem, mas não hermeticamente e apartada de todas as outras características modernas que, juntas, impedem que a sociedade israelense e a comunidade judaica caibam em narrativas políticas.


Há alguns anos, sabemos, judeus brasileiros, da tentativa de grupos políticos de imprimir às suas causas um imaginário em torno de Israel por meio do uso extensivo da bandeira nacional.


Nossa comunidade, bastante experimentada pela História, sabe dos riscos que corremos quando tentam nos impor determinados rótulos e fazer com que Israel caiba no simbolismo que alguns o querem.


Nossos ancestrais que viviam no Reino da Sicília deixaram na História importantes lições para que possamos refletir. Nos idos de 1300, sob o reinado de Frederico II, a comunidade judaica era marcante.


Estimativas apontam que entre 5% a 8% da população pertencia à comunidade, que tinha forte atuação na medicina, na educação e no comércio – além de uma particular aproximação com o reinado.


Assim como em todos os lugares onde os judeus foram assimilados, aceitos e respeitados, a Sicília, de outrora, viu por décadas seu progresso econômico, social e educacional disparar e se tornar referência na região estratégica – entre a Europa, a África e o Oriente Médio.


Contudo, a fidelidade e a proximidade dos judeus sicilianos ao reinado não lhes pouparam da traição. Com a ascensão, nos idos de 1490, do casal Fernando de Aragão – Fernando II – e de sua esposa, Isabel I de Castela, buscou-se a erradicação de todos aqueles que não eram católicos e, por consequência, a determinação de conversão forçosa ou expulsão de toda a comunidade judaica que vivia na Sicília.


Nada importou a relação próxima que a comunidade sempre manteve com o vice-reinado da Sicília ou os serviços prestados que alçaram a região a um status de entreposto comercial europeu. Tudo lhes foi retirado sem a menor cerimônia e – como de costume – aos judeus foram impostas “culpas” absurdas, como o fato do casal real não conseguir ter um sucessor do sexo masculino.


Nós, judeus brasileiros, sabemos o que somos, nossa contribuição ao Brasil e o que Eretz Israel representa como sociedade plural e democrática.


É nossa responsabilidade manter a bandeira de Israel acima de questões político-partidárias não incorrermos no risco de combater o tão insistente antissemitismo abastecido com teorias e rótulos que vimos sendo alimentados.”


#spparatodos #jew #judaismo

Tribuna – Queimaram nossas roupas, mão não nossa história

“Queimaram nossas roupas, mas não nossa história
Floriano Pesaro, sociólogo.

Um dos episódios mais emblemáticos da perseguição nazista aos judeus na Alemanha e na Áustria se deu na “Kristallnacht”, ou Noite dos Cristais – quando sinagogas, residências, comércios e escritórios de judeus foram invadidos, vandalizados e destruídos.


Num dos ataques mais simbólicos desse período, formaram-se montanhas de livros queimados, o que caracteriza a ode à ignorância e ao autoritarismo asqueroso.


Contudo, os nazistas também destruíram uma indústria que era uma das mais promissoras de toda a Europa e, também, era dirigida por judeus: a produção de moda alemã.


Se hoje quando pensamos em moda, é natural que nos venha à mente as cidades de Milão, Paris, Londres, Nova Iorque e – há quem diga – até São Paulo, em meados do século XX, a expoente desse mercado era Berlim.


A região de Hausvogteiplatz era um conhecido e agitado distrito de moda antes da Shoah que ditava a moda na Europa produzindo tendências e peças que vestiam até mesmo a família real da Prússia.


Marcas como Manheimer, Hermann Gerson, Breitsprecher e M. Würzt & Söhne ditavam tendência no vestuário, na sapataria e no setor de malas e exportavam peças alemãs para toda a Europa, Estados Unidos e, até, para o Brasil.


O que une essas marcas a outras, estimadas em vinte e oito, eram que seus fundadores e diretores eram judeus.


À época, com a ascendência do regime nazista e com todo o ódio, extremismo, ignorância e desprezo que o seguiu, essas marcas foram queimadas – não só simbolicamente, como também seus prédios e peças – tentando apagar histórias de vida e de sucesso.


O impacto da perseguição nazista sobre a indústria da moda foi tão grande que em 1933, estima-se que haviam 2.700 produtores de moda em Berlim, em apenas seis anos esse número foi reduzido para menos de 150. Uma catástrofe de todos os pontos de vista.


Acontece que, assim como todo o regime autoritário, a Alemanha nazista não conseguiu expurgar da história a contribuição judaica à moda alemã, nem nenhum outro marco da história gloriosa do nosso povo.


Grupos empresariais alemães têm buscado reabilitar as marcas judaicas que marcaram história na moda do país e contataram os familiares daqueles judeus que viram seu patrimônio e sua história arderem no fogo do extremismo, da ignorância e do horror nazista.


Num movimento que busca ressignificar a lógica mercadológica – chamada por alguns de capitalismo consciente – busca-se reabrir essas marcas e retomar a pujança da indústria da moda alemã a partir do resgate histórico do que foi construído e tentou-se apagar.


Parte dessas famílias que hoje nem vivem mais na Alemanha, estão em direção a Berlim para trabalhar no resgaste ao legado do seu povo e da sua família.


Esse episódio lembra ainda a frase dita pelo Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, em fevereiro deste ano durante as celebrações de 1.700 anos de vida judaica no país: “Os judeus fazem a cultura alemã brilhar”.


Não só desse país, mas também de todos os lugares em que o povo de D’us é aceito com paz e tolerância. A cooperação, a liberdade e a inovação da comunidade judaica trouxeram benefícios inestimáveis aos alemães – que agora parecem querer resgatá-los no campo da moda.


É verdade que ainda há um longo caminho para que Berlim faça frente, mais uma vez, à Paris, Milão e Nova Iorque no mercado da moda internacional. Contudo é reconfortante saber que histórias não se apagam.


Não importa o tamanho e a violência com que o ódio e a intolerância se aplicam em determinado momento da história, o que é construído com honestidade e dedicação – sejam famílias, empresas e até ideias – nunca podem ser apagados e Hausvogteiplatz será testemunha disso.”


#jew #judaismo #spparatodos

Hebraica – O impacto da Chutzpá na sociedade israelense

“Por vezes neste espaço, falamos sobre a capacidade de Israel desenvolver tecnologias, inovações e sistemas que – nas mais diversas áreas – trazem revoluções a processos produtivos, relacionais, medicinais e tecnológicos.

De fato, sempre nos chama a atenção que um país com uma área territorial pequena e com uma população que também não ostenta grandes proporções consiga – apesar também das fronteiras hostis – desenvolver tamanha capacidade de alterar sistematicamente o modo como os processos são feitos e os fatos são dados.

Esse motor da inovação vem sendo identificado por estudiosos como resultado de uma série de fatores – investimento público, educação de qualidade e políticas de apoio à inovação, por exemplo -, mas, dentre eles, um bastante curioso: a chutzpá.

A chutzpá é um balizador comportamental encontrado na Shulchan Aruch – catálogo escrito da lei do judaísmo, composta, no século XVI, pelo rabino Yosef Karo. Não há uma tradução única para a chutzpá, sendo que o mais próximo no português seria a “ousadia”.

Estudiosos dos escritos afirmam que a chutzpá existe para lembrar os judeus de que não se devem curvar, temer ou envergonhar-se ao seguir seus caminhos, princípios, ideias e, claro, praticar sua fé.

Um dos episódios mais lembrados para exemplificar o que entendemos por chutzpá é a tentativa de Moshê de salvar seu povo questionando a D’us.

Ainda quando Abraham questionou D’us sobre os planos que Ele tinha para Sodoma e Gomorra. Ali ambos se encheram de chutzpá para defender aquilo no que acreditavam, mesmo que estivessem errados e não tivessem seus pleitos atendidos.

Sob risco de resvalarem para o campo da arrogância e da insolência, chutzpá é o princípio que guia o povo judeu no constante questionamento às regras e processos postos.

Não há nada para nosso povo que está dado e “assim que deve ser”. Se algo existe, tem uma razão e sobre ela não há quem proíba a discussão.

É provável que não só nosso ímpeto inovativo – simbolizado nos incríveis números de startups e criações israelenses – mas, também o apreço de Israel pela democracia e pela liberdade também estejam ligados à chutzpá, ou a essa “ousadia” em português.

Para nós, brasileiros, que somos um povo bastante conciliador e pouco questionador, esse é um princípio judaico que a comunidade pode, e deve, incentivar em seus lares e empresas. É preciso que absolutamente tudo possa ser questionado e que não se tenha medo.

Não há espaço para a inovação e o desenvolvimento socioeconômico em sociedades que cerceiam o direito de as pessoas questionarem outras, familiares, empresas e políticos.

Questionamento e ousadia estão também ligados à diversidade de opiniões. Tal qual em Israel, essa é uma defesa intransigente que devemos fazer também por aqui.

Não se tem inimigo numa discussão familiar, empresarial ou política, tem-se, ao máximo, um adversário ou opositor.

É do contraditório e dos diferentes pontos de vista, movidos pela ousadia, que chegamos ao aprimoramento, condição fundamental para que uma sociedade seja tão bem-sucedida em suas mais variadas formas, como é a sociedade israelense.

A chutzpá é o combustível para a inovação e a democracia que tanto admiramos em Israel e que tanto contribui para o avanço da humanidade em todo o mundo.”

Tribuna – Conexão Recife-Kingston-Nova Iorque

O estudo da História é fascinante, há, inclusive, quem a ela dedica a vida – não posso negar-lhes a compreensão. Isso porque, vez ou outra, sou impactado com motivos pelos quais a História é tão apaixonante. Um desses veio à luz recentemente com o lançamento do livro “De Recife para Manhattan: Os judeus na formação de Nova York” da autora Daniela Levy, que – com dez anos de estudo – aborda com riqueza de detalhes a história de 23 judeus que, saídos do Recife, ajudaram a formar a maior cidade dos Estados Unidos.

Distante de adiantar o rico conteúdo do livro, mas com o intento de compartilhar o desejo pela leitura, trazemos um pouco da época em que se deu tal movimento. Era Portugal da época da perseguição católica aos judeus da península ibéria, onde a comunidade judaica viu-se obrigada a abster-se de suas crenças e fingir a conversão ao catolicismo. Ali passaram-se a se chamar “cristãos novos”, que viram na independência da Holanda – outrora sob domínio espanhol, e, portanto, católico – a chance de professar sua fé livremente sob a ótica do calvinismo que via – ainda que desconfiado – a liberdade religiosa como trunfo político e econômico.

Na Holanda, os judeus desenvolveram o comércio e a pujança econômica que culminaram no desenvolvimento da Companhia das Índias Orientais – uma das mais famosas companhias comerciais do mundo. Com a ocupação holandesa em Pernambuco – mais especialmente em Recife e em Olinda – os judeus criaram a primeira sinagoga de todo o continente americano, Kahal Zur Israel, na Rua dos Judeus, na capital pernambucana.

Anos mais tarde, com o risco de perder o controle da colônia e portando vultuosa oferta portuguesa para que deixasse o Brasil, a Holanda desocupou a região e deixou exposta toda a comunidade judaica a um domínio excessivamente católico. Parte dos judeus que ali viviam em harmonia fugiram para o sertão nordestino e, outra parte, embarcaram rumando de volta a Holanda, onde podiam professar sua fé e viver em comunidade.

Contudo, os planos para os judeus naquele momento não eram esses. Atacados por piratas e atingidos por tempestades, foram resgatados por uma embarcação francesa que os deixou na Jamaica – que vinha a estar, no momento, sob domínio espanhol e católico.

Indesejados no seu destino, tão pouco quisto pelos judeus, viram-se 23 de nós determinados a rumarem para Nova Amsterdã, um entreposto comercial recém-criado, onde surgiria uma cidade que nunca dorme, Nova Iorque.

Foi ali, que, em 1654, os 23 judeus, dentre eles algumas crianças nascidas no Brasil, ajudaram a fundar e a desenvolver a maior cidade dos Estados Unidos da América. A partir de seus dotes comerciais, os 23 judeus – que hoje tem, em sua homenagem, o monumento novaiorquino Jewish Pilgrim Fathers – ajudaram a construir a megalópole americana que, ironicamente, estava nos planos de Maurício de Nassau para a Recife holandesa. Até mesmo a Bolsa de Nova Iorque, referência mundial no mercado de ações, teve como um de seus criadores Benjamin Mendes.

Indispensável à leitura aprofundada – que traz dessa história da nossa comunidade – do livro de Daniela Levy para que possamos conhecer e nos orgulhar da história do nosso povo, que nunca desiste e que, onde é aceito, traz prosperidade e paz.

Hebraica – Entre a angústia e a esperança

“Entre a angústia e a esperança
Floriano Pesaro, sociólogo.


Com quem falamos ao nosso redor, parece-nos que os sentimentos são muito parecidos neste mês de recrudescimento da pandemia do coronavírus no Brasil. Misturam-se certa angústia, preocupação e ansiedade pelo fim deste pesadelo que continua a ceifar vidas, empregos e renda – nesta ordem. Por isso, enquanto a vacina não chega em quantidade e velocidades suficientes aos braços do povo brasileiro, podemos nos reconfortar no exemplo israelense de vacinação, combate às fake news e aos tratamentos ineficazes e, mais recentemente, às inovações tecnológicas fruto de Eretz Israel.


A vacinação no mundo todo se mostrou um desafio contínuo. O início dele se deu nas custosas e incertas pesquisas científicas pelas quais o mundo todo ansiava fervorosamente. Num feito inédito para a humanidade, uma sorte de vacinas foi protocolada para aprovação nas mais diversas agências sanitárias de todo o planeta.

Neste momento – e até antes dele – países de todo o globo apressaram-se em contatar laboratórios a fim de garantir imunizantes tão logo que salvassem vidas e economia. Entre eles, estava Israel, mas não estava o Brasil – que optou por aderir à menor cota do consórcio da OMS, Covax Facility, no longínquo março de 2020.


Apesar desse atraso e de todas as consequências que este acarretou, sabemos que a vacinação avançará e que, em breve, estaremos livres de dias tão penosos e tão dolorosas para milhares de famílias diariamente que perdem seus entes queridos e, também, seus negócios.


Em meio a esse cenário, Israel nos dá uma janela para o futuro. Nas redes sociais, compartilhou-se fartamente um pequeno vídeo em que jovens israelenses apareciam dançantes, sem máscaras e aglomerados nas ruas de Tel Aviv. Uma imagem singela, mas que traduz imensa esperança vinda da terra onde já se vacinou mais de 60% da população adulta.


Outra esperança vinda da terra sagrada é o avanço nos estudos israelenses de uma vacina em pílula. Daquele contínuo desafio para a imunização global, restou-se a nós o logístico. As vacinas disponíveis no mercado hoje são injetáveis e, parte delas, necessitam de um cuidado logístico envolvendo baixíssimas temperaturas, inviáveis em países subdesenvolvidos, mas – inclusive – em regiões de países em desenvolvimento, como o Brasil.


A invenção israelense se deu por meio de tecnologia desenvolvida na Universidade Hadassah Ein Kerem, localizado no subúrbio de Jerusalém, e viabilizada comercialmente por meio de uma joint venture entre a israelense Oramed Pharmaceuticals Inc. e a indiana, Premas Biotech, que criaram a Oravax Medical Inc, responsável por protocolar os testes da vacina oral.


Sem necessidade de aplicação presencial num posto de saúde por profissional, de estoque em baixas temperaturas e, principalmente, de materiais necessários à aplicação tópica, essa invenção israelense promete avançar num nível sem precedentes o processo de imunização contra a Covid-19.

Em especial, nos países mais pobres que encontram dificuldades com os insumos e logísticas para a aplicação de vacinas convencionais.
Ainda há outro importante avanço em curso, a vacina oral israelense promete ativar a imunização com base em três proteínas do Sars-Cov-2, vírus responsável por causar a Covid-19.

Isso significa que a futura vacina oral pode ser, além de mais barata e simples, mais eficaz contra variantes – já que as vacinas tradicionais apontam para apenas um “pico único” do vírus que tem nos causado tanto temor, tantas mortes e tantas limitações.
Por isso e por tudo que já passamos, caro leitora, cara leitora, devemos olhar o futuro com esperança. Mais e melhores vacinas virão e com elas mais vida e mais liberdade.


Felizes somos nós que testemunhamos o papel de Israel na importância da vacinação, na defesa da verdade e na inovação pela vida. Os ventos que ventam lá, ventarão aqui. Nos resta mantermo-nos protegidos e firmes na esperança, na ciência e na racionalidade.”
#jew #judaismo #vacina #esperança

Tribuna – Pessach e a Liberdade

“Floriano Pesaro, sociólogo

Muitos se perguntam por qual razão Pessach é uma das datas mais importantes do calendário judaico. Segundo historiadores, ainda em no ano de 65 e.c. não menos de três milhões de judeus comemoravam a data em Jerusalém. Esta é uma realidade que perdura até hoje, mesmo em tempos pandêmicos, onde cada família encontra sua forma segura de comemorar a libertação do povo de Israel. É, não por acaso, na principal motivação dessa data que reside a dimensão da sua importância. Para o nosso povo, a liberdade sempre foi um pilar fundamental do qual nunca abrimos mão.

Há três mil anos, no antigo Egito, nosso povo era conhecido por “hebreus”, mas sempre nos reconhecemos pelo que somos, filhos de Israel. Um povo que vivia seus costumes, crenças e hábitos sem se impor ou se indispor com qualquer outro. Mas, ali, em menor número e estranhos aos hábitos dos egípcios, nosso povo foi tomado pela escravidão e, resiliente em seus costumes, perseguido.

O sonho da liberdade começa a se concretizar, então, com o chamado de D’us a Moisés que pede a libertação do seu povo da tirania do faraó. Moisés, embora israelita, havia sido criado como egípcio, e poderia ignorar o chamado e render-se ao privilégio que lhe era prestado. Contudo, com a coragem de um povo, movido pela fé em D’us, Moisés se levantou contra faraó e exigiu a libertação do povo de Israel. Para ele, não existiria paz sem liberdade. E, ainda hoje, nós nos reconhecemos nessa premissa.

A redenção de Moisés não foi apenas um marco na História que ficou no passado. Trata-se de um chamado eterno a todas as gerações que durante os dias de Pessach rememorem a escravidão por meio dos alimentos e dos rituais, como o matzá, o “pão da aflição”. É preciso rememorá-la para que nunca esqueçamos que a liberdade nos cobra resiliência e coragem.

Essa busca contínua pela liberdade, que nos lembra essa data tão importante, nasce no seio das famílias com os rituais de Pessach, perpassa a comunidade e chega até a nossa percepção de sociedade. Por essa razão os livros de Moisés vão além de milagres e fé, eles também trazem leis e mandamentos que se traduzem na garantia das liberdades de um povo. Pessach é, também, um manifesto universal pela liberdade.

A travessia pela qual Moisés conduziu o povo de Israel é tão simbólica que nos rememora aspectos e ensinamentos dos quais não podemos esquecer. As escritas sagradas nos lembram que não podemos oprimir o estrangeiro ou aquele que, por algum motivo, está em vulnerabilidade, uma vez que já fomos nós os estrangeiros nas terras egípcias e estivemos vulneráveis.

Essa percepção se traduz na vivência da nossa comunidade, onde todos devem ser bem-vindos. Também se verifica tal ensinamento em Israel, a única terra onde a diversidade encontra a liberdade e pode prosperar livremente em toda a região.

A liberdade, contudo, nos traz desafios bastante atuais, mas que, dada a contemporaneidade de Pessach, também ocorreram naquele tempo. Menachem Mendel, o Rabino de Kotzk, dizia que em um dia os israelitas deixaram o Egito, mas levou quarenta anos para que o Egito deixasse os israelitas. Isso porque, assim como vemos hoje, a liberdade nos traz dilemas. É preciso sabedoria para que ela seja pacífica e respeitosa. Já naquela época, regozijando dos ares da liberdade, eram comuns enfrentamentos entre os mesmos. E vemos, ainda hoje, como isso se repete.

Por isso, nesse Pessach tão desafiador, mais uma vez durante as restrições que nos impõem a pandemia, devemos refletir sobre o quão caro nos é a liberdade do nosso povo, mas também de toda a sociedade. A liberdade que acolhe e não reprime.”

Hebraica – Mais um sêder na pandemia

Floriano Pesaro, sociólogo

Este ano devemos nos juntarmos, mais uma vez, virtualmente para um Seder. Quando estávamos em abril de 2020 no seio de nossas famílias para aquele Pessach jamais imaginávamos que, um ano depois, estaríamos forçados a mostrar resiliência frente aos inúmeros desafios que nos impõem a pandemia do novo coronavírus.

Uma vez nesta situação, devemos nos ater, com ainda mais afinco, às lições de Pessach. A fé, a perseverança, a busca pela justiça e, em especial, a resiliência já nos tornou um povo livre, de modo que, agora não será diferente.

Judeus em todo o mundo se preparam suas casas para mais um ano de celebração de Pessach junto aos seus familiares mais próximos. Mais uma vez, de nós, será exigida a resiliência que, curiosamente, marca toda a história do nosso povo.

Estaremos separados e as comemorações serão, novamente, bem diferentes daquelas que estamos acostumados.

É verdade que com as vacinas contra o vírus, estamos próximos de encerrar esse triste capítulo da história da humanidade, mas, ainda nele, podemos, e devemos, nos ater aos ensinamentos de Pessach para sairmos dessa pandemia melhores e mais fieis ao nosso espírito de povo que vence com coragem e fé.

Coragem, fé e resiliência frente às adversidades sempre foram, desde a nossa libertação dos egípcios, uma virtude do nosso povo. É fundamental rememorarmos a história para aprendermos com os erros e trilharmos o futuro. Moisés, que crescera juntos aos egípcios, ao saber de sua origem e da perseguição implacável ao seu povo encheu-se de coragem e deixou para trás toda a estrutura que lhe havia sido oferecida. Sem os seus e, principalmente, sem a liberdade dos seus, não havia paz nem justiça para Moisés.

E quantas demonstrações de sacrifícios em nome da coletividade tivemos que dar, e ainda temos enquanto não vacinados? Mudamos nossas rotinas e nossos encontros. Deixamos de dar o afago próximo e o abraço apertado na família. Alguns tiveram que interromper seus negócios e enfrentar sérias consequências. E, tivemos – e agora novamente – que apreciar nosso Seder de Pessach separados, mais uma vez. Tudo em prol da vida. Um sacrifício coletivo que busca guardar a vida e a liberdade.

Pessach também, e principalmente, nos ensina sobre fé. Quando a Moisés foi dado o recado de que os hebreus fizessem o sacrifício do cordeiro e marcassem suas portas, nosso povo se cobriu de fé e assim o fez, ainda que pouco lhes haviam explicado. Ali foi a fé que lhes guiou. A mesma fé que os guiou com Moisés pelo Mar Vermelho enquanto os egípcios os perseguiam visando retomar sua escravidão.

Nos tempos atuais com tanta informação – e também desinformação – sabemos muito, mas ainda nos encontramos com o coração cheio de desconfianças. Se de um lado as vacinas em tempo recorde, graças a ciência, nos parecem bençãos que provam o valor da vida, por outro ainda nos afligem as consequências sociais, econômicas e de saúde de todo o período da pandemia. O remédio para tanta incerteza e apreensão que sentimos é a fé. A certeza de que, no próximo ano, estaremos reunidos presencialmente com nossos familiares em torno do Seder. Orgulhosos pelos desafios que vencemos como coletividade.

Separados mais uma vez neste ano, devemos manter em nossa mente, de todas as lições de Pessach, em especial, o enfrentamento corajoso à adversidade e a resiliência do nosso povo nos momentos ainda difíceis.

Seremos livres, então.”

Tribuna: Israel está domando e matando o vírus

Ao ler o título desse artigo, é possível que alguns o questionem a partir de exemplos mais atrasados que o Brasil no processo de vacinação contra a Covid-19.De saída, adianto que busco nos comparar com bons exemplos, como de Israel, o país líder na velocidade da vacinação contra a Covid-19.

Fato é que apesar de termos um sistema de saúde estruturado e financiado federativamente, não só não desenvolvemos a tempo qualquer imunizante nacional, como descobrimos que nem sequer fabricamos os insumos básicos para uma vacina.

E pior, seja por falta de comando nacional ou por negacionismo científico, desperdiçamos ofertas de laboratórios e nos colocamos propositadamente no fim da fila mundial pelo imunizante.

Ainda que para alguns a pressa pelo processo de imunização e, agora, a preocupação quanto à rapidez com que se dá esse processo seja fruto de uma ansiedade, ou até motivada por interesses político partidários, é preciso ressaltarmos que vacina não tem ideologia.

Impressiona termos que pontuar com essa pureza a importância da vacinação mesmo após 117 anos da Revolta da Vacina.

Imunizar a população contra este vírus, ou qualquer outro, tem um mosaico de benefícios. O primeiro deles é a preservação da vida, bem maior que todos nós zelamos.

Em seguida constatamos: a retomada da economia, a garantia da liberdade e o respeito à vida do próximo.

Israel está dando um exemplo mundial na imunização contra a Covid-19 e demonstrando ter claro para si, apesar das diferentes colorações político-ideológicas, a importância de vacinar seu povo. A partir de um planejamento bastante prévio e um contato insistente com os laboratórios Pfizer/Biontech e Moderna Inc., Israel garantiu doses mais que suficientes para imunizar toda a sua população e antes de todos os outros países.

Ainda em junho de 2020, o governo israelense fechou acordos com ambos os laboratórios garantindo suas doses e, é claro, pagando o preço dessa preferência.

Mas, por que a pressa? A resposta veio em estudo publicado ainda no final de janeiro: a quantidade de internações por casos graves da Covid-19 diminuiu em 60%. Estamos falando de vidas que foram salvas por conta dessa celeridade. É importante dizer também que diminuindo a hospitalização, os israelenses estão economizando muito mais do que o ágio que supostamente pagaram em virtude da preferência na fila mundial da vacinação.

É verdade que Israel também goza de outros fatores naturais que possibilita uma maior agilidade na vacinação, como o tamanho do território e da população, mas também não foi deixado de lado o controle do espalhamento do vírus.

Com forte controle fronteiriço e medidas duras de quarentena e restrição de circulação, Israel diminuiu sua taxa de contaminação do vírus para baixo de 1, o que significa que cada pessoa contaminada transmite para menos de uma pessoa. Saindo do mundo matemático, na prática, os israelenses domaram o vírus e o estão matando.

Esclarecida a importância da imunização, parece explicar, ao menos em parte, o nosso atraso no processo de imunização o fato do SUS não ter sido capaz de responder ao desafio apropriadamente, tanto em termos de disponibilização do imunizante quanto em capilaridade de distribuição.

Basta lembrarmos alguns fatores: se não fossem as tratativas precoces, tais como fez o governo israelenses, entre o Governo de São Paulo, por meio do Instituto Butantan, e o laboratório chinês Sinovac, estaríamos agora com bem menos brasileiros imunizados. E a fabricação da vacina da Sinovac no Butantan, infelizmente, nada teve a ver com o SUS, como alguns quiseram fazer parecer. Poderia ter sido, mas a verdade é que foi uma tratativa tecno-política, onde o Butantan tem o importante papel de produzir a vacina já desenvolvida.

É evidente que não se trata de criticar o SUS, o exemplo de sistema de saúde público do mundo, fundamental para garantir a cidadania dos brasileiros. Não há como imaginar o Brasil sem o SUS. É importante lembrar, inclusive, que tudo se relaciona ao SUS e todos usamos o sistema. Você, caro leitor, ao abrir a torneira da sua casa e beber água, está usando o Sistema Único de Saúde.

O ponto é, portanto, criticar a crescente falta de investimento na ciência e precarização na gestão do SUS, seja por inépcia, incompetência ou ideologia. Se na década de 90 o Brasil produzia 50% dos insumos para imunizar sua população, hoje produzimos apenas 5%.

Portanto, retornando ao título deste artigo, a vacinação está lenta no Brasil porque há anos o investimento na ciência brasileira é pífio e não é capaz de nos garantir nem autossuficiência na imunização, quanto menos proporcionar inovação fruto de pesquisa e desenvolvimento.

Também está lenta porque o SUS está com a governança comprometida, haja vista sua grave falha nas tratativas que não nos garantiram os imunizantes disponíveis no mercado no tempo hábil.

Agora cabe a nós, brasileiros, cobrarmos de todas as autoridades públicas, independente das preferências ideológicas, a mais rápida disponibilização e distribuição dos imunizantes – seja qual for, uma vez que todos são comprovadamente eficazes e seguros -, esperarmos que as variantes causadas pelas persistentes aglomerações não superem as vacinas e, depois desse pesadelo, garantirmos o financiamento apropriado para a ciência brasileira.”