Hebraica – Israel, mais uma vez, cooperando com o futuro

“Israel, mais uma vez, cooperando com o futuro
Floriano Pesaro, sociólogo.

Embora, especialmente no Brasil, ainda resista algum grau de ruído em torno da emergência climática que já é realidade no mundo, hoje há certo consenso de que o mundo precisa repensar suas fontes de energia – até aqui baseadas, especialmente, na indústria do carvão, do gás natural e da extração de petróleo. E o que levou o mundo a perceber isso não foram discursos ou pesquisas que apontavam, há anos, os riscos, mas efeitos reais de pequenas variações de temperatura, para mais ou menos. Enquanto alguns hesitam, em Israel a mudança já começou.


52,4% das emissões de carbono na atmosfera, este gás que auxilia a fazer uma camada que prende o calor dos raios solares em nosso planeta, foram emitidas nos últimos 30 anos – esse dado dá a dimensão da velocidade predatória ao meio ambiente com o qual o mundo, especialmente os países ricos, se desenvolveram até esse ponto da História. O complemento desse dado é ainda mais objetivo: 86% das emissões de carbono vêm da queima de combustíveis fósseis para a produção de energia e materiais.


O risco que está sobre a mesa dos líderes globais – e de toda a humanidade – é igualmente simples e de fácil entendimento: no ritmo que o mundo está lançando carbono na atmosfera, a temperatura média da Terra nesse século aumentará entre 1,5ºC a 2ºC.


Parece pouco, mas não é. Você mesmo já deve ter percebido, cara leitora e caro leitor, o quão esquisito estão as temperaturas, as épocas do ano outrora tão bem delineadas e marcadas pelos fenômenos climáticos. Hoje, chove em época seca, faz frio em pleno verão e calor em pleno inverno. Não é só aqui, não é por acaso e pode piorar se os países não agirem. Veja os EUA, enfrentando tornados em pleno inverno no hemisfério norte!


Israel se atentou ao que leva à produção desses gases tóxicos, a queima de combustíveis fósseis e a busca por gás natural. Ainda que seja muito pouco responsável pela grande emissão dos chamados gases estufa comparado a países como EUA, China e Brasil, os israelenses já se comprometeram a fazer sua parte pelo mundo, como de costume.


Nessa semana, a ministra de Energia, Karin Elharrar, anunciou que o país deixa, por dois anos, seus planos de exploração de gás natural e focará esforços na busca por fontes de energia renováveis, como a geração solar.

Nesse sentido, houve a assinatura de acordo entre Israel e a Jordânia para a construção de uma planta de geração de energia solar com o compromisso de exportação de 600 megawatts aos israelenses.


Vale lembrar que a história de Israel é cheia de adversidades desde antes de sua concepção enquanto Estado nacional e, por isso, não é de se estranhar que seja uma das primeiras nações a marchar de maneira firme em busca da transição limpa para sua matriz energética. Afinal, cientistas e líderes globais sabem que a trincheira do desenvolvimento humano nesse século será a luta para conter as mudanças climáticas.


No Brasil, por nossa vez, temos sortes naturais e azares por nós produzidos. Nossa sorte é que somos donos de uma das maiores reservas naturais responsáveis pela harmonização e regulação do clima, a Floresta Amazônica. Esses “rios voadores” formados pela umidade da floresta são responsáveis pela climatização de todo o subcontinente.


Fossem os israelenses por aqui, provavelmente, a fiscalização sobre as atividades que respondem por um risco ao mundo, mas também ao nosso próprio país – vide a alteração na frequência das chuvas que afeta em cheio nossa matriz energética – seria implacável sobre as atividades ilegais, como o desmatamento e as queimadas. Que ainda possamos ver nossas autoridades e nossa sociedade, alertas ao futuro de todos nós.”