Hebraica – Juventude não se reprime, se aproxima

“Juventude não se reprime, se aproxima
Floriano Pesaro, sociólogo.


A juventude é fundamental para a oxigenação das relações sociais e a renovação do pensamento crítico que fundamental, em grande parte, a perpetuação da nossa espécie por toda a História. O inconformismo e a vitalidade são da natureza dos jovens. Nesse sentido, a Hebraica, por meio do nosso presidente, Fernando Rosenthal e de toda a diretoria, acerta ao mirar o “Ledor Vador” e atrair os jovens para nosso convívio diário.


Sobre a juventude, lembro-me da convivência de Rebe com os jovens hippies da década de 1960. À época, a comunidade judaica tradicional, especialmente americana, vinha se preocupando sobre as críticas e a pouca atenção dos jovens aos ensinamentos da Torá e a inobservância das mitsvot.


Consultado, Rebe foi na contramão daqueles que pretendiam usar a autoridade para reprimir a juventude judaica que propunha senso crítico ao que se tinha como tradicional, ele, um dos maiores líderes judaicos de todos os tempos, resolveu se aproximar da juventude e deixar com que falassem, que fossem ouvidos.


Rebe viu no inconformismo e aparente rebeldia dos jovens da época, a oportunidade da redescoberta dos valores judaicos a partir do ponto de vista que a juventude trazia – que, por sua vez, não era vista pelos mais velhos, mas estava em sintonia com aqueles tempos.


Interessado nas motivações daqueles jovens, viu que os objetivos da geração de 60 eram a paz, a fraternidade e o amor. Ora, não havia, portanto, incongruência com os princípios da Torá, pelo contrário.


Desta feita, Rebe entendeu que a revolta e o inconformismo dos jovens, num determinado momento, se encontrariam, ainda que de formas diferentes das mais tradicionais da época, dentro das parashot e no profundo significado das mitsvot.


Estar em meio aos jovens e tê-los em nossos centros comunitários, como a Hebraica, é, dessa forma, fundamental, como nos conta a História do nosso povo, em duas pontas: possibilita que revisitemos costumes e abordagens para que espelhem os novos tempos – característica fundamental para a sobrevivência das civilizações – e faz com que as novas gerações se sintam, de suas formas contemporâneas, parte da comunidade judaica e vejam suas vidas refletidas nos ensinamentos da Torá.


A operação para que se alcance tal objetivo é, antes de tudo, trazê-los, presencialmente – graças ao avanço da vacinação no momento atual, ao nosso convívio e estabelecer trocas entre eles e, também, entre diferentes gerações, todos temos a aprender uns com os outros. Afinal, são nossos laços e relações que fazem da nossa comunidade forte e atenta aos aconteceres do mundo.


Há, ainda, que nos lembrarmos que estamos voltando de um período de isolamento que, dadas as diferenças socioeconômicas e psicológicas, afetaram profundamente as famílias e cada um de nós. O sofrimento da perda também acompanhou centenas de milhares de famílias nesse período de luta da humanidade pela vida.


Ainda não vencemos totalmente essa guerra, mas já podemos celebrar nossos reencontros e é fundamental que neles estejam presentes nossos jovens – que contarão esse desafiador episódio e passarão às próximas gerações os aprendizados que tivemos. “