Tribuna – O sistema eleitoral israelense e o papel do Parlamento

Floriano Pesaro, sociólogo.

Em ano eleitoral, somos instados a exercermos um dos direitos mais salutares de um cidadão que vive num país livre e democrático: escolher seus representantes e, a partir deles, defender qual é a agenda, as prioridades, que deve ser colocada em prática para os próximos anos. No entanto, no afã das eleições, fora dos círculos da ciência política, nos esquecemos de refletir sobre o sistema eleitoral e nossa forma de organização política e social. Afinal, com nossa jovem – e ameaçada – democracia, nosso sistema faz sentido?

Nos últimos anos, no debate público brasileiro, ouviu-se falar sobre debates em torno do modelo eleitoral: “distritão”, distrital, distrital misto, “lista fechada”. Uma série de alternativas pouco familiares ao público em geral que, embora possam ser, ou não, virtuosas, se dão por meio do debate essencialmente de interesse partidário: custos de campanha, fortalecimento das legendas e redefinição de forças locais.

Meritórios questionamentos, indubitavelmente, mas que, além de passarem longe da compreensão do grande público, se furtam a discutir o sistema político brasileiro e como ele dialoga com a expectativa da população com a nossa democracia.

Israel nos traz um bom exemplo: vivendo num sistema parlamentarista – onde o Congresso eleito escolhe o presidente sob regras legais e, ou, de costumes, os israelenses tentaram por três vezes – 1996, 1999 e 2001 – realizar eleições diretas ao cargo de primeiro-ministro, o equivalente ao presidente da República no Brasil, e não foram bem sucedidas.

Isso porque, embora alçado ao posto máximo da república com a legitimidade de milhões de votos, o primeiro-ministro devia fazer um governo que dialogasse com o conjunto da sociedade e não apenas com aqueles que o elegeram, assim como deve ser um governo democrático. Tal objetivo passa, necessariamente, pela convivência e ajustes com os parlamentares no Congresso Nacional, ou “Knesset” em Israel.

Foi nesse ponto que os israelenses abandonaram a votação direta para primeiro-ministro: seu cargo não tinha sido investido pelo conjunto da sociedade, que seja pelos representantes dela – ou seja, o Knesset – mas, sim, pela maioria que o escolheu, de modo que, a arquitetura partidária para a formação de um governo era tão fragmentada e incompatível entre si, executivo e legislativo, que era quase impossível de ser equacionada.

Não se trata de defender puramente um sistema parlamentarista, mas de um convite à reflexão: é comum ouvir uma reclamação de que o anseio popular do grupo majoritário que levou determinado candidato a ganhar o cargo de presidente da República não é atendido, uma vez que o Congresso Nacional, ou seja, os representantes do conjunto da sociedade, não compartilha da mesma agenda. Seria uma das soluções que o mandatário emergisse, portanto, desses representantes igualmente legitimados pelo voto popular? Há de se pensar.

Hoje, na Câmara dos Deputados, há um grupo de trabalho pensando nesse realinhamento futuro, que nos parece ser necessário de algum modo após a cooptação do orçamento público em virtude de um Executivo de pouca habilidade política, com bases no semipresidencialismo, uma alternativa que mantem a figura do presidente e do primeiro-ministro buscando dar a ambos um papel relevante no equilíbrio democrático.

Não há resposta certa às indagações desse texto e, certamente, elas ramificam uma série de discussões sob uma miríade de nuances, inclusive pode-se questionar se o sistema israelense é tão bom assim, afinal, nos últimos dois anos foram quatro eleições buscando formar um consenso. O que se tem, no entanto, é que pensar caminhos criativos para uma democracia mais saudável e representativa – sem nunca dela usurpar a legitimidade.

Estadão – Tem uma geração inteira jogada nas ruas

Criança abandonada na rua é uma das situações mais abomináveis com a qual uma sociedade pode consentir. Hoje, São Paulo está impavidamente assistindo centenas de crianças e adolescentes abandonados nas avenidas, praças e ruas da capital paulista evadidos da escola, praticando furtos, se envolvendo e sendo envolvidos em atos de violência e perturbação.

Com vínculos familiares e comunitários rompidos, paulistanos encontram no metrô e nas avenidas uma realidade ainda mais dura do que a já lamentável situação da população em situação de rua, porque uma criança de dez anos praticando atos de violência ao relento da sociedade é a materialização do futuro sendo destruído no presente, diante dos nossos olhos.

Esse é um chamado urgente de uma situação que não pode mais aguardar. Urge chamar à responsabilidade todos as instâncias do Estado de Direito para que cesse tamanha violação, não só a Constituição Federal, mas, especificamente, ao Estatuto da Criança e do Adolescente – e à humanidade, em seu limite.

Gestores públicos estaduais e municipais – especialmente da área da assistência social, da saúde e da habitação, promotores públicos, agentes do Judiciário e conselheiros tutelares é passada a hora de estabelecer uma força-tarefa que responda a essa situação de urgência social.

É verdade que o serviço social faz seu trabalho preconizado e tipificado no Sistema Único de Assistência Social, o SUAS, mesmo com inúmeras dificuldades do ponto de vista das precariedades do financiamento de uma política pública não vinculativa, mas isso não basta diante das situações atuais que se colocam com uma grave crise econômica seguida do maior período de escolas fechadas durante a pandemia em todo o mundo.

Isso é possível de ser feito, já foi feito e com sucesso: 3 mil crianças tiradas dos semáforos da capital paulista. Implementando o Programa São Paulo Protege, quando tive a honra de ocupar o cargo de secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social nos governos dos ex-prefeitos José Serra e Gilberto Kassab, tínhamos três princípios: a intersetorialidade, a interinstitucionalidade e a interdisciplinaridade.

A partir da intersetorialidade, entendemos a pobreza e a vulnerabilidade social como um problema multidimensional que não é resolvido imediatamente e nem por apenas uma política pública, todas têm que priorizar o atendimento a diferentes programas e serviços que mudem o destino da criança e de quem vive ao seu lado.

Por meio da interinstitucionalidade, chamamos para a mesa todos os sistemas de defesa de direitos que compõem a estrutura estatal. Cada um com seu papel, mas com foco na tolerância zero com criança abandonada na rua. Criança não nasce nas calçadas, se não tem mãe e pai presentes, certamente tem uma avó, uma tia ou um primo a quem lhe dar guarida e uma última esperança de reconexão com a sociedade.

Por fim, a interdisciplinaridade chama a Academia para perto, é preciso ouvir quem estuda e se dedica, por vezes por toda uma vida, à proteção da criança e do adolescente. Política pública de gabinete nunca foi efetiva sem conhecer a rua, as organizações sociais que fazem a política na ponta e as universidades.

Hoje o desafio é maior e o componente da violência mais presente: vulneráveis, as crianças são aliciadas e expostas à promoção da violência através de furtos com requintes de crueldade, incluindo espancamentos de pessoas por grupos em vias públicas.

As consequências da exposição e promoção de crianças nesse tipo de ação criminal, certamente, tendem a se verificar durante toda a vida. É o divórcio social desse jovem cidadão com a cidade e com a cidadania.

É possível recuperar, se não todas, boa parte dessas crianças que hoje usam da violência para se fazerem vistas nas esquinas da Avenida Paulista. Isso não deve ser transformado num mero compromisso de ano eleitoral, esse é um compromisso geracional, ético e civilizatório. Salvem nossas crianças, salve nosso futuro.”

*Floriano Pesaro, sociólogo

Tribuna – Os ataques em Israel e a ‘desconcertação’ do mundo

Floriano Pesaro, sociólogo.

Israel está em alerta e, como deve ser, toda nossa comunidade deve estar. Até o momento que esse texto foi escrito, três atentados terroristas, em cidades no centro de Israel, mataram onze civis israelenses a tiros e facadas. Sabemos que a proximidade do Ramadã costuma trazer agitação aos extremistas que rogam o fim do Estado de Israel, mas parece que, dessa vez, há falta de relação entre os casos e ausência de autoria, o que nos exige ainda mais atenção.

As cidades de Bnei Brak e Ramat Gan, assim como todo o território israelense, não presenciava, desde a última intifada – há quase 20 anos, uma quantidade de baixas de civis tão expressiva e violenta como a que se teve até agora. Pessoas abrindo fogo nas ruas indiscriminadamente levando morte e pavor a toda à população.

Não se trata, no entanto, de fazermos um paralelo entre o fenômeno passado e os ataques atuais que se assemelham muito mais aos chamados “lobos solitários”, como ficaram conhecidos, especialmente nos Estados Unidos, terroristas que agem sozinhos, sem orientações ou apoio, mas guiados por ideias de grupos extremistas e por agitadores em redes sociais.

É nesse sentido que nossa atenção deve estar voltada: a propagação de ideias extremistas, que ganha força em redes sociais pautadas em fake news e, principalmente, na ausência total de regulação dos meios digitais – alcança a superfície quando encontra sujeitos indecentes do ponto de vista moral e socialmente excluídos que resolvem levar o ódio e o extremismo das redes para a vida real.

É urgente, também, que chamemos a comunidade internacional a condenar os ataques a civis, seja a forma de execução que tiveram.

Pudemos ver o quanto a pressão da sociedade civil e das empresas pode fazer no caso do massacre russo na Ucrânia e, ainda nesse sentido, como o silêncio de países árabes vizinhos a Israel – inclusive alguns dos quais se dispuseram recentemente ao diálogo diplomático – pesa como uma silenciosa legitimação aos ataques.

O maior risco a Israel, hoje, é que a sequência de atos terroristas motive, como uma praga, ainda mais ações que levem pânico ao país enquanto assistimos uma falsa e cínica evasão de parte da sociedade civil que tenta normalizar o assassinato de civis por questões políticas e ideológicas. Terrorismo deve ser condenado não importa contra quem quer que seja – a vida de civis, homens, mulheres e crianças devem ser protegidas.

É verdade que líderes árabes israelenses, e até o líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, se manifestaram contrários e condenaram os ataques, mas é preciso que, também a comunidade árabe, se manifeste em peso condenando o terrorismo nas ruas de Israel para que não se tenha nenhuma sombra de estímulo a novas ações.

Enquanto essas condenações públicas ocuparam jornais, doces eram entregues nas ruas de Gaza numa celebração macabra dos ataques por grupos jihadistas – justamente o tipo de atitude que pode suscitar a promoção de novos ataques.

Não há motivo, ainda, para o pânico, mas, como sempre, de elevada atenção e alerta, principalmente em Israel – além da necessidade que se cobre a condenação mundial desses ataques.

Apesar de não apresentarem, até o momento, uma motivação ou correlação únicas, há que se observar o desenrolar internacional de alguns episódios: neste mesma Tribuna venho alertando sobre os efeitos globais que vêm sendo sentidos – e que podem escalar – desde a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão e, ainda antes, quando o ex-presidente americano, Donald Trump, passa a se voltar quase que exclusivamente para assuntos internos.

Esse movimento americano é acompanhado de uma Europa preocupada em manter seu nível de welfare state enquanto assiste a uma contínua e, ainda sem solução, crise de refugiados – agravada agora com o conflito na Ucrânia. Ou seja, a concertação de potências que podem responder à altura de autoritários, ditaduras e grupos terroristas vem batendo em retirada e assistindo – vide Afeganistão e Ucrânia – esses elementos avançarem com ameaças, invasões e tomadas de poder.

Nesse sentido, é preciso atenção redobrada em lugares como Taiwan, Israel e Coreia do Sul, principalmente, mas em todo o globo quando esse aparente recuo do regime internacional pode promover a desordem e o extremismo num mundo interconectado e desregulado, onde a barbárie é travestida de liberdade.”

Hebraica – A Hebraica, o Pessach e a liberdade

Floriano Pesaro, sociólogo.

Mais uma vez, estamos reunidos em festa para celebrar a passagem de Pessach, tão simbólica para nosso povo. Essa celebração é a própria representação da luta pela liberdade de ser quem o é e de viver da forma que melhor convir. A liberdade do ser, no entanto, requer – considerando que, ainda hoje, o mundo não é harmonioso como desejamos – um lugar seguro, como uma casa, onde todas e todos são bem-vindos. E essa nossa casa, é a Hebraica.

Pessach chega, neste ano, conosco cada vez mais livres do mal pandêmico que nos cometeu – cada vez mais nos sentimos livres dos necessários, mas cansativos, cuidados e restrições que a pandemia nos impôs. Que Hashem permita que tenham ficado definitivamente para trás.

É nesse contexto que retornamos ao nosso querido clube, à casa de todos nós, que é a Hebraica. O clube tem, pelo menos, dois papéis objetivos do ponto de vista social: a possibilidade do encontro seguro e harmonioso e a manutenção da cultura e dos costumes do nosso povo com a prática diária do Ledor Vador.

O primeiro papel é exercido com competência e dedicação pelas centenas de funcionários e pela dezena de diretores e conselheiros que prestam tempo de suas vidas à dedicação pela comunidade, aqui os represento na figura do presidente Fernando Rosenthal. É notável, nas celebrações de Pessach que teremos pelo clube, a qualidade dos serviços prestados e das instalações mostrando o compromisso com a comunidade.

Já o outro papel da Hebraica é sagrado e está ligado ao exercício diário de uma mitzvá que é a manutenção e a transmissão dos preceitos judaicos através das diferentes gerações no tempo. Seja na sinagoga, ou na prática das danças israelenses, ou mesmo agora, celebrando o Pessach, a Hebraica cumpre fielmente seu papel em manter viva a nossa comunidade através dos ensinamentos e da nossa tão rica História.

De geração em geração, a Hebraica, cumpridora de seu papel comunitário, nos faz sentir, a cada dia, o prazer e as responsabilidades da liberdade, de modo que dela, como nos ensina a passagem de Pessach, nunca devemos nos afastar ou abrir mão.

Não se trata da liberdade indiscriminada, que falsos profetas, aqui ou ali advogam. Liberdade para odiar e para machucar o outro não é a liberdade de Pessach, nós sabemos bem disso. Pessach nos traduz a a passagem da escravidão para a vida plena em direitos, tanto de existir, quanto de coexistir com os diferentes.

Que este sêder de Pessach, encorajem nossos corações a lutarem por uma sociedade mais justa, humana, democrática e livre.

Chag Pessach Sameach!

Hebraica – Purim, Ledor Vador e a Hebraica

“Purim, Ledor Vador e a Hebraica
Floriano Pesaro, sociólogo.

Com a vacinação alcançando a quase todos nós, estamos nos sentindo mais seguros neste ano para comemorar o Purim, por mais um ano, na nossa Hebraica.

Mais do que a fundamental preservação dos costumes e festividades do nosso povo, o momento revela duas importantes sinalizações do clube: a celebração da vida e da vitória sobre aqueles que tentam nos subjulgar e a preservar e transmitir nossas tradições de geração em geração.

Este último nos é ensinado pelos nossos rabinos como o princípio do Ledor Vador, que seja, em resumo, a transmissão da nossa cultura e conhecimentos de geração em geração. Trata-se de uma mitzvá, um ato de boa ação, uma orientação dos escritos sagrados, sobre a qual a Hebraica tem fundamental papel, especialmente, para nossa comunidade judaica paulista.

Dessa forma, anualmente – mesmo durante a pandemia da Covid-19, quando ocorreu online – o clube abre suas portas para uma programação cheia de história, cultura e, claro, comemoração durante a festa de Purim. As atividades são pensadas para todas as idades e integram gerações.

Afinal, a vitória do povo judeu sob a rainha Esther se deu com o suor e sacrifício de todos e, portanto, assim deve ser também a comemoração.

Purim é celebrada anualmente em 14 de Adar e, de forma resumida, marca a vitória do povo judeu no antigo reino da Pérsia, quando se tentou eliminar todos os judeus em um único dia por ordem de um primeiro ministro antissemita.

Antes mesmo da sensibilidade da rainha Esther em persuadir o rei Achashverosh da ordem antissemita e genocida, Mordechai, primo da rainha e líder dos judeus, organizara a resistência e preparava-se para a luta por seu povo e rezar por suas vidas.

No entanto, Esther pediu, então, ao rei que recebesse a ela e Mordechai num jantar, onde, corajosamente, a rainha revelou sua origem judaica. O resultado, então, foi o enforcamento do primeiro ministro antissemita, Haman, e a nomeação de Mordechai em seu lugar com a ordem de que os judeus poderiam reunir-se e defender-se daqueles que os ameaçassem.

Então, em 14 de Adar, um dia após a data em que o primeiro ministro tentara aniquilar o povo judeu, houve celebração e descanso para homens, mulheres e crianças judias que queriam viver em paz.

Como toda a passagem da história judaica, o Purim é cheio de significados e mensagens as quais, com as orientações rabínicas, devemos estar atentos. Além disso, o Purim traz mitsvot específicas como a leitura da Meguilá, presentear as pessoas em situação de vulnerabilidade, enviar alimentos como presente e participar de uma refeição festiva – como faz a Hebraica.

Unidos na luta e na celebração, idosos, adultos, jovens e crianças, seremos uma comunidade cada vez mais forte e próspera.”

Olhem para cima: o neonazismo está atuando no Brasil


Floriano Pesaro, sociólogo.

Nesse mesmo espaço abordei, nas duas últimas edições da TRIBUNA, dois riscos internacionais a Israel e a comunidade judaica, de maneira geral: a complacência da comunidade internacional com a crescente capacidade nuclear do Irã e a instabilidade na Ucrânia que ameaça a geopolítica internacional e desafia a influência das potências ocidentais no mundo. No entanto, as ameaças que nos sondam não se encontram apenas em outras águas, há um inequívoco crescimento do antissemitismo e de células neonazistas aqui mesmo no nosso país e, a isso, não estamos dando a atenção devida.

Recentemente, reunimo-nos na Congregação Israelita Paulista para lembrarmos a memória das vítimas do Holocausto, e lá constatamos que o clima era de preocupação. No campo internacional, o Irã – que declaradamente defende a “extinção” de Israel e, portanto, dos judeus, como bem lembrou Mario Fleck em seu irretocável discurso – avançando seu poderio nuclear sob o olhar inerte da comunidade internacional, hoje o governo tirano e autoritário iraniano é a maior ameaça a Eretz Israel.

Já no campo nacional, o presidente da Confederação Israelita do Brasil, Claudio Lottenberg, foi preciso quando chamou atenção para o assunto que quero tratar mais detalhadamente nesse espaço: o aumento de casos de antissemitismo e neonazismo na web brasileira, mas que, por vezes, tem cruzado as fronteiras digitais e se manifestado na realidade.

Desde 2019, pesquisadores sobre os temas do antissemitismo e do neonazismo têm alertado que, especialmente nos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, estão sendo identificados, em crescente número, grupos extremistas e denunciados crimes de apologia ao nazismo e compartilhamento na web de conteúdos antissemitas, racistas e LGBTfóbicos.

Segundo a pesquisadora, Adriana Dias, que acompanha esses grupos desde 2002, hoje há no Brasil 530 grupos extremistas ligados ao culto do ideário criminoso do nazismo e do antissemitismo, o que poderia envolver até 10 mil pessoas. Bastaria apenas uma para que fosse inaceitável que os inomináveis horrores do Holocausto fossem celebrados sobre a memória do povo judaico e de outras populações assassinadas pelos nazistas.

Ocorre que, apesar do trabalho das autoridades policiais brasileiras em coibir e desmantelar esses agrupamentos criminosos, seu mecanismo ocorre de forma sorrateira e recheada de códigos propositadamente utilizados para que não se identifique a prática neonazista.

Tão inertes quanto à comunidade internacional frente aos iranianos, estamos assistindo um crescimento de 270%, entre 2019 e 2021, no número desses núcleos no Brasil, com particular incidência nos estados do sul brasileiro.

Também foi a partir de 2019 que a Polícia Federal passou a registrar um aumento expressivo nas denúncias de apologia ao nazismo: em 2018, a média estava em quatro casos a cada ano, já em 2021 um novo inquérito sobre apologia ao regime de Hitler é aberto a cada três minutos no Brasil.

É fundamental que enfrentemos essa situação de frente sem tergiverses, inclusive indo a fundo, sem desonestidade ou paixões políticas, nas razões pelas quais esse crescimento criminoso está ocorrendo, especificamente, a partir de 2019 e, especialmente, nos estados do Sul do Brasil.

De acordo com a autora do livro “Criminalização da Negação do Holocausto no Direito Penal Brasileiro”, Milena Gordon Baker, o genocídio e os regimes de exceção e extermínio começam, exatamente, com pequenos agrupamentos que atuam de maneira sútil e codificada. A partir daí, tomam força os preconceitos generalizados que terminam por contaminar as esferas públicas e judiciais caçando direitos, quando menos se espera, das populações que são alvos.

Não é possível, no entanto, sermos levianos ao ponto de inferirmos uma ligação direta entre a ascensão de um segmento nacional-conservador, cujas linhas se assemelham ao fascismo, fomentado e cujo apoio dá base social ao fenômeno do qual faz parte o atual presidente da República. No entanto, pesquisadores têm levantado que há coincidências que merecem atenção.

Seja a exaltação dos símbolos nacionais, a prática do negacionismo – seja ele científico ou histórico, até mesmo pela banalização do nazismo enquanto episódio único na História ao tentar classificá-lo no espectro político -, a postura autoritária ou mesmo as constantes ameaças de ruptura com a ordem democrática fazem parte desse arsenal de coincidências entre a corrente política que encontrou sucesso em 2018 e as velhas conhecidas práticas do fascismo europeu.

Há quem diga, e esse ponto é mais preocupante, que a instituição governamental, vitoriosa no bojo desse processo, serve como impulsionadora desse movimento semelhante ao fascismo que vem se disseminando no Brasil. Não por querer, deliberadamente, promover o crescimento de grupos extremistas, mas por ver neles, essencialmente, agentes construtores de uma base eleitoral.

Nesse sentido, pesquisadores costumam lembrar de episódios em que essas coincidências saíram da retórica e se tornaram prática, coincidentemente, nos anos de recrudescimento de grupos neonazistas no Brasil. Mais distante do atual momento, o simulacro de discurso do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, feito pelo então secretário especial de Cultura do Ministério do Turismo.

Em seguida, houve uma saudação, assemelhada à nazista, feita por militares paraquedistas reformados, presencialmente, ao presidente da República, que, por sua vez, não a reprimi. Houve também o gesto feito pelo, ainda hoje, assessor internacional da Presidência da República, tido em investigação da própria Polícia Legislativa como um código de grupos supremacistas brancos dos EUA.

Por fim, a neta do ministro das Finanças de Hitler, Lutz Graf Schwer, cujo partido é conhecido por suas posições extremadas e simpáticas ao antissemitismo, foi recebida com largo sorriso no Palácio do Planalto também pelo atual presidente brasileiro.

A despeito das coincidências apresentadas pelos pesquisadores, temos que enfrentar que existem semelhanças e sinergias entre as trajetórias crescentes de um conservadorismo nacional com facetas fascistas e a proliferação de grupos extremistas e neonazistas pelo país. E, seja qual for a causa, isso deve ser enfrentado já e de peito aberto não só pela honra daqueles que se foram na Shoá, mas por toda a humanidade. Para que nunca mais se repita com ninguém.

Hebraica – Juventude não se reprime, se aproxima

“Juventude não se reprime, se aproxima
Floriano Pesaro, sociólogo.


A juventude é fundamental para a oxigenação das relações sociais e a renovação do pensamento crítico que fundamental, em grande parte, a perpetuação da nossa espécie por toda a História. O inconformismo e a vitalidade são da natureza dos jovens. Nesse sentido, a Hebraica, por meio do nosso presidente, Fernando Rosenthal e de toda a diretoria, acerta ao mirar o “Ledor Vador” e atrair os jovens para nosso convívio diário.


Sobre a juventude, lembro-me da convivência de Rebe com os jovens hippies da década de 1960. À época, a comunidade judaica tradicional, especialmente americana, vinha se preocupando sobre as críticas e a pouca atenção dos jovens aos ensinamentos da Torá e a inobservância das mitsvot.


Consultado, Rebe foi na contramão daqueles que pretendiam usar a autoridade para reprimir a juventude judaica que propunha senso crítico ao que se tinha como tradicional, ele, um dos maiores líderes judaicos de todos os tempos, resolveu se aproximar da juventude e deixar com que falassem, que fossem ouvidos.


Rebe viu no inconformismo e aparente rebeldia dos jovens da época, a oportunidade da redescoberta dos valores judaicos a partir do ponto de vista que a juventude trazia – que, por sua vez, não era vista pelos mais velhos, mas estava em sintonia com aqueles tempos.


Interessado nas motivações daqueles jovens, viu que os objetivos da geração de 60 eram a paz, a fraternidade e o amor. Ora, não havia, portanto, incongruência com os princípios da Torá, pelo contrário.


Desta feita, Rebe entendeu que a revolta e o inconformismo dos jovens, num determinado momento, se encontrariam, ainda que de formas diferentes das mais tradicionais da época, dentro das parashot e no profundo significado das mitsvot.


Estar em meio aos jovens e tê-los em nossos centros comunitários, como a Hebraica, é, dessa forma, fundamental, como nos conta a História do nosso povo, em duas pontas: possibilita que revisitemos costumes e abordagens para que espelhem os novos tempos – característica fundamental para a sobrevivência das civilizações – e faz com que as novas gerações se sintam, de suas formas contemporâneas, parte da comunidade judaica e vejam suas vidas refletidas nos ensinamentos da Torá.


A operação para que se alcance tal objetivo é, antes de tudo, trazê-los, presencialmente – graças ao avanço da vacinação no momento atual, ao nosso convívio e estabelecer trocas entre eles e, também, entre diferentes gerações, todos temos a aprender uns com os outros. Afinal, são nossos laços e relações que fazem da nossa comunidade forte e atenta aos aconteceres do mundo.


Há, ainda, que nos lembrarmos que estamos voltando de um período de isolamento que, dadas as diferenças socioeconômicas e psicológicas, afetaram profundamente as famílias e cada um de nós. O sofrimento da perda também acompanhou centenas de milhares de famílias nesse período de luta da humanidade pela vida.


Ainda não vencemos totalmente essa guerra, mas já podemos celebrar nossos reencontros e é fundamental que neles estejam presentes nossos jovens – que contarão esse desafiador episódio e passarão às próximas gerações os aprendizados que tivemos. “

Estadão – Por que insistimos em pedir que não se banalizem o nazismo e o holocausto?

“No longínquo abril de 2019, Natalia Pasternak, que posteriormente ficaria conhecida como uma das mais renomadas cientistas no combate à Covid-19, e eu escrevemos sobre os perigos das narrativas em torno do nazismo e do Holocausto.


Eis que defronte a inúmeras necessidades do pós-pandemia, o Brasil se vê diante de uma defesa estapafúrdia da institucionalização de um partido que defenda o nazismo.


O ato criminoso foi sucedido por um gesto de cunho nazista transmitido ao vivo em uma rede de TV. Se não fosse bizarro o bastante, a discussão sem sentido que se seguiu ligava o nazismo ao comunismo.


Esse show de crimes, horrores e narrativas farsantes é a prova da razão pela qual a comunidade judaica está correta quando recomenda, todos os anos, que não deturpem e banalizem o nazismo e o Holocausto. Há, no entanto, que se reconhecer que esse processo de banalização é propositadamente fomentado diante de um inconteste adubo brasileiro que é a má qualidade educacional ao longo da vida – e que não necessariamente tem a ver com a renda e o status social.


Existe um inequívoco crescimento do antissemitismo no Brasil, que também é fruto desse processo. Desde 2019, estamos presenciando uma explosão de células neonazistas espalhadas pelo país – crescimento de 270%, especialmente, concentradas nos estados do sul. Segundo a pesquisadora, Adriana Dias, que acompanha esses grupos desde 2002, hoje há no Brasil 530 grupos extremistas ligados ao culto do ideário criminoso do nazismo e do antissemitismo, o que poderia envolver até 10 mil pessoas.


Esse perigo é real e vem crescendo na esteira de manifestações fascistas, totalitaristas e nacionalistas que encontraram, de alguma forma, eco em parte da sociedade brasileira que se viu atendida por uma linha política baseada no preconceito generalizada e no negacionismo, ingredientes fundamentais para o fascismo e que também compuseram o caldeirão nefasto do nazismo.


Isso posto, a comunidade judaica, em todos os anos de lembrança da Shoá, vem a público relembrar que o Holocausto foi um fenômeno único de horror e aniquilação, bem como foi o nazismo um sistema de perseguição, desumanização e assassinato incomparáveis, uma vez que possuía como premissa a superioridade de uma etnia e o extermínio de outras consideradas inferiores.


É verdade que outros regimes, como o stalinismo – este que se construíra a partir da base ideológica do comunismo – cometeu atrocidades, perseguições e assassinatos em massa, no entanto – apesar de pessoalmente discordar do sistema – é intelectualmente desonesto e perigoso dizer que comunismo e nazismo são equivalentes, porque não o são.


A clareza no trato desse tema, e em sua diferenciação, é fundamental, justamente para que a banalização não jogue a discussão em tal lugar comum que a memória das vítimas do Holocausto e do nazismo ao invés de servir ao propósito de educar e garantir que horrores similares nunca mais se repitam, acabem servindo para instrumentalizar debates políticos.


Não há liberdade de expressão possível que advogue pela eliminação de outro ser humano pelo seu credo, raça, orientação sexual, gênero ou qualquer outra distinção que possa existir. Portanto, um partido que advogue, como premissa, a superioridade de uma raça humana é, tão somente, criminoso e nunca poderia ser encarado como um conjunto de pessoas que comungam de uma ideologia política.


Seja qual for a causa que levou o nazismo e o Holocausto a estarem entre os temas mais falados nas redes sociais brasileiras, nós, comunidade judaica e todos os cidadãos, temos que enfrentar a discussão de peito aberto, não só pela honra daqueles que se foram na Shoá, mas por toda a humanidade.
Como disse a especialista de educação na temática do Holocausto, Karina Iguelka, em webinar do Instituto Brasil-Israel: “O que a gente herdou dos sobreviventes é a responsabilidade de seguir uma ética humana que foi totalmente corrompida em Auschwitz. (…) A gente herdou o dever de não ser cúmplice da desumanização e de nenhum genocídio (…) e de gritar quando a gente vê a banalização da Shoá.”


*Floriano Pesaro, sociólogo”


https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/por-que-insistimos-em-pedir-que-nao-se-banalizem-o-nazismo-e-o-holocausto/?utm_source=estadao:app&utm_medium=noticia:compartilhamento

Tribuna – Ocidente volta a ser ameaçado com Ucrânia

Floriano Pesaro, sociólogo.

No último artigo que escrevi neste honroso espaço abordei sobre o desenvolvimento nuclear iraniano que voltou a ser posto em prática sob os olhares incautos dos países ocidentais, em especial, dos EUA.

Nesse mesmo sentido, também está em curso, uma negociação fundamental para a estabilidade política internacional envolvendo Rússia, EUA, União Europeia e OTAN sobre as ameaças russas de invasão ao território ucraniano.


O conjunto desses episódios apontam para uma onda de ameaças à hegemonia ocidental, sob égide dos EUA e da União Europeia, principalmente, após a polêmica saída dos americanos do Afeganistão. E, por isso, Israel deve estar em alerta.


Após a conturbada e polêmica saída dos EUA da maior guerra de sua história no território afegão, o mundo, em especial aqueles históricos adversários geopolíticos dos americanos, viram a sinalização de uma potência que busca evitar envolver seus recursos em conflitos externos.


Passo seguinte, cientes da posição americana no campo internacional, as partes adversárias às posições dos EUA em uma série de conflitos passaram a colocar-se em situação limite de negociação.


Exemplo disso, como falamos no último artigo, foi o Irã que passou a exigir o levantamento de todas as sanções internacionais a que é submetido para que reinicie as tratativas sobre seu programa nuclear em patamares anteriores – que, segundo especialistas, já representaria um potencial nuclear perigoso para a região, em especial, Israel.


Os EUA agora, após a saída do tratado durante o Governo Trump, e a comunidade internacional enfrentam dificuldades para convencer Teerã a rever sua produção.


Mais recentemente, é a Rússia que testa os limites da diplomacia americana com a movimentação de tropas em suas fronteiras com a Ucrânia e, nas últimas semanas, com o Cazaquistão – que enfrenta movimento de protestos parecido com o que levou a um governo pró-Ocidente ucraniano, que nunca fora bem aceito pelo Kremlin.


Mostrando ser capaz de invadir, de fato, o território ucraniano e estabelecer em Kiev um governo análogo ao Kremlin, Putin forçou que OTAN, EUA e União Europeia sentassem à mesa para discutir o levantamento de sanções internacionais que vigoram contra a Rússia desde a anexação russa da Criméia – duramente criticada e não reconhecida pelos países ocidentais.


Paralelamente, a Rússia se aproxima cada vez mais da China numa conveniência antiamericanista para neutralizar qualquer reação da OTAN às movimentações russas ou às investidas chinesas para sufocar os intentos democráticos em Hong Kong.


Forma-se, portanto, algo semelhante a uma interdependência de reações caso os americanos e europeus atuem para coibir as posturas agressivas iranianas, russas e chinesas em cada um dos conflitos.


Da parte israelense cabe, como de costume, bastante atenção. É sabido que Israel só pode contar consigo mesmo para defender seu povo e seu território – e, por isso, o faz com excelência – mas, a premissa de uma reação americana, e ocidental de uma maneira geral, a uma hostilidade estatal contra o território israelense tem peso relevante na estabilidade regional.


Nesse sentido, é importante que Israel alerte o mundo para as consequências da política não intervencionista, que ganhou força durante o Governo Trump, especialmente, nas negociações de conflitos internacionais. Imbuído do espírito da realpolitik sabe-se que deve-se negociar, mas sem chegar à mesa despido de outras opções.



Hebraica – Israel, mais uma vez, cooperando com o futuro

“Israel, mais uma vez, cooperando com o futuro
Floriano Pesaro, sociólogo.

Embora, especialmente no Brasil, ainda resista algum grau de ruído em torno da emergência climática que já é realidade no mundo, hoje há certo consenso de que o mundo precisa repensar suas fontes de energia – até aqui baseadas, especialmente, na indústria do carvão, do gás natural e da extração de petróleo. E o que levou o mundo a perceber isso não foram discursos ou pesquisas que apontavam, há anos, os riscos, mas efeitos reais de pequenas variações de temperatura, para mais ou menos. Enquanto alguns hesitam, em Israel a mudança já começou.


52,4% das emissões de carbono na atmosfera, este gás que auxilia a fazer uma camada que prende o calor dos raios solares em nosso planeta, foram emitidas nos últimos 30 anos – esse dado dá a dimensão da velocidade predatória ao meio ambiente com o qual o mundo, especialmente os países ricos, se desenvolveram até esse ponto da História. O complemento desse dado é ainda mais objetivo: 86% das emissões de carbono vêm da queima de combustíveis fósseis para a produção de energia e materiais.


O risco que está sobre a mesa dos líderes globais – e de toda a humanidade – é igualmente simples e de fácil entendimento: no ritmo que o mundo está lançando carbono na atmosfera, a temperatura média da Terra nesse século aumentará entre 1,5ºC a 2ºC.


Parece pouco, mas não é. Você mesmo já deve ter percebido, cara leitora e caro leitor, o quão esquisito estão as temperaturas, as épocas do ano outrora tão bem delineadas e marcadas pelos fenômenos climáticos. Hoje, chove em época seca, faz frio em pleno verão e calor em pleno inverno. Não é só aqui, não é por acaso e pode piorar se os países não agirem. Veja os EUA, enfrentando tornados em pleno inverno no hemisfério norte!


Israel se atentou ao que leva à produção desses gases tóxicos, a queima de combustíveis fósseis e a busca por gás natural. Ainda que seja muito pouco responsável pela grande emissão dos chamados gases estufa comparado a países como EUA, China e Brasil, os israelenses já se comprometeram a fazer sua parte pelo mundo, como de costume.


Nessa semana, a ministra de Energia, Karin Elharrar, anunciou que o país deixa, por dois anos, seus planos de exploração de gás natural e focará esforços na busca por fontes de energia renováveis, como a geração solar.

Nesse sentido, houve a assinatura de acordo entre Israel e a Jordânia para a construção de uma planta de geração de energia solar com o compromisso de exportação de 600 megawatts aos israelenses.


Vale lembrar que a história de Israel é cheia de adversidades desde antes de sua concepção enquanto Estado nacional e, por isso, não é de se estranhar que seja uma das primeiras nações a marchar de maneira firme em busca da transição limpa para sua matriz energética. Afinal, cientistas e líderes globais sabem que a trincheira do desenvolvimento humano nesse século será a luta para conter as mudanças climáticas.


No Brasil, por nossa vez, temos sortes naturais e azares por nós produzidos. Nossa sorte é que somos donos de uma das maiores reservas naturais responsáveis pela harmonização e regulação do clima, a Floresta Amazônica. Esses “rios voadores” formados pela umidade da floresta são responsáveis pela climatização de todo o subcontinente.


Fossem os israelenses por aqui, provavelmente, a fiscalização sobre as atividades que respondem por um risco ao mundo, mas também ao nosso próprio país – vide a alteração na frequência das chuvas que afeta em cheio nossa matriz energética – seria implacável sobre as atividades ilegais, como o desmatamento e as queimadas. Que ainda possamos ver nossas autoridades e nossa sociedade, alertas ao futuro de todos nós.”