VEJA SÃO PAULO- Paulistanos de alguns bairros reclamam de falta de água

PAULISTANOS DE ALGUNS BAIRROS RECLAMAM DE FALTA DE ÁGUA

O nível de água no Sistema Cantareira, que abastece 61% dos paulistanos, sofreu mais uma queda e atingiu o preocupante índice de 14,7% de sua reserva (o chamado volume morto) na última terça (5). A situação torna-se mais drástica porque a próxima temporada de chuvas, inicialmente prevista para outubro, só deve chegar em novembro – a estiagem recente é a maior das últimas cinco décadas, segundo estudo da USP.

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Em um panorama tão árido, alguns paulistanos desconfiam da promessa do governo do estado de que não haverá racionamento. Em abril, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) reduziu a pressão da água nos encanamentos em 75% entre zero e 5 horas para minimizar o desperdício com vazamentos, da ordem de 205 milhões de litros por dia. “É uma ação de economia para adequar a rede à nova realidade”, diz o engenheiro Marco Antonio Lopez Barros, superintendente de produção do órgão. A medida fez a capacidade de captação da empresa despencar 27% nesse período, ou 8 500 litros a menos por segundo, volume que seria suficiente para prover 250 000 pessoas por um mês. O resultado prático: a queda na força e na quantidade levou o líquido a desaparecer das torneiras em centenas de residências da capital, sobretudo naquelas mais afastadas dos reservatórios dos bairros ou em regiões elevadas – a Sabesp diz que não consegue quantificar esse número, o que demandaria um mapeamento minucioso rua a rua.

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Para especialistas, trata-se de um racionamento velado: o que acontece hoje é o mesmo que deixar alguns consumidores sem água por 35 horas em uma semana, o correspondente a um dia e meio de seca. “Se diminuiu a quantidade de água que sai do reservatório, não há outra palavra para definir o que está sendo feito”, afirma o professor Antonio Carlos Zuffo, chefe do Departamento de Recursos Hídricos da Unicamp.

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As mudanças coincidem com o aumento das reclamações contra cortes prolongados, e não informados, justamente no período noturno, em diferentes zonas da capital. Desde o fim de junho, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor(Idec) tem coletado relatos de interrupção no fornecimento. Em pouco mais de um mês, houve 543 reclamações de consumidores, uma média de catorze por dia, número ainda ínfimo se considerado o tamanho da população. Destes, 74% afirmam que a tubulação fica seca durante a noite todos os dias. “O governo deveria ao menos avisar quando vai fechar a água, para que o cidadão possa se planejar”, afirma o gerente técnico da entidade, Carlos Thadeu de Oliveira.

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Uma de cada quatro dessas queixas vem da Freguesia do Ó, na Zona Norte. Por lá, o problema tira o sono de moradores há dois meses, especialmente em onze ruas e três condomínios de prédios. “Depois das 22 horas, só sai ar dos canos”, diz o empresário Roney Gouveia, que mora em uma casa na Rua Capitão José Amaral. O remanejamento no abastecimento de alguns bairros – do Sistema Cantareira para o Guarapiranga e o Alto Tietê – também está enxugando as torneiras na Praça Roosevelt, no centro.”Não tenho como lavar a maquiagem após as peças, e a plateia não consegue usar o banheiro”, conta o ator Hugo Godinho, que se apresenta em teatros dali.

Lançado no começo do ano, o site Faltou Água () transformou-se em uma espécie de rede social da seca. Reúne mais de 15 000 usuários, com cerca de vinte novos depoimentos por dia. Em julho, 76% dos clientes da Sabesp reduziram o uso de água e economizaram 1 900 litros por segundo.

Na esteira da prática consciente, alguns negócios tiveram prejuízo. “É meu pior movimento dos últimos dez anos”, lamenta o empresário Marco Gambin, dono do lava-rápido Bel Park, nas Perdizes.Por lá, a média de 1 400 carros limpos por mês caiu pela metade. Esse não é o único setor atingido. Uma pesquisa produzida em maio com 413 associados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostrou que a preocupação com o impacto econômico de um racionamento aflige 68% dos empresários. Segundo a entidade, a Agência Nacional de Águas (ANA) alega falta de recursos de abastecimento para negar autorizações a novas empresas: desde janeiro, nenhuma foi concedida no estado. “Se o fornecimento é irregular, a indústria naturalmente diminui sua produção”, diz o diretor do departamento de meio ambiente da Fiesp, Nelson Pereira dos Reis.

Em meio à crise, a Câmara Municipal aprovou na quarta (6) a abertura de uma CPI para investigar a Sabesp. “O contrato não está sendo cumprido”, diz o vereador Laércio Benko (PHS), autor do requerimento. A base aliada ao governo estadual reagiu. “É uma clara ação eleitoreira”, rebate overeador Floriano Pesaro (PSDB).

Tempos áridos

Os principais percalços do consumidor durante a crise hídrica

– Quando o fornecimento é interrompido por algumas horas, a tubulação pode se encher de ar e impedir o escoamento da água: recomenda-se deixar as torneiras e o chuveiro abertos por alguns minutos

-No momento em que a vazão normal retorna aos canos, o ar comprimido forma bolhas, que dão coloração branca (e estranha) à água – no entanto, ela continua potável

-Com a volta da pressão, o atrito no interior de encanamentos enferrujados pode deixar o líquido com uma cor amarelada; o ideal é que ele escorra até que retorne ao aspecto incolor para ser consumido

-O ar que escapa pelas torneiras pode manter o hidrômetro girando; existem no mercado vários modelos de bloqueador que evitam isso

REDE BRASIL ATUAL- Câmara Municipal de SP vai diminuir ritmo, mas não vai parar, dizem vereadores-candidatos

FERNANDO NEVES/FUTURA PRESS/FOLHAPRESS
vereadoresCâmara Municipal de São Paulo deve ter menos atividades com um terço dos vereadores em campanha

São Paulo – Os mandatos da atual legislatura na Câmara Municipal de São Paulo (2013-2016) começaram somente há um ano e meio. No entanto, 20 dos 55 vereadores da capital paulista já pretendem alçar novos voos, concorrendo nas eleições gerais deste ano. São nove candidatos a deputado estadual, oito a deputado federal, dois a governador e um a suplente de senador. Para os parlamentares, não há problema nisso. Eles garantem que a Câmara não vai parar por conta da eleição, embora reconheçam que as atividades devem diminuir.

O PSD é o partido com mais candidatos: cinco, dos oito vereadores da legenda. É seguido pelo PTB, com quatro dos cinco parlamentares concorrendo. PSB, PCdoB e PHS têm seus únicos representantes na disputa de outubro.

Os vereadores Coronel Camilo, José Police Neto, Marco Aurélio Cunha e Marta Costa (PSD); Gilson Barreto e Coronel Telhada (PSDB); Marquito (PTB), Roberto Tripoli (PV) e o presidente da Câmara, José Américo (PT), são candidatos a deputado estadual.

Já para deputado federal, são candidatos os vereadores Adilson Amadeu, Paulo Frange e Conte Lopes (ambos do PTB); Eliseu Gabriel (PSB), Floriano Pesaro (PSDB), Goulart (PSD), Netinho de Paula (PCdoB) e Senival Moura (PT).

Para o governo paulista estão concorrendo Laércio Benko (PHS) e Gilberto Natalini (PV). Atilio Francisco (PRB) é candidato como suplente de senador.

Marquito, Telhada e Benko estão no primeiro mandato de suas carreiras políticas. Juntos, os 20 vereadores-candidatos tiveram 911 mil votos na capital paulista.

Police Neto, líder do PSD na Câmara, defende a candidatura como forma de ampliar o debate que vem fazendo na casa há três mandatos. “Não adianta discutir urbanismo na capital, se você tem outras cidades no entorno que não cuidam disso. É preciso levar a discussão para o âmbito metropolitano”, afirmou. Ele acredita que não haverá interrupções no trabalho da casa e que é possível fazer campanha pela manhã e no fim da tarde.

A opinião é compartilhada pelo vereador Gilberto Natalini (PV), que se comprometeu em só fazer atividades de campanha em horários diferentes dos dias de sessão, salvo ações que não dependam dele para ser agendadas. Ele preside a Comissão da Verdade da Câmara e garante que as investigações não vão ser interrompidas. “Posso ter alguma licença pontual, mas não vamos parar”, afirmou.

Uma preocupação é o esvaziamento das discussões, por exemplo, dos instrumentos de política urbana. Nesse ano e meio, houve grande acúmulo sobre o assunto por conta do debate sobre o Plano Diretor Estratégico, aprovado em junho. Mas uma série de legislações relativas ao documento ainda precisa ser revisada.

Os vereadores entrevistados avaliam que não haverá perdas nesse sentido. “Mesmo eleitos, os atuais vereadores terão cargos até o final do ano. É tempo o bastante para compartilhar as questões e encaminhar projetos importantes para a cidade”, afirmou Natalini.

O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos, concorda que não haverá impacto nas discussões, mas por motivos menos republicanos. “A maior parte dos parlamentares age motivada por acordos políticos ou pressões. Poucos se apropriam realmente das discussões sobre a cidade, infelizmente”, criticou. O movimento esteve em diálogo – e pressão – direto com o parlamento nos últimos meses, reivindicando a aprovação do Plano Diretor e demandas específicas.

As sessões plenárias, de qualquer forma, serão adequadas ao momento eleitoral, conforme explicou o vereador petista Paulo Fiorilo. As terças-feiras serão marcadas pelas discussões sobre projetos. Nas quartas-feiras ficarão concentradas as votações. E nas quintas outras atividades.

Mas nos corredores se diz que, na verdade, as quintas-feiras devem ser marcadas por falta de quórum. E as atividades ficarão reduzidas a dois dias.

Para o líder do PSDB, Floriano Pesaro, o problema se dá pela separação das eleições, que não coincidindo, obrigam os mandatários a deixar os cargos. Para ele, é legítimo concorrer a um novo cargo e ampliar a área de atuação. “A abrangência dos debates é diferente entre os legislativos municipal, estadual e federal. É importante levar a experiência adquirida para outros locais”, afirmou.

O Coordenador da Rede Nossa São Paulo, Maurício Broinizi, concorda que a unificação de pleitos pode ser uma saída. Mas defende que os parlamentares deviam cumprir todo o mandato, pois assumiram um compromisso. E nesse sentido defende mudanças na legislação. “Se todos forem eleitos teremos uma mudança significativa na conjuntura da Câmara. A legislação devia impedir esse ‘trampolim’ eleitoral”, afirmou.

Não há ilegalidade no fato de os vereadores concorrerem. Nem de permanecerem com seus mandatos. A lei eleitoral só exige que prefeitos e governadores deixem o cargo, exceto quando o candidato está concorrendo à reeleição, como é o caso do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

O cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Humberto Dantas avaliou que há, no entanto, uma questão moral. “Eles assumiram um compromisso com a sociedade para uma determinada função em 2012. E um ano e meio após a posse estão querendo mudar de função. Isso é questionável”.

Dantas ressaltou que quem deve demonstrar incômodo com isso é o eleitor. “O eleitor é soberano. Ele tem de decidir se não tem mais disposição de votar neste candidato ou se não se importa que ele mude de função”, afirmou.

Para Netinho de Paula, vereador pelo PCdoB que concorre a uma vaga de deputado federal, a questão se resolve justamente na vontade do eleitor. “Se eles acreditarem que posso fazer mais estando no congresso, ótimo. Se não, seguiremos trabalhando na cidade”, afirmou.

Podem ocorrer mudanças também nas bancadas temáticas. Os três vereadores com histórico policial militar, que compõem a chamada Bancada da Bala, também estão concorrendo a outros cargos. Provavelmente, buscando posições mais compatíveis com suas bandeiras de segurança, já que o município tem pouco a fazer na área. Coronel Telhada (PSDB), e Coronel Camilo (PSD) pretendem atuar no legislativo estadual. Já Conte Lopes (PTB), busca uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Sendo eleitos, os vereadores serão substituídos pelos suplentes. A lista não segue exatamente para o próximo mais votado, mas para o próximo da coligação do vereador que deixou a casa. O que pode mudar algumas características da Câmara, já que o substituto pode não ser do mesmo partido.

No caso do PSD, que tem cinco candidatos, os suplentes virão da coligação feita para a eleição de 2012, que tinhatambém PSDB, PR e DEM. E que hoje não mantêm exatamente as mesmas posições no legislativo municipal.Além disso, é difícil saber exatamente quem seriam os substitutos, porque muitos suplentes são candidatos também.

R7- Campanha de Padilha desconsidera usar CPI da Sabesp para atacar Alckmin

CAMPANHA DE PADILHA DESCONSIDERA USAR CPI DA SABESP PARA ATACAR ALCKMIN

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Sabesp, recém instaurada na Câmara dos Vereadores de São Paulo, gerou novas alfinetadas e provocações entre PT e PSDB. Aprovada nesta quarta-feira (6), para o líder do PSDB na Câmara, Floriano Pesaro, a comissão é eleitoreira e tem o objetivo de prejudicar a campanha de reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

– Essa CPI já havia sido negada no semestre passado e [alguns vereadores] avaliaram que agora era hora de fazer a CPI porque poderia atrapalhar a campanha o Geraldo. A menos que a CPI faça chover, qualquer outra atitude não vai levar a lugar nenhum. Além de ser uma CPI irresponsável, ela é eleitoreira.

No entanto, Emídio de Souza, coordenador de campanha de Padilha, declarou ao R7 que não considera utilizar a CPI para criticar Alckmin e respondeu às declarações da oposiççao de que há interesse eleitoal na aprovação da comissão.

– A CPI da Petrobrás não foi eleitoreira? Ela foi o quê? O PSDB não gosta de ser investigado. Não terá tempo [de explorar a CPI na campanha] e o mais importante é que quem anda na transparência não tem o que esconder.

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Para Padilha, Alckmin é insensível à falta de água em SP

O vereador Alfredinho, líder do PT na Câmara, também negou que a CPI, instaurada durante a pior crise hídrica do Estado de São Paulo, tenha motivação eleitoral e defendeu a criação da comissão.

– O intuito não é esse. Na verdade, a CPI já estava protocolada antes dessa crise da água.

O requerimento da comissão, feito pelo vereador e também candidato ao governo de São Paulo, Laércio Benko (PHS), foi protocolado pela primeira vez na Câmara no início de 2013. Sem chegar a ir à pauta, voltou a ser protocolado em fevereiro deste ano e também não foi votado, segundo a assessoria de imprensa de Benko. Nesta quarta-feira, a criação da CPI foi aprovada por 30 votos a favor e nove contrários. A comissão  terá duração de 120 dias e será composta por nove vereadores, representando todos os partidos da Casa.

Crise hídrica

Desde o início da campanha, Alexandre Padilha tem feito duras críticas ao governador Geraldo Alckmin em relação a seca do Sistema Cantareira. Além de dizer que Alckmin não investiu em obras como deveria, o petista também acusa o atual governador de fazer racionamento sujo no Estado e de fazer uso político do Cantareira.

Alckmin nega que o Estado passe por qualquer tipo de racionamento de água e tem defendido os “investimentos vultosos” em saneamento feitos no Estado durante os 20 anos em que o PSDB está no governo.

G1- Haddad veta projeto que proibiria venda casada de brinde em alimento

HADDAD VETA PROJETO QUE PROIBIRIA VENDA CASADA DE BRINDE EM ALIMENTO

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), vetou na quinta-feira (7) o projeto de lei do vereador Arselino Tatto, lider do governo municipal na Câmara, que buscava proibir a venda casada de alimentos e brinquedos pelas redes de lanchonetes fast food. O governo argumentou tecnicamente que não cabe ao município legislar sobre o assunto.

Haddad também vetou outras propostas de apelo popular aprovadas no final do primeiro semestre.

O prefeito sancionou, entretanto, a lei 16.051, proposta pelos vereadores Floriano Pesaro e Tião Farias, ambos do PSDB, que obriga a Prefeitura, a Câmara Municipal e o Tribunal de Contas do Município (TCM) a publicar dados e informações em formato aberto pela internet.

Entre as propostas barradas está a dos vereadores Calvo (PMDB) e Orlando Silva (PCdoB) que buscava garantiria funeral gratuito a famílias de baixa renda.

“Ocorre que o Serviço Funerário do Município de São Paulo já concede aos munícipes sem condições de suportar as despesas de funeral a gratuidade do sepultamento, bem como
dos meios e procedimentos que lhe são necessários, levando em consideração, para tanto, não apenas a renda salarial, mas outros fatores socioeconômicos indicadores do estado de necessidade dos responsáveis pelo falecido.”

Outra ideia vetada foi a do vereador Gilson Barreto (PSDB), que em busca de economia de água, tentou incluir no código de obras do município a obrigação de que todas as novas construções sejam equipadas com instalação de válvula de descarga com duplo acionamento.

Segundo a Prefeitura,  a válvula de descarga com duplo acionamento tem natureza acessória, não integrando qualquer sistema construtivo disciplinado pelo Código de Obras.

Também foi vetada a proposta do vereador Andrea Matarazzo (PSDB) que defendia a instituição de um cadastro único de programas sociais no município de São Paulo. Segundo a Prefeitura, a atual gestão está em busca do fortalecimento do Cadastro Único Federal e a matéria é “eminentemente administrativa.”

O DIÁRIO DE MOGI- Base de Haddad cria “CPI da Água”

 

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, apoia CPI / Foto: Divulgação

 

 

A Câmara Municipal de São Paulo instaurou ontem (6) uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar a atuação da Sabesp na capital paulista. O requerimento aprovado é do vereador Laércio Benko (PHS), da base aliada do prefeito Fernando Haddad (PT). “A Sabesp tem contrato com a prefeitura e tem obrigação de se explicar”, disse.

O sistema Cantareira, que abastece boa parte da Grande São Paulo, vive a maior crise de sua história. Medidas de economia, como a redução da pressão da água em até 75% à noite, coincidem com queixas de desabastecimento em vários bairros.

Benko afirma que as reclamações estarão entre as questões investigadas, assim como o gerenciamento dos recursos da estatal. “Como a Sabesp não teve dinheiro para investir na manutenção e tem para distribuir lucros na bolsa de Nova York?”, questionou.

A comissão terá duração de 120 dias e coincidirá com o período de campanha eleitoral, o que gerou indignação entre tucanos na Câmara. A Sabesp pertence ao Estado, administrado por Geraldo Alckmin (PSDB), que tenta a reeleição. Benko, autor do requerimento, também é candidato.

O vereador Floriano Pesaro (PSDB) afirmou que se trata de uma CPI “eleitoreira”.

“O PT e o PMDB combinaram de apoiar a CPI porque havia uma orientação das duas campanhas majoritárias, do Alexandre Padilha [PT] e do Paulo Skaf [PMDB], para tumultuar a campanha do Geraldo [Alckmin]”, disse.

Para Pesaro, a proposta não teria sido apoiada em outras ocasiões, mas os dois partidos decidiram que “era o momento certo”. “Benko é candidato ao governo. Se tivesse o mínimo de decência se sentiria prejudicado de fazer uma CPI contra outro candidato.” Benko negou a motivação política e disse que o assunto gera “desespero no PSDB”.

Líder do PMDB, Ricardo Nunes, afirmou que o partido é a favor da CPI desde o começo do ano e que não dá para esperar acabar a eleição para discutir o tema. “Há uma situação de calamidade pública.”

Para o petista Paulo Fiorilo, são os tucanos quem tentam politizar a questão para tirar o foco das investigações. “O PSDB parece ter uma dificuldade grande de enfrentar investigações. Na Assembleia Legislativa [onde Alckmin tem maioria], não deixa uma CPI investigar as denúncias de cartel nos trens.”

Dos 55 vereadores, 30 foram a favor da CPI e nove contra – outros não votaram. Entre os partidos favoráveis estão também o PSD de Gilberto Kassab e o PP de Paulo Maluf, que apoiam Skaf. Para criar a CPI, a base aliada aprovou um requerimento de preferência, para que ela fosse instaurada na frente de outras na fila. A Sabesp não quis se pronunciar sobre o assunto.