Floriano participa de feiras têxteis em NY pela ApexBrasil

“Floriano Pesaro visitou as feiras Première Vision e Lineapelle

Entre os dias 18 e 20 de julho, o Diretor de Gestão Corporativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Floriano Pesaro, conduziu intensa agenda, em Nova York, para a promoção das exportações e dos investimentos brasileiros.

Representando o presidente da Agência, Jorge Viana, reuniu-se com o cônsul do Brasil em Nova Yorque, Adalnio Ganem, e com sua equipe, numa conversa sobre uma extensa agenda propositiva de intercâmbios comerciais entre Brasil e Estados Unidos com eventos previstos para o ano todo, onde a participação da ApexBrasil é tratada como prioridade

Ainda na terça-feira, o Diretor compareceu à Première Vision New York, uma das maiores feiras no campo da moda e da indústria têxtil, com a participação de empresas brasileiras participantes do Texbrasil, projeto da ApexBrasil com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT). 

A Abit e a ApexBrasil trabalham, desde 2000, na realização conjunta do Texbrasil, Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira, que cobre toda a cadeia têxtil, além de vestuário, cama, mesa e banho e tecidos técnicos. Nesses 23 anos, o programa já atendeu mais de 1,8 mil empresas, por meio da realização de mais de 7 mil ações, como participação em feiras internacionais, eventos com compradores qualificados, showrooms, capacitação, estudos de mercado, rodadas de negócios e ações de posicionamento de imagem do setor. 

Nesse período de cooperação Abit-ApexBrasil, as empresas apoiadas pelo projeto exportaram mais de US$ 9,7 bilhões, o que revela também a força e a importância do setor para economia brasileira. Em 2021, cadeia têxtil brasileira faturou R$ 190 bilhões em produção, o que equivale a 19,5% do total de trabalhadores alocados na produção industrial e 6,0% do valor total da produção da indústria brasileira de transformação.  O número de empresas e empregados do setor também é significativo, gerando 1,34 milhão de empregados formais em 2021.

Os Estados Unidos são um dos mercados prioritários do Texbrasil, selecionado por meio da metodologia da Inteligência de Mercados da ApexBrasil, razão pela qual o programa apoiou empresas a participar da Première Vision New York. 

Na quarta-feira, dia 20 de julho, a agenda da ApexBrasil em Nova York, conduzida por seu Diretor de Gestão Corporativa, teve continuidade com a participação na feira Lineapelle, a qual se constitui como o principal evento do setor de couros no mercado americano. Os Estados Unidos são o segundo maior destino de exportações do projeto Brazilian Leather, fruto de cooperação entre a ApexBrasil e o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).  Nessa edição da Lineapelle NY, participaram 25 empresas apoiadas pelo projeto. 

Na oportunidade, Floriano Pesaro conversou com os 25 expositores brasileiros e coletou suas impressões sobre a importância que tem o trabalho da ApexBrasil para a promoção comercial do setor, que vem avançando em soluções sustentáveis, como o tecido tipo couro proveniente de folhas da Amazônia.

O convênio entre o CICB e a ApexBrasil existe desde 2000. Com essa contínua parceria, as exportações de couro brasileiras mudaram de padrão, prevalecendo atualmente produtos de maior valor agregado (couros acabados e semiacabados), enquanto, à época do primeiro projeto, mais da metade das exportações eram couro wet blue. O projeto também favoreceu o aumento do número de exportadoras: foram 78 em 2022, contra 63 em 2014. 

Assim como o têxtil, o setor de couros é tradicional na economia brasileira. Na atualidade, este é composto por 214 empresas, localizadas principalmente nos estados de RS (76), SP (38), MG (24) e PR (23). A maior parte das empresas, 41,6%, é de pequeno porte, outras 33,6% de médio porte, 19,6% microempresas e 5,1% eram empresas de grande porte. A base empresarial conta com um grande número de empresas de caráter e estrutura familiar, com ampla tradição e reconhecimento dos clientes em todos os mercados. Mais recentemente, ingressaram grandes grupos industriais advindos dos frigoríficos, que estão organizados para atender às grandes marcas internacionais, principalmente do setor automotivo.

Desde 2000, ano do primeiro projeto setorial, houve mudanças significativas na indústria de couros e peles nacional. O rebanho bovino brasileiro era de aproximadamente 170 milhões de cabeças naquele ano, com abate de 33 milhões anual. Hoje está em mais de 220 milhões de cabeças, com abate acima de 40 milhões por ano, tornando o Brasil dono do maior rebanho comercial do mundo. Isso mostra como o setor curtidor nacional investiu na agregação de valor e produziu maior quantidade de couros acabados.

Em 2022, o Brasil exportou ao todo US$ 1,32 bilhão de couros para o mundo. As empresas do projeto Brazilian Leather, por sua vez, exportaram US$ 1,16 bilhão, ou seja, o projeto representou 91% das exportações brasileiras do setor.

A agenda do Diretor encerrou-se com o encontro com os dirigentes da Brasil-USA Chamber of Commerce, no qual conversou sobre a sinergia entre as ações de ambas as organizações e pediu apoio à promoção e divulgação do Brasil Investment Forum (BIF), evento fruto de cooperação entre o Governo Federal do Brasil, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a ApexBrasil e que congregará investidores e autoridades no dia 07 de novembro, em Brasília.”

Créditos: Coordenação de Comunicação da ApexBrasil

Tribuna – A volta da ameaça nuclear iraniana

Floriano Pesaro, sociólogo.

Enquanto os olhos do mundo continuam voltados à recuperação econômica e às preocupações com novas variantes do coronavírus, há um perigo à espreita que tem chamado atenção, especialmente, da nossa comunidade israelense, sempre atenta à segurança nacional. O acordo – feito entre o Irã, os EUA e as grandes potências europeias – que visava a contenção do altamente suspeito programa nuclear iraniano fez água com a saída norte-americana do contento em 2015 e, desde então, o Irã vem aproveitando o hiato diplomático para avançar na tecnologia que ameaça Israel e o mundo.

O alerta veio em uma entrevista do ex-chefe do setor de inteligência da IDF (Israel Defense Forces, ou Forças Israelenses de Defesa), Amos Yadlin, que apontou que, no meio tempo diplomático – desde que os EUA deixaram o acordo nuclear em 2015 sob a administração Trump, o governo iraniano tornou a produção nuclear em suas plantas mais eficiente, de modo que o retorno às condições postas pelas potências europeias e pelos americanos anteriormente já não seriam suficientes. Yadlin foi mais à diante e afirmou que talvez não seja mais possível conter o desenvolvimento nuclear iraniano, já que “conhecimento não se destrói”.

O alerta do antigo responsável por um dos setores de inteligência militar mais capacitados do mundo fez coro a relatos públicos das últimas semanas de diplomatas europeus e americanos sobre a postura do Irã nas negociações para a retomada do acordo e o alívio, especialmente, das sanções americanas sobre o governo iraniano.

O que tem se percebido no ambiente diplomático é que o Irã emerge com uma postura demasiadamente inflexível exigindo que os americanos levantem todas as sanções antes que os iranianos atendam a quaisquer pedidos de revisão de seu programa nuclear – sobre o qual continuam a alegar ter fins pacíficos, da mesma forma que alegam não apoiar grupos terroristas contrários à existência de Israel. Ambas alegações sabidamente falsas pelos militares da inteligência israelense.

Essa postura, ainda de acordo com Yadlin, é fruto do processo de aprendizado e melhoria da efetividade da produção nuclear iraniana que pode, inclusive, já ter chegado a um nível de tecnologia capaz de fabricar uma bomba nuclear em suas centrífugas nucleares mesmo sob as condições de operação impostas no acordo nuclear que se findou em 2015.

As preocupações são reais e, pelo menos por enquanto, não ganharam a atenção devida na mídia internacional, mas devem acontecer já que, apesar das pesadas sanções da comunidade internacional, o Irã parece arredio sobre qualquer revisão em seu programa nuclear. O que pode ser um blefe, pode também ser uma sinalização de que o Irã já não pretende mais negociar nesse campo.

Nesse sentido, o atual ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, disse que pode estar chegando o momento em que Israel não tenha outra alternativa senão agir – por óbvio, o comandante da IDF se refere à atuação militar. Não seria estranho se a extremamente capacitada e moderna inteligência de Israel já soubesse a localização das plantas nucleares estratégicas iranianas e pudessem neutralizá-las, mas sabe-se que a pressão internacional sobre uma ação unilateral sempre é pesada e tende à reprovação, ainda mais quando preventiva.

Ocorre que, assim como ponderou o ministro Gantz na mídia recentemente, o Estado de Israel não é obrigado a coordenar sua autodefesa com nenhuma parte do mundo.

Até porque, sabemos nós todos, que, no final do dia, quem faz fronteira com plantas nucleares potencialmente ativas e capazes de um potencial destrutivo avassalador é Israel e que, provavelmente, nenhuma das grandes potências envolvidas nas negociações teria a paciência e o zelo pela diplomacia que os israelenses estão tendo nos últimos anos, caso fossem eles a estarem sentados num barril de pólvora ameaçando seus territórios e suas sociedades.

Torcemos, portanto, pela saída diplomática o quanto antes que, sempre foi e sempre será, o melhor caminho para a paz.

Estadão – O 11 de setembro da democracia

“As cenas da invasão das dependências do Congresso estadunidense protagonizada por apoiadores extremistas do Presidente Donald Trump já garantiram seus lugares nos livros de História de todo o mundo.

As ameaças às democracias liberais que já vínhamos detectando em países emergentes – seja de forma explícita, como golpes militares, ou por meio de manobras institucionais, bem delineadas no livro “Como Morrem as Democracias” – concretizaram-se, agora, em solo americano, no berço da democracia liberal, um ataque real, concreto, sem precedentes ao processo democrático. Se fossemos nós sociólogos, estudiosos, ou ainda cidadãos interessados em política de qualquer outra parte do mundo, estaríamos ansiosos com os desdobramentos a vir dessa situação inédita.

Contudo, como brasileiros atentos ao processo político e democrático, pode ser que estejamos, além de ansiosos, provavelmente estejamos aflitos e – por que não? – preocupados.

É verdade que nesse início de 2021 com a pandemia do novo coronavírus ensaiando superar os macabros números alcançados no ano passado e sem perspectivas quanto a um plano nacional de imunização, parece deslocado qualquer debate sobre democracia e eleições.

Além de domar a doença, esse ano guarda, ao menos, outros três grandes desafios aos brasileiros: retomar o controle fiscal, domar a crise socioeconômica que se avizinha com a perda da renda e do emprego e, por fim, impedir o avanço de uma política de desregulamentação ambiental que deve causar rusgas ainda mais graves para nossa imagem no comércio internacional.

Tudo isso sob os auspícios de um governo que parece ver o país “quebrado” e não saber bem, qual rumo dar a esse grande, e complexa, embarcação chamada Brasil.

Essa preocupação é legítima e advém dos inúmeros casos de tentações autoritárias que temos assistidos desde 2018 sob forte chuva de novas de repúdios das maiores autoridades nacionais.

O enredo brasileiro, infelizmente sobre um mal auspício, é bastante similar àquele que levou os EUA a assistirem senadores e deputados acuados nos porões do Capitólio.

Temos um presidente que questiona regularmente o sistema eleitoral sem apresentar uma única prova, ou algum fato que se aproxime disso. Nesse ponto, note que lá a votação se dá em cédulas e aqui por meio de urnas eletrônicas, mas a estratégia de desacreditar o pilar fundamental da democracia é o mesmo.

Temos por aqui, também, a arregimentação e a formação de um grupo político que, apesar de diferentes matizes, se formou numa base bastante extremista – impulsionada pelas redes sociais – onde cabe pouca opinião fora dos dizeres do capitão. Fenômeno já conhecido dos sociólogos e cientistas políticos no desenvolvimento do fascismo na Europa.

Também padecemos, talvez mais gravemente do que os estadunidenses, de um descrédito com a política que atingiu seu ápice com os protestos de 2013 e que, até agora, continua sendo negligenciado pelos políticos e pelos partidos tradicionais.

Não é exagero se ao dormirmos nesses próximos dois anos, tenhamos pesadelos com uma reedição nacional das cenas terroristas no Congresso americano. Temos uma vantagem, contudo: ainda há tempo.

É preciso radicalizar a democracia e tratar extremistas que atentam contra o sistema democrático como o são.

Não podemos aceitar falsas alegações sobre o sistema eleitoral sem que sejam apresentadas provas.

Politicamente, uma das saídas é a construção de um centro democrático que preserve as regras do jogo institucional. A eleição para a presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro nos dará uma demonstração da validade desse caminho.

O processo político e social é um caldo que não se forma da noite para o dia e o nosso está em processo de fermentação.”

*Floriano Pesaro, sociólogo

Secretaria de Desenvolvimento Social busca ampliar a inclusão das entidades beneficentes de assistência social, sem fins lucrativos, no Sistema Pró-Social

Número de entidades beneficiadas pela Nota Fiscal Paulista deve crescer.

Secretaria de Desenvolvimento Social aprimora Resolução com o objetivo de atrair mais entidades para o Sistema Pró-Social.

 

São Paulo, 09 de fevereiro de 2015 – A Secretaria de Desenvolvimento Social busca ampliar a inclusão das entidades beneficentes de assistência social, sem fins lucrativos, no Sistema Pró-Social, porta de entrada no programa Nota Fiscal Paulista. “O retorno dos valores do ICMS, por meio da Nota Fiscal e de seus sorteios, tornou-se fundamental para a receita financeira e a realização do trabalho de muitas organizações em todo o Estado”, destaca o secretário de Estado de  Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro. “Queremos possibilitar este benefício a um número maior de entidades”, enfatizou.

De acordo com a Resolução Seds-001/2015 as entidades interessadas devem apresentar todos os documentos necessários para se inscreverem no Sistema Pró-Social, entre eles: comprovante de inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social; cópias do estatuto e da ata de eleição da atual diretoria; entre outros. A partir de agora, a entidade também deverá apresentar, anualmente, o comprovante de atualização de seu cadastro no Conselho Municipal (informações a respeito: www.prosocial.sp.gov.br).

Hoje, 2299 entidades e organizações de assistência social estão cadastradas no Pró-Social. “Com esta nova resolução, acreditamos que outras entidades irão se cadastrar no Pró-Social. E as que já estão inseridas, mas inativas, vão atualizar seus dados e se tornarem aptas para receber todos os benefícios do sistema”, afirma o secretário.

Os inscritos no Sistema se beneficiam com: isenção total do IPVA para todos os veículos registrados em nome da entidade; isenção do imposto de transmissão causa mortes e doações; além de poderem pleitear convênios com o Governo do Estado e emendas parlamentares.

A documentação necessária para entrar no Sistema Pró-Social deve ser entregue na Diretoria Regional de Assistência Social (DRADS). Para encontrar a região pertinente, há o link:http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/portal.php/institucional_drads

Desde a implementação do programa Nota Fiscal Paulista, em 2007, foram liberados cerca de R$ 400 milhões para entidades de assistência social, saúde, educação e proteção dos animais.

Nota Fiscal Paulista

O Programa Nota Fiscal Paulista, criado em 2007 pelo Governo do Estado, devolve até 30% do ICMS efetivamente recolhido pelo estabelecimento a seus consumidores. Ele é um incentivo para que os cidadãos que adquirem mercadorias exijam do estabelecimento comercial o documento fiscal. Os consumidores que informarem o seu CPF ou CNPJ no momento da compra poderão escolher como receber os créditos e ainda concorrerão a prêmios em dinheiro.

Porém, muitos consumidores preferem não informar seu CPF ou CNPJ no ato da compra. Por conta disso, foi criada a modalidade da Nota Fiscal Paulista que beneficia as entidades sociais, redirecionando os recursos previstos do programa. As organizações cadastradas também participam dos sorteios mensais, tanto com as notas geradas em suas compras como com cupons cadastrados em seu nome.

Para ser beneficiada, a entidade precisa estar com seu cadastro ativo no Sistema Pró-Social, da Secretaria de Desenvolvimento Social, e se inscrever no Nota Fiscal Paulista, da Secretaria da Fazenda. Os cupons doados sem o número de CPF ou CNPJ devem ser cadastrados em nome da entidade no período definido pelo programa.

Na outra ponta, o consumidor que preferir não informar seu CPF ou CNPJ pode contribuir com a sociedade ao depositar nas urnas ou encaminhar seus cupons fiscais às entidades sociais de sua preferência.

Departamento de Comunicação SEDS

VEJA SÃO PAULO- Paulistanos de alguns bairros reclamam de falta de água

PAULISTANOS DE ALGUNS BAIRROS RECLAMAM DE FALTA DE ÁGUA

O nível de água no Sistema Cantareira, que abastece 61% dos paulistanos, sofreu mais uma queda e atingiu o preocupante índice de 14,7% de sua reserva (o chamado volume morto) na última terça (5). A situação torna-se mais drástica porque a próxima temporada de chuvas, inicialmente prevista para outubro, só deve chegar em novembro – a estiagem recente é a maior das últimas cinco décadas, segundo estudo da USP.

+ O lado secreto de Moema: novas baladas liberais e a reação dos moradores

Em um panorama tão árido, alguns paulistanos desconfiam da promessa do governo do estado de que não haverá racionamento. Em abril, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) reduziu a pressão da água nos encanamentos em 75% entre zero e 5 horas para minimizar o desperdício com vazamentos, da ordem de 205 milhões de litros por dia. “É uma ação de economia para adequar a rede à nova realidade”, diz o engenheiro Marco Antonio Lopez Barros, superintendente de produção do órgão. A medida fez a capacidade de captação da empresa despencar 27% nesse período, ou 8 500 litros a menos por segundo, volume que seria suficiente para prover 250 000 pessoas por um mês. O resultado prático: a queda na força e na quantidade levou o líquido a desaparecer das torneiras em centenas de residências da capital, sobretudo naquelas mais afastadas dos reservatórios dos bairros ou em regiões elevadas – a Sabesp diz que não consegue quantificar esse número, o que demandaria um mapeamento minucioso rua a rua.

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Para especialistas, trata-se de um racionamento velado: o que acontece hoje é o mesmo que deixar alguns consumidores sem água por 35 horas em uma semana, o correspondente a um dia e meio de seca. “Se diminuiu a quantidade de água que sai do reservatório, não há outra palavra para definir o que está sendo feito”, afirma o professor Antonio Carlos Zuffo, chefe do Departamento de Recursos Hídricos da Unicamp.

+ Cannoli entra no cardápio de várias casas da capital

As mudanças coincidem com o aumento das reclamações contra cortes prolongados, e não informados, justamente no período noturno, em diferentes zonas da capital. Desde o fim de junho, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor(Idec) tem coletado relatos de interrupção no fornecimento. Em pouco mais de um mês, houve 543 reclamações de consumidores, uma média de catorze por dia, número ainda ínfimo se considerado o tamanho da população. Destes, 74% afirmam que a tubulação fica seca durante a noite todos os dias. “O governo deveria ao menos avisar quando vai fechar a água, para que o cidadão possa se planejar”, afirma o gerente técnico da entidade, Carlos Thadeu de Oliveira.

+ Lojas de discos e de roupas diversificam e promovem baladas

Uma de cada quatro dessas queixas vem da Freguesia do Ó, na Zona Norte. Por lá, o problema tira o sono de moradores há dois meses, especialmente em onze ruas e três condomínios de prédios. “Depois das 22 horas, só sai ar dos canos”, diz o empresário Roney Gouveia, que mora em uma casa na Rua Capitão José Amaral. O remanejamento no abastecimento de alguns bairros – do Sistema Cantareira para o Guarapiranga e o Alto Tietê – também está enxugando as torneiras na Praça Roosevelt, no centro.”Não tenho como lavar a maquiagem após as peças, e a plateia não consegue usar o banheiro”, conta o ator Hugo Godinho, que se apresenta em teatros dali.

Lançado no começo do ano, o site Faltou Água () transformou-se em uma espécie de rede social da seca. Reúne mais de 15 000 usuários, com cerca de vinte novos depoimentos por dia. Em julho, 76% dos clientes da Sabesp reduziram o uso de água e economizaram 1 900 litros por segundo.

Na esteira da prática consciente, alguns negócios tiveram prejuízo. “É meu pior movimento dos últimos dez anos”, lamenta o empresário Marco Gambin, dono do lava-rápido Bel Park, nas Perdizes.Por lá, a média de 1 400 carros limpos por mês caiu pela metade. Esse não é o único setor atingido. Uma pesquisa produzida em maio com 413 associados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostrou que a preocupação com o impacto econômico de um racionamento aflige 68% dos empresários. Segundo a entidade, a Agência Nacional de Águas (ANA) alega falta de recursos de abastecimento para negar autorizações a novas empresas: desde janeiro, nenhuma foi concedida no estado. “Se o fornecimento é irregular, a indústria naturalmente diminui sua produção”, diz o diretor do departamento de meio ambiente da Fiesp, Nelson Pereira dos Reis.

Em meio à crise, a Câmara Municipal aprovou na quarta (6) a abertura de uma CPI para investigar a Sabesp. “O contrato não está sendo cumprido”, diz o vereador Laércio Benko (PHS), autor do requerimento. A base aliada ao governo estadual reagiu. “É uma clara ação eleitoreira”, rebate overeador Floriano Pesaro (PSDB).

Tempos áridos

Os principais percalços do consumidor durante a crise hídrica

– Quando o fornecimento é interrompido por algumas horas, a tubulação pode se encher de ar e impedir o escoamento da água: recomenda-se deixar as torneiras e o chuveiro abertos por alguns minutos

-No momento em que a vazão normal retorna aos canos, o ar comprimido forma bolhas, que dão coloração branca (e estranha) à água – no entanto, ela continua potável

-Com a volta da pressão, o atrito no interior de encanamentos enferrujados pode deixar o líquido com uma cor amarelada; o ideal é que ele escorra até que retorne ao aspecto incolor para ser consumido

-O ar que escapa pelas torneiras pode manter o hidrômetro girando; existem no mercado vários modelos de bloqueador que evitam isso