Você conhece as olimpíadas dos judeus? – Hebraica 695

Você conhece as olímpiadas dos judeus? Leia meu mais novo artigo na Revista do Clube Hebraica SP.

“Entre julho e agosto deste ano teremos mais uma edição dos Jogos Olímpicos de Verão, desta vez, nós, brasileiros, passaremos a tocha para os japoneses que sediarão a Tóquio 2020. Mais do que nunca, num momento de tensões regionais e mundiais acirradas, o esporte ressurge como uma ferramenta para promoção da paz e da convivência harmoniosa por meio da competição tolerante, saudável e amistosa. Mas, você sabia que existem jogos olímpicos judaicos e que eles são o terceiro maior evento esportivo do mundo?

Desde 1952, Israel participa dos Jogos Olímpicos tendo somado neste período nove medalhas (uma de ouro, uma de prata e sete de bronze) e períodos marcantes como o ouro de Gal Fridman na Vela em Atenas no ano de 2004 e como o atentado de 1972 que matou 11 dos atletas de Israel em Munique. Apesar de toda a dedicação israelense aos jogos – onde neste ano prometem enviar o número recorde de 85 atletas para a Tóquio 2020, Israel protagoniza outro evento esportivo, mais conhecido da comunidade, e de proporções gigantescas.

Desde 1932, as Macabíadas reúnem milhares de pessoas em Israel e são reconhecidos pelo Comitê Olímpico Internacional reconhecidos como o terceiro maior evento esportivo do mundo com 10 mil atletas, depois das Olímpiadas e da Copa do Mundo da FIFA. Mais comumente chamadas por Olímpiadas Judaicas, as Macabíadas acontecem a cada quatro anos em Israel e os critérios para participação nos jogos se dão de duas formas: ele é aberto para atletas judeus de todo o mundo – na última edição, em 2017, participaram atletas judeus de 85 países (incluindo 500 brasileiros) – e atletas israelenses de qualquer religião.

No Brasil, embora sua grandeza, as Macabíadas ainda não gozam de tanto conhecimento como sua irmã global, mesmo que o Brasil – muitos deles atletas do Clube A Hebraica – levem o país a boas posições no campeonato, como o Bruno Pekelman que conquistou um ouro inédito na Esgrima e o Guilherme Minakawa que se tornou tricampeão macabeu no Judô. Em que pese, na última edição, a participação do sócio Ronald Lima tenha trazido holofotes da mídia merecidamente para nossa delegação.

A participação brasileira nas Macabíadas é organizada pela Confederação Brasileira Macabi sediada no Clube A Hebraica e conta com 18 clubes associados que, desde 1953, representam o Brasil na competição judaica internacional.
Agora que já conhecemos sobre o campeonato, você sabe o porquê dele ter esse nome? Macabíadas remete à vitória dos Macabeus e seu exército contra os helênicos que queriam impor seu estilo de vida ao povo de Israel na Judéia e à celebração da Festa de Chanucá após os gregos defenestrarem o óleo sagrado, restando apenas um que durou 8 dias. Yehuda e seus irmãos Macabeus eram descritos pelo general grego Bacchides como “mais fortes que os leões, mais leves que as águias e mais rápidos que os ursos”. Tinha-se, então, um exemplo de superação, garra e determinação em defesa da liberdade que resultou na retirada dos gregos.

Por isso, o campeonato macabeu é símbolo de força, resiliência e liberdade em honra a Yehuda e seus irmãos. Enquanto a próxima edição do campeonato judaico não chega – será em 2021 – nos preparamos para assistir mais uma edição dos Jogos Olímpicos de Verão em terras nipônicas onde torcemos para que tanto Brasil, como Israel façam bonito no esporte, na civilidade e na cooperação entre os povos sempre em busca da paz.

Floriano Pesaro, sociólogo”