Crianças com dislexia precisam de acompanhamento nas escolas

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Com o tema “Há resposta exitosa para a dislexia”, a Câmara Municipal de São Paulo recebeu a terceira edição do simpósio em comemoração ao Dia Municipal da Pessoa com Dislexia.

“Este evento é de suma importância, pois é a ocasião em que nos mobilizamos e nos organizamos para apresentar propostas efetivas para a transformação que tanto almejamos na inclusão”, disse Floriano Pesaro, que incluiu no calendário de eventos da cidade, o Dia Municipal da Pessoa com Dislexia (19 de setembro).

Implantação de políticas públicas, a visão médica atual, comparação com outros cenários mundiais, educação e empregabilidade foram os assuntos debatidos durante o evento.

Em comparação com países europeus, o Brasil ainda precisa avançar muito. Na Itália, por exemplo, docentes acompanham os alunos com transtorno de aprendizagem em todos os seus níveis educacionais. Já o Reino Unido adotou o modelo “Special Education”, em que pedagogos, fonoaudiólogos e outros especialistas atuam em conjunto dentro da sala de aula.

“As nossas crianças não têm assistência. O ideal seria que, no primeiro ano escolar, elas tivessem o acompanhamento de educadores treinados para que eles identificassem as dificuldades que elas apresentam, assim como acontece na Itália e no Reino Unido”, destacou Simone Aparecida Capellini, doutora em Ciências Médicas.

 

Identificar corretamente a deficiência é importante para que o professor saiba como lidar com o aluno. Rafael Silva, doutor em Intervenção Psicológica, falou sobre as emoções e a aprendizagem, e explicou os estágios emocionais pelos quais as crianças com dislexia podem passar.

“Inicialmente elas sentem vergonha e culpa, depois vem a falta de confiança e a baixa auto-estima e elas ainda podem ficar frustradas e com raiva. Há o estágio de ansiedade e medo e, por fim, a depressão e o desânimo também podem aparecer”, explicou Silva.

Alguns destes sintomas foram sentidos por André Piro, 14 anos, que deu seu depoimento por meio de um vídeo apresentado no seminário.

O adolescente disse que na escola sentia medo dos professores. “Cada vez que um professor gritava comigo, eu tinha vontade de sair correndo, de chorar, de gritar. Eu não tinha preguiça, só não entendia o que eles diziam, eu não sabia o que era juntar as letrinhas”.

Depois do diagnóstico de dislexia, André começou a fazer exercícios que o ajudaram no aprendizado e hoje ele consegue acompanhar os colegas na sala de aula.

Para Cintia Piro, mãe do garoto, “o vídeo é o relato mais sincero de como uma criança com dislexia vê o mundo e é também uma forma de ajudar educadores a trabalhar na sala de aula”.