ROSH HASHANÁ, ÉPOCA DE ESPERANÇA

Artigo na edição 337 do jornal Tribuna Judaica
Artigo na edição 337 do jornal Tribuna Judaica

ROSH HASHANÁ, ÉPOCA DE ESPERANÇA

Nosso mundo parece doente. Enfrentamos épocas difíceis. Na África, a fome e a doença assolam seus habitantes e os diversos povos enfrentam grandes batalhas tribais, que causam a morte violenta de homens, mulheres e crianças. Países se dividem em facções inimigas que se dizimam mutuamente. A seca impede a terra de frutificar e alimentar seus filhos. Hordas de pessoas tentam escapar deste destino de desesperança buscando asilo em terras mais amenas.

A Ásia passa por um momento na história em que as guerras tomam conta dos países. A Síria está devastada com seu presidente tentando manter o poder à custa de centenas de milhares de mortes. No Afeganistão, a guerra dura desde depois do ataque de 11 de Setembro de 2011. A guerra do Iraque estende seus tentáculos para o Curdistão, Irã e chega às portas da Turquia. O Iêmen sofre com sua guerra civil entre os Houtis e as forças governamentais. O Estado Islâmico insanamente mata qualquer um que não obedeça ao sistema de leis da sharia.

A América Latina vive um momento complicado de falência econômica e convive com um populismo bolivariano que cisma em distribuir a pobreza, ao invés de pensar em investir em infraestrutura que tire o continente do patamar secundário no protagonismo mundial.

A Europa nunca viu uma onda de imigração tão avassaladora. Suas fronteiras são testemunhas de milhares e milhares de desabrigados buscando uma chance melhor para suas vidas. Os países desenvolvidos, assustados, fecham suas portas e não sabem bem como acomodar estes imigrantes ilegais. Também uma nova onda de fascismo impregna a Velha Senhora, tornando difícil a vida para judeus, muçulmanos, indianos e todos que não sejam da raça considerada pelos racistas como superior.

Os Estados Unidos, com sua cultura de violência, assistem explosões raciais do negro oprimido questionando sua condição social e vive uma série de atentados insanos perpetrados por elementos armados que saem atirando e matando inocentes em escolas e shopping centers.

E, finalmente Israel, que vive sempre à espera de um novo ataque de seus vizinhos ou de uma incursão terrorista. O caminho da paz parece cada vez mais escorregadio por falta de interlocutores comprometidos com o bem estar dos povos palestino e israelense.

Diante de quadro tão pessimista, o judaísmo, nesta época de Rosh Hashaná, traz a mensagem de esperança e vida.

Desde sempre, a fé dos hebreus nos estimula a escolher a vida. É esta escolha pela vida que nos permite ver um horizonte mais ameno.

A partir de uma honesta constatação dos erros do passado, buscamos o futuro melhor, o futuro de quem acredita no ato de viver e espalhar a justiça.

Quando tocamos o shofar, nesta data tão primordial para nossa religião, estamos realizando esta mitzvá, pelo meio singelo e único do sopro da vida, sem mesmo a necessidade de palavras.

Quando rezamos Untaneh Tokef, embora imaginemos um destino já selado, aprendemos que a opção pela vida, por uma vida dedicada a ações de justiça social, nós poderemos reverter esta sina tão negativa.

Em Rosh Hashaná, nos damos conta da nova oportunidade de escrever o roteiro do mundo, de uma forma que nos permita modificar condições tão adversas.

 

Portanto, que nos seja permitido abordar este Rosh Hashaná com um sentido verdadeiro de solidariedade humana. Que possamos mostrar ao mundo, pelo modo que celebramos nossa fé, que Deus deve ser encontrado na opção pela vida.

 

Shaná Tová U Metuká.

 

Floriano Pesaro

Secretário de Estado de Desenvolvimento Social

Deputado Federal