04/2009 – Mahmoud Ahmadinejad

Quão insensíveis são alguns brasileiros?

Um belo dia, representantes brasileiros presentes em reunião no maior foro internacional escutam um certo desatino: “Nunca houve escravos no Brasil.” Nossos  dignos emissários continuam sentados impávidos  escutando, como se avalizando o desvario.
Pois é: será que já nos tornamos tão insensíveis? Será que se algum dignitário, representante oficial de um país dissesse que a escravidão não existiu no Brasil, nosso governo teria a fleuma de receber tal político em solo brasileiro?
Manchete de todos os jornais da semana que passou, Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã, negou a existência do Holocausto. Este mesmo personagem chega ao Brasil, logo nos primeiros dias deste próximo mês. E não é só. Sabe-se que será recebido pelas altas autoridades deste país como se nada houvesse acontecido. Não obstante um débil protesto do Itamaraty contra as declarações emitidas por Ahmadinejad em Genebra, o governo confirma sua visita ao Brasil, que já não deveria receber um político tão dessintonizado com qualquer noção de justiça social.
Se já não bastasse este senhor, Mahmoud Ahmadinejad ser conivente com incontáveis atos terroristas e defender um programa nuclear altamente belicista com o propósito de exterminar uma nação soberana como Israel, hoje temos que conviver com o embaraço de receber um governante – se é que podemos considerar este déspota merecedor do titulo que nós aqui lutamos para merecer – que nega peremptoriamente o Holocausto.
Enquanto presenciamos, na semana passada, os mais nobres representantes europeus retirando-se do recinto da ONU, ao ouvirem declaração insana, nós aprendemos, constrangidos, que os trinta e tantos enviados do Brasil fizeram ouvidos mocos, permanecendo no recinto, como se sandice igual fosse irrelevante, como se negar o Holocausto fosse só um deslize.
Pois não é. Negar o Holocausto é abrir a fresta para a possibilidade de mais épocas de obscurantismo e crueldade. Negar o Holocausto é violar mais uma vez as almas dos inocentes então assassinados. Negar o Holocausto é permitir que a História seja refém de ditadores fundamentalistas, sejam de que credo forem.
Cabe-nos perguntar que motivos levam a nossa diplomacia a esticar seu tapete vermelho para receber este presidente que, em seu território, persegue crianças, mulheres, as mais distintas etnias, que oprime cristãos, evangélicos e, obviamente qualquer judeu.
Quais seriam os nobres interesses humanitários possíveis de um intercâmbio com uma pessoa impregnada de ódio?
Que benefício pode trazer ao nosso país um ser humano que, enquanto representante de um povo, dá-se o direito de negar impavidamente fatos tão comprovados quanto nefastos. Como se o simples cargo de ditador lhe conferisse a liberdade de borrar os livros de História, a liberdade de desprezar a verdade e, mais, a liberdade de desvalidar a vida e morte de milhares, milhões de outros seres humanos?
Que tipo de aval pode ter qualquer acordo, contrato, entendimento com Mahmoud Ahmadinejad, o homem que nega hoje o acontecido ontem?
Longe de nós imaginarmos motivos obscuros, mesquinhos ou mercantilistas dos representantes maiores de nosso país, mas que nosso semblante franze, ah, não há como negar.
Se nossa esfera federal não se envergonha em dar as boas vindas a este lunático travestido de governante, então que a nossa Casa, com sua importância representativa da 5ª maior Câmara Municipal do mundo, de mais de uma dezena de milhões de brasileiros, seja enfática ao bradar sua repulsa a esta visita.
A cidade de São Paulo, seu povo e seus legítimos representantes devem repudiar ostensivamente a presença de Mahmoud Ahmadinejad em território nacional.
Que esta Casa seja a voz de todo aquele que vê o desserviço que esta visita presta ao Brasil.
Em artigo publicado na Folha de S. Paulo na sexta-feira passada, dia 24 de abril, o governador José Serra escreve com uma clareza ímpar: “Nenhum genocídio deve ser esquecido, todos devem ser lembrados, seus representantes execrados, suas causas e motivações sempre pesquisadas e analisadas, suas brutalidades reconstituídas, suas vítimas homenageadas. Nunca esquecer para que não volte a acontecer.”
Toda perseguição e toda matança de um povo devem ser repudiadas, sejam por quais motivos forem. Estes atos devem nos causar indignação e não nos deixar calados nem cegos diante de tamanhas atrocidades.

Floriano Pesaro, sociólogo, ex-secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo e vereador da cidade de São Paulo.

05/2009 – Independência de Israel

14 de Maio de1948… Foi criado um novo país. Israel, que não seria mais o sonho distante, inalcansável. É como se os profetas houvessem levantado de suas tumbas, como se suas palavras ressoassem de uma forma diferente. Incontáveis almas no mundo se maravilharam.
Aconteceu o milagre: ISRAEL. A grande virtude de um milagre não é que seja um fenômeno inesperado e inacreditável no qual habita a presença do sagrado, e sim que aconteça a seres humanos, que se sentem profundamente reverenciados com tal presença.
Nossos antepassados só puderam sonhar com isso. Para aqueles entre este povo incansável que estiveram em Auschwitz, Jerusalém era mais distante do que a lua… até que este mesmo bravo povo tomou seu destino em suas mãos.
Entretanto, os judeus de hoje não entraram sozinhos em Israel, na cidade de Jerusalém. Nós, que pertencemos à geração do novo Estado, fomos levados à Jerusalém por incessantes torrentes dedesejos, intermináveis orações, perseverança, sonhos, de dia e de noite, durante anos, décadas, séculos, milênios, com rios de lágrimas, promessas e anseios, de todas as partes do mundo, de todos os cantos da terra.
Israel é a expressão do que a determinação, o sonho e a ação podem alcançar. Sem falsas utopias, sem ingenuidade, mas com todo o empenho de um país e de um povo escrevendo e reescrevendo a história.
É neste contexto que “Hatikvá” – “A Esperança” foi designado como hino deste país e do povo judeu. A canção confere expressão adequada à aspiração milenar dos judeus de ser um povo livre em sua terra. Tzion (od ló avdá tikvateinu, ahatikvá shenot alpaim, lihiot AM chofshi be’eretz Tzion Ierushalaim).
Com o estabelecimento do estado judeu, a Esperança torna-se o hino nacional. Durante os mais de 60 anos deste país Hatikvá estabeleceu-se como declaração relevante de um povo.
Hoje, embora o fantasma de futuras guerras ainda paire em nosso horizonte, fica evidente que as aspirações dos judeus tornaram-se realidade tangível. Apesar de todas as dificuldades e ameaças, o Estado de Israel é uma das grandes histórias de sucesso do século 20 com seu passado, seu presente e seu futuro de modernidade e de vanguarda na tecnologia mundial.
Mas, mesmo hoje, com a celebração de um milagre tornado realidade, Israel ainda tem que chorar seus heróis. A história antiga e atual deste país é farta de sacrifícios e de heroísmo. Não é à toa que este país considera ser de mister celebrar Iom Ha zícaron no exato dia anterior à comemoração de sua independência.
Durante dois minutos, as sirenes de Israel ressoam, choram, lembrando dezenas de milhares de jovens heróis e mártires, mortos em combate pela sobrevivência desta nação. É incabível imaginar este país sem a referência de cada jovem que faleceu na busca deste ideal.
Por isso, devemos todos encontrar em nossas almas um sentimento de louvor e agradecimento por todos os jovens que entregaram suas vidas para tornar a existência e a sobrevivêcia de Israel uma realidade incontestável.
São filhos de mães enlutadas, mas também filhos desta terra, deste país. E hoje, enterrados, fazem parte desta nação, sobre a qual cresceram e à qual amaram.
O Estado de Israel surgiu apesar de muitas objeções pelo mundo, mas passaram mais de 6 décadas desde então e, embora ainda existam inúmeros pontos de conflito, uma parceria entre judeus e árabes tornou-se fato no Estado de Israel, não obstante as dificuldades.
É isto que comemoramos em Iom Ha’Aztmaut. É esta possibilidade de convivência e de tolerância, que pode servir de exemplo para o mundo.
O Iom Ha’Aztmaut é a data perfeita e o marco plausível para que se dêem passos que levem ao estreitamento da solidariedade entre judeus e árabes, passos que levem a um governo que avance na direção do entendimento e da paz.
Lembremo-nos que Israel é a síntese da saga humana. As palavras saíram deste espaço sagrado e entraram nas páginas dos livros cânones. Mas Israel ainda tem muito mais a dizer. Israel nunca está no final do caminho. É o país onde nasceu a espera por Deus, onde se materializou a antecipação da paz duradoura.
É este país que celebramos hoje. O país da coragem, o país em que a narrativa bíblica com seu pacto divino, a ética e a moral estão sempre no inconsciente coletivo.
O país onde a vida ganha um significado maior: de perpetuação da história, de sonho realizado e de sobrevivência, o  país do respeito ao passado e certamente, da confiança no futuro. O país de Hatikvá!

Floriano Pesaro, sociólogo, ex-secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo e vereador da cidade de São Paulo.

05/2009 – Deslize da diplomacia brasileira

Mas o que é que acontece com a diplomacia brasileira?
Há muito pouco tempo passamos pelo quase vexame de receber um déspota belicista, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. E agora o Brasil prefere preterir a nomeação de um seu representante legítimo, o engenheiro Márcio Barbosa, para apoiar outro candidato estrangeiro – o egípcio Farouk Hosny – para dirigir um órgão da importância da UNESCO – organização da ONU para a colaboração internacional no setor de educação, ciência e cultura.
Além do mais, lamentavelmente, este candidato apoiado pela diplomacia brasileira tem um histórico confirmado de antissemitismo. Citando carta aberta de três dos intelectuais mais respeitados da Franca, o senhor Farouk Hosny afirma que “Israel nunca contribuiu para a civilização, em qualquer era, pois sempre apropriou-se de contribuições de outros.”
O mesmo senhor, ao responder a um deputado do Parlamento Egípcio que estava preocupado que livros israelenses pudessem fazer parte do acervo da Biblioteca de Alexandria, declarou: “Queime estes livros; se ainda houver algum por lá, eu mesmo os queimarei diante do senhor.”
Não esqueçamos que pessoas com afã de incendiar livros, evoluem em sua loucura e acabam gostando de queimar, às vezes até pessoas!
Como confiar um dos mais importantes cargos de responsabilidade cultural do planeta para alguém que disse que Israel era “auxiliado” em suas intrigas obscuras pela infiltração de judeus na mídia internacional e por sua diabólica habilidade de “espalhar mentiras.”
Nesta empreitada de protesto contra a candidatura de Hosny Farouk, cerramos frente com pessoas do calibre do presidente francês Nicolas Sarkozy, da secretária de Estado Hillary Clinton, de vários governos asiáticos, europeus e da África.
O Brasil enquanto povo certamente não quer a nomeação de uma pessoa perigosa, um incitador de idéias racistas, contumaz apologista do ódio e terror.
E tampouco o povo brasileiro concorda em menosprezar um cidadão seu, legítimo postulante ao cargo. Este homem é o engenheiro Márcio Barbosa, que já é o diretor adjunto da UNESCO, foi diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo funcionários do governo e parlamentares que acompanham sua trajetória, um dos méritos de Márcio Barbosa junto com o atual diretor-geral do organismo, o japonês Koïchiro Matsuura, foi trazer de volta à UNESCO os Estados Unidos, que estavam afastados desde os anos 80.
O caminho natural para a direção-geral da UNESCO deveria favorecer o Brasil, pois criamos expertise em várias áreas, como o programa Bolsa-Escola e a pesquisa e o uso bem sucedido de alternativas energéticas – caso do etanol. Como bem disse o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Azeredo: “Lamento o Itamaraty ter tomado essa decisão. Havia chances reais de o Brasil dirigir um órgão da importância da UNESCO. O governo deveria apoiar um dos brasileiros”.
O tempo urge, e o tom dos protestos deve acentuar-se para evitar tal descalabro de nossa diplomacia.

Floriano Pesaro, 41 anos, sociólogo, ex-secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo e vereador da cidade de São Paulo.

05/2009 – Independência de Israel – união feminina comemora

Nada mais pertinente do que uma união feminina celebrando o aniversário de Israel. Este país nasceu dos esforços de homens e mulheres que, em igual importância, literalmente puseram suas mãos na terra e plantaram um modelo de desenvolvimento, de crescimento contínuo e de modernidade numa  das regiões mais áridas do planeta. Esta terra sempre foi defendida por seu singular exército, composto de jovens rapazes e moças, todos comprometidos com a sobrevivência e a história do povo judeu.

Israel, como povo, sempre soube honrar suas matriarcas na narrativa bíblica. Sara, Rivka, Rachel e Leá são arquétipos de sensibilidade, decisão e companheirismo.

Israel é a nação que produziu uma das maiores líderes mundiais na história feminina  recente: Golda Meir. Esta  incansável senhora sempre esteve à frente,  tanto nos momentos mais decisivos do nascimento do novo país, como durante  incontáveis crises. Golda Meir reunia em si a capacidade política de um chefe de estado e a sensibilidade de uma mãe e avó.
São de Golda Meir as palavras que definem a saga do Estado de  Israel:

“Nós  podemos perdoar os árabes por matarem nossos filhos. Mas nós  nunca poderemos perdoá-los por nos obrigarem a matar seus filhos.
Só haverá paz no Oriente Médio no dia em que o amor que eles têm por seus filhos for maior do que o ódio que sentem por nós.”

Nossa esperança é que no dia em que festejamos o 61º aniversário da  Independência do Estado de Israel prevaleça, finalmente, o amor sobre o ódio.

 

Floriano Pesaro, sociólogo, ex-secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo e vereador da cidade de São Paulo.

05/2009 – IoM Haaztamaut

Maio de1948… Foi criado um novo país: Israel, que não seria mais o sonho distante, inalcansável.  É como se os profetas houvessem levantado de suas tumbas, como se suas palavras ressoassem de uma forma diferente. Surgiu um grande maravilhamento nas almas do mundo.
Aconteceu o milagre: ISRAEL. A grande virtude de um milagre não é que seja um fenômeno inesperado e inacreditável no qual habita a presença do sagrado, e sim que aconteça a seres humanos, que se sentem profundamente reverenciados com tal presença.
Os judeus não entraram sozinhos em Israel, e particularmente na cidade de Jerusalém. Nós, os que pertencemos a esta geração, fomos levados à cidade de Jerusalém por incessantes torrentes de desejos, orações intermináveis, perseverança, sonhos, de dia e de noite, durante anos, décadas, séculos, milênios, com rios de lágrimas, promessas e esperas, de todas as partes do mundo, de todos os cantos da terra.
Nossos antepassados só puderam sonhar com isso. Para aqueles entre este povo incansável que estiveram em Auschwitz, Jerusalém sempre foi mais distante do que a lua, até que este mesmo bravo povo tomou seu destino em suas mãos.
Hoje, Israel é a expressão do que a determinação, o sonho e a ação podem alcançar. Sem falsas utopias, sem ingenuidade, mas com todo o empenho de um país e de um povo escrevendo e reescrevendo a história.
E é neste contexto que “Hatikva” – (“A Esperança”) foi designado como hino deste país e do povo judeu. A canção confere expressão adequada à aspiração milenar dos judeus de ser um povo livre em sua terra, Tzion (od ló avdá tikvateinu, ahatikvá shenot alpaim, lihiot AM chofshi be’eretz Tzion Ierushalaim). Com o estabelecimento do estado judeu, a Esperança torna-se o hino nacional. Durante mais de 60 anos deste país e com a existência de Israel ainda frágil e definitivamente não assegurada, Hatikvá estabeleceu-se como declaração relevante às aspirações de um povo. Hoje, embora ainda Sderot sofra ataques constantes e o fantasma de futuras guerras ainda pairem neste novo horizonte, fica evidente que as aspirações dos judeus tornaram-se realidade de uma forma impressionante. Apesar de todas as dificuldades e ameaças, o Estado de Israel é uma das grandes histórias de sucesso do século XX com seu passado, seu presente e seu futuro de modernidade e de uma tecnologia quase incompreensível aos demais.
O Estado de Israel surgiu apesar das objeções mundiais, mas já se passaram mais de seis décadas desde então e, embora ainda existam vários pontos de conflito, a parceria entre judeus e árabes em Israel tornou-se fato, não obstante as dificuldades. É isto que comemoramos em Iom Haaztamaut, apesar de todos os desafios ainda presentes. É esta
possibilidade de convivência e de tolerância, que servem de exemplo para o mundo.
Devemos dar devido crédito ao povo judeu por sua iniciativa de reabilitar a história e por estabelecer lugares de memória. Nem sempre é fácil. De fato, às vezes é extremamente difícil, e os conflitos regionais colocam este país sempre na berlinda, no auto-exame ético.
O Iom Haaztamaut é uma data perfeita e marco plausível para que se dêem passos que levem ao estreitamento da solidariedade entre judeus e árabes e a um governo que avance na direção do entendimento global. E Jerusalém é o universo de toda esta saga humana. As palavras saíram deste espaço sagrado e entraram nas páginas dos livros cânones. Mas Jerusalém ainda tem muito mais a dizer. Jerusalém nunca está no final
do caminho. É a cidade onde nasceu a espera por Deus, onde se materializou a antecipação da paz duradoura.
É esta cidade e este país que celebramos hoje. O país da coragem, o país em que a ética, a moral e os costumes estão sempre no inconsciente coletivo. Em Israel, o povo busca ser sempre melhor do que a mulher de César. Sempre teve a perfeição como parâmetro, a noção de ser parceiro e imagem de Deus e, por isso, exposto a tanta crítica
e autoavaliação.
E, mesmo hoje, com a celebração de um milagre tornado realidade, Israel ainda tem que chorar seus heróis. A história antiga e o presente deste país são recheados de sacrifícios e heroísmo. Nãoéà toa que este país considera mister celebrar Iom Hazicaron no exato dia anterior à comemoração de sua independência. Durante dois minutos, as sirenes deste jovem país ressoam, lembrando dezenas de milhares de jovens heróis e mártires, mortos em combate pela sobrevivência desta nação. É incabível imaginar este país sem a referência de cada jovem que faleceu na busca deste ideal. Por isso, quero que todos busquem em suas almas um sentimento de louvor e agradecimento por todos os jovens
que entregaram suas vidas para tornar a existência e a sobrevivência de Israel uma realidade incontestável. São filhos de mães enlutadas, mas também filhos desta terra, deste país (ben haaretz). E hoje, enterrados, fazem parte desta nação, sobre a qual cresceram e à qual amaram.
É a soma destes sentimentos, destes sonhos e desta realidade que celebramos hoje. É decididamente a história se fazendo acontecer.
A voz de Isaías através da Bíblia nos ensina o futuro de paz:
“Sucederá ao final dos tempos…
Pois de Tsión virá a Tora
E de Jerusalém a palavra do Eterno…
Ele será juiz entre as nações
E julgará entre muitos povos…
Uma nação não erguerá a espada contra a outra
Nem se treinará mais para a guerra.
(Isaías 2:2-4)

Floriano Pesaro, sociólogo, ex-secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo e vereador da cidade de São Paulo.

05/2009 – Sherit Hapleitá

A história do povo eterno é longa, estendendo-se por milênios, incluindo anos bons e ruins, tranquilos e turbulentos. Na sua própria terra e na Diáspora, entre as nações e como um povo livre, os judeus aproveitaram longos períodos de convivência pacífica durante os quais fortificaram sua fé num único Deus, introduziram o conceito do Shabat, sua crença na Bíblia e nos ensinamentos dos profetas. Algumas vezes, entretanto, em dias difíceis e escuros, tiveram que lutar contra inquisidores e perseguidores. Foi assim durante a epopéia nazista. Aquilo que sofreu o povo de Israel na Europa nazista ainda está sem classificação. Um número incontável de jovens foi forçado a deixar suas casas, deixar suas famílias, foi levado na poeira e forçado a trabalhar até a morte. Incontáveis outros tornaram-se heróis, resistindo e sobrevivendo para então tornarem-se testemunhas valiosas da barbárie ocorrida.
Quando tentamos explicar o inexplicável advento do nazismo e a morte de seis milhões de judeus no Holocausto, às vezes ponderamos que possa ter acontecido pelo livre arbítrio humano e a relutância de Deus em embotar a liberdade até dos assassinos nazistas. A afirmação judaica clássica é que Deus criou os seres humanos com liberdade e, no exercício desta liberdade, os seres humanos podem se comportar com uma crueldade inimaginável para com os outros. Ainda assim, subjetivamente, psicologicamente, muitos de nós ficamos com um amargo sentido de descontentamento. Então devemos nos perguntar: Como lidamos com tal descontentamento? Para onde vamos daí?
A dimensão para este desafio passa pela memória, pela divulgação e pela conscientização de todos. Só assim poderemos prevenir uma próxima tragédia de proporções outrora inimagináveis.
É isto o que sabiamente comemoramos a cada ano. É a memória da tragédia coletiva e dos atos de heroísmo, é o caráter educativo, passando de geração em geração, o testemunho pessoal que autentica a história.
Como bem explicou um jornalista que visitou um gueto na Polônia dias após o final da guerra. Ele contava que depois de ter visitado o gueto local, retornou à rua principal da cidade, com seu trânsito e tumulto cheio de gente e de carros, e este fato levou-o de um mundo de horror inconcebível a outro, de rotinas cotidianas. Uma parede muito estreita e poucos portões separavam mundos tão diferentes. O que os cidadãos de um mundo sabiam sobre seus vizinhos no outro mundo? O jornalista então se questionou, se contasse aos outros, eles o ouviriam? E se eles ouvissem, poderiam acreditar? Por isso, a importância destes heróis e sobreviventes, por isso essa voz não deve calar. Qualquer cidadão com um mínimo sentido de ética tem como obrigação pessoal apoiar e assegurar a existência de organizações que eduquem cada jovem sobre o horror nazista. E ninguém é mais vigilante nesta missão do que o Sherit Hapleitá.
A associação dos sobreviventes israelitas da perseguição nazista – Sherit Hapleita – fundamentou mais eloquentemente do que qualquer outra associação, as consequências ideológicas da “grande catástrofe.” Outros judeus pelo mundo afora ouviram ou leram sobre a tragédia. Este grupo vivenciou-a diretamente. Portanto, sua reação é mais direta, mais intensa, mais responsável. Fortificado por seu próprio heroísmo e martírio e pelo legado deixado por seus parentes mortos, o Sherit Hapleita – em nome da magnitude de 1 e meio milhão de crianças assassinadas, dois milhões e meio de mães e viúvas mortas e dois milhões de pais e irmãos falecidos – sempre exigiu que o povo judeu tivesse a atitude de renascer como povo e de alertar sobre a possibilidade de novas perseguições. Nada desqualifica mais a insanidade de Hitler do que o renascimento pós-guerra a que assistimos do povo judeu. Esta é a nossa maior vingança.
O Sherit Hapleita é também sustentáculo de uma atitude específica de justiça social, pois despido de qualquer posse material, tendo sido submetido aos rigores do trabalho escravo, vivenciou a experiência inesquecível de uma vida comunitária onde o companheirismo valia muito mais do que qualquer bem material, parco ou inexistente.
E a coragem e a esperança destes heróis sobreviventes não datam de agora. Durante os anos de horror e de luta pela vida, durante os anos de crematórios e batalhas partisans, mesmo à beira da morte quase certa, esses bravos homens e mulheres expressavam as esperanças do povo eterno nas palavras trágicas mas corajosas do hino dos partisans:
Nunca diga que esta é a última Estrada
Embora o dia cinzento encobre o céu azul
Mesmo assim, a nossa hora chegará
E nossos passos de marcha anunciarão: Nós estamos aqui!

 

Floriano Pesaro, sociólogo, ex-secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo e vereador da cidade de São Paulo.

06/2009 – Mas que tremendo gol contra

E quando pensamos que não podemos mais nos surpreender com os arroubos infelizes do nosso presidente, eis que ele nos apresenta sua fanfarronice mais uma vez. Utilizando as metáforas futebolísticas tão apreciadas pelo déspota presidente iraniano, Lula acaba de unir-se ao timezinho sórdido. Fazendo coro com absolutistas do calibre do venezuelano folclórico Hugo Chávez, do ditador sírio Bashar Assad e do megalomaníaco bélico Kim Jong-il, nosso populista de plantão vem a público achincalhar as legítimas manifestações de protesto do povo iraniano referentes à eleição. Exatamente quando Lula viaja com o intuito de conseguir que os países emergentes tenham uma capacidade de intervir mais no cenário político internacional, ele nos dá uma demonstração de total despreparo  para tentar se tornar  uma liderança mundial.
Quando até mesmo os fundamentalistas do Irã anunciam a necessidade de uma recontagem dos votos, Lula se dá o direito de tecer comentários medíocres e despreparados em tópico que preocupa o mundo.
Lula poderia aprender com as mentes mais abalizadas e reconhecer as anomalias do resultado da votação do Irã. Se fosse para abrir a boca, deveria manifestar preocupação por uma possível, se não garantida, falta de transparência nas eleições iranianas. Mas, em nome de uma aproximação espúria com o Irã do desvairado Ahmadinejad, Lula arvora-se um papel de sabedor acima da verdade e anuncia que a eleição foi legítima.
Os relatos dos jornalistas estrangeiros apontam o contrário, mas, Lula, nosso candidato a onipotente, sabe melhor.
E nós,  brasileiros, temos que passar por mais um vexame, temos que agüentar um líder que, com esta e outras declarações e ações lamentáveis, nos embaraça no cenário mundial. Será que alguém pode avisar nosso mandatário-mór de que o exercício da política honesta e responsável pressupõe ponderação, confirmação de dados e decoro.
Nosso dever é manifestar nosso mal-estar, nossa indignação diante de um presidente verborrágico, que parece esquecer-se de pensar antes de falar. Ficamos com aquela cara envergonhada, sentindo que o mundo só pode mesmo pensar que o Brasil é apenas o país do samba, do carnaval e do futebol.  Diante de expressões gabolas e perigosas como essa, nossa credibilidade é abalada. Até quando vamos conviver com esta falta de responsabilidade?

06/2009 – SUCOT, muitos nomes, muitas reflexões

Acabamos de passar dias intensos, deixamos até mesmo de nutrir nossos corpos. E logo, apenas quatro dias depois de tanta intensidade somos instados a construir uma cabana. As instruções são tão explicitas para a construção da sucá, que nos encontramos em meio a situações absolutamente triviais, cotidianas, como que nos lembrando de que o mundo em que vivemos é o aqui, agora, em meio à comunidade, em meio à natureza, e não em algum retiro, desenraizados de tudo. Sucot serve para que percebamos que nossa espiritualidade tem a ver com as relações eu-eu, eu-Tu, eu-comunidade e também eu-planeta.

Sucot, um dos únicos três festivais constantes na Torá, junto com Pesach e Shavuot, nos brinda com vários aspectos metafóricos:

Sucot é também chamado de Festival das Colheitas, que imediatamente nos remete ao respeito que devemos ter com a natureza. O judaísmo desde os tempos bíblicos revela e enfatiza a importância da terra, de sua flora, de sua conservação. Será que existe tema mais atual? reflexão no contexto ecológico!

Também, a sucá serve para nos lembrar da vulnerabilidade do homem, a convivência familiar durante oito dias na precariedade de uma cabana nos recorda de tempos de incerteza, de tempos nômades, em que os judeus atravessaram o deserto, dando um mergulho para o incerto, tendo apenas sua fé como sustentáculo. Mas, mais ainda, Sucot é um período de comunidade. A tradição diz que, durante os dias de Sucot, devemos convidar amigos para visitar nossa sucá, e principalmente, devemos convidar pessoas necessitadas. Está na Torá, na época das festas, o judaísmo nos convida a pensar sempre no outro, no bem estar comum, pensar no pobre, nos órfãos, nas viúvas.

Floriano Pesaro, sociólogo, ex-secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo e vereador da cidade de São Paulo.

07/2009 – Tu Bishvat

Desde os tempos ancestrais, existe uma proibição bíblica de cortar árvores frutíferas em tempos de guerra (Bal Taschit – um preceito ambiental bíblico cuja tradução do aramaico significa “não destruir”). O judaísmo desde sempre se preocupou com a natureza e os sábios então estenderam a proibição para qualquer época,inclusive da Paz.
Em Israel, a natureza tem recursos limitados – e o povo precisa, assim, cuidar mais incansavelmente de seus tesouros verdes.
Por isso, quero contar de minha emoção ao plantar uma árvore em solo tão sagrado quanto íngreme. Em uma terra milenar e em meio a um povo que comemora o Tu B’Shvat, todo ano é o Ano Novo das Árvores, plantar uma árvore é exercer plenamente a responsabilidade e o privilégio de tomar conta da natureza. É reverenciar concomitantemente o verde e o sagrado. Além da preservação, é a multiplicação, a transformação do árido em fértil. Hoje, em Israel, novas tradições se somam às já existentes para celebrar a festa de Tu Bishvat. Assim, além de fazer um jantar comemorativo de Tu B’shvat, Israel reforça seu compromisso através de ações concretas, não apenas palavras. Nesse dia, leva-se as preces à sua prática mais concreta: plantando árvores, limpando bosques e praias, participando de oficinas para aprender a reciclar diferentes materiais e a encontrar opções mais amigáveis para o meio-ambiente.
E, sendo o Brasil um país tão exuberantemente rico em recursos naturais, só podemos perceber o benefício do intercâmbio entre estes dois nobres países. Israel e o povo judeu podem nos enriquecer com seus princípios de preservação e com todas as técnicas que desenvolveram para terras áridas. E o Brasil, com seu povo brasileiro sempre imbuído da amizade e da paz, um país que acolhe, abraça e aclimata todo e qualquer estrangeiro que por cá chegue, pode ser um aliado e no espinhoso processo de construção da paz no Oriente Médio.
Hoje, aqui, diante desta platéia e desta autoridade tão competente quanto ponderada, o exmo. ministro Carlos Minc, podemos não sonhar, mas projetar. Projetar um futuro em que a consciência ambiental seja tão natural quanto nossas ações mais corriqueiras, projetar um futuro em que a preocupação com a preservação não permita que se desenvolvam armas de destruição, projetar um futuro em que a paz e o meio-ambiente sejam preceitos indissociáveis. São pessoas do quilate deste ardoroso defensor da ecologia e cidadania que poderão influir em um processo de paz com qualidade de toda e qualquer vida natural. É esta bandeira que devemos desfraldar e defender: respeito ao meio ambiente e reverência pela paz. Nesta frente, tanto Israel quanto Brasil têm muito a dar.

 

Floriano Pesaro, sociólogo, ex-secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo e vereador da cidade de São Paulo.

LEI Nº 15.839 DE 11 DE JULHO DE 2013

Altera a Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007, para incluir o Dia de Prevenção à Gravidez Adolescente não Planejada, a ser realizado anualmente no dia 12 de outubro, e dá outras providências.
José Américo, Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, faz saber que a Câmara Municipal de São Paulo, de acordo com o § 7º do artigo 42 da Lei Orgânica do Município de São Paulo, promulga a seguinte lei:
Art. 1º Fica inserida alínea ao inciso CCXXVI do art. 7º da Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007, com a seguinte redação:
“o Dia de Prevenção à Gravidez Adolescente não Planejada, com o objetivo de disseminar e implementar medidas preventivas e educativas destinadas a reduzir a incidência da gravidez adolescente não planejada;” (NR)
Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Câmara Municipal de São Paulo, 12 de julho de 2013.
JOSÉ AMÉRICO, Presidente
Publicada na Secretaria Geral Parlamentar da Câmara Municipal de São Paulo, em 12 de julho de 2013.
RAIMUNDO BATISTA, Secretário Geral Parlamentar em exercício

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