09/02/2011 – Álcool e droga

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Sr. Presidente, Srs. Vereadores, agradeço aos meus pares, da Bancada do PSDB, a escolha pela liderança.

Há uma notícia que muito nos assusta, especialmente para aqueles que trabalharam nos últimos anos na área social e do desenvolvimento social e humano. Dos jovens viciados em álcool, 40% começaram a beber antes dos 11 anos de idade. Entre adultos, a taxa é de 16%. A maioria desses jovens teve o primeiro contato com a bebida alcoólica dentro de casa ou na presença de familiares. Esses dados são do Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), da Secretaria de Saúde do Estado, situado na região ao lado do Parque da Luz. As informações são resultado de duas análises: uma de 684 pacientes adultos e outra de 138 adolescentes que procuraram o Cratod nos últimos dois anos.

Não é impressionante o fato de os jovens terem começado a beber ainda crianças, geralmente em casa ou na presença de familiares? Segundo o levantamento, em 39% dos casos, o pai bebia abusivamente; em 19%, a mãe; e em outros casos, parentes.

Esse relatório – que tive a oportunidade de ler – mostra que metade desses jovens fumou maconha, depois de ter tido como primeira experiência o álcool e, em seguida, o tabaco. O levantamento também demonstrou que, em geral, adultos procuram ajuda quando já se envolveram com outras drogas, estão deprimidos, tentaram suicídio ou porque estão com alguma doença ou sequela, decorrente do consumo abusivo. Já os adolescentes normalmente vão ao Cratod por causa de conflitos em casa ou na sociedade ou, muitas vezes, levados pela própria política socioassistencial, por meio de programas de acolhimento, como o São Paulo Protege e o Programa Ação Família – Viver em Comunidade.

Álcool e droga são problemas de saúde pública em nosso país. A esmagadora maioria dos municípios brasileiros já enfrenta problemas por causa da epidemia do consumo de crack, que começou, sorrateiramente, silenciosamente, na região mais central de São Paulo e, ao longo dos últimos anos, foi se alastrando para outras capitais e depois para o Brasil, como um todo. De acordo com o levantamento realizado recentemente pela Confederação Nacional de Municípios, 3.871 dos 3.950 municípios (98% deles) precisam criar estratégias para combater o tráfico, o consumo e dar tratamento a dependentes da droga.

A constatação é estarrecedora: municípios não possuem orçamento suficiente para financiar ações necessárias. Sem apoio efetivo da União, não vamos conseguir equacionar essa questão.

O Vereador Carlos Alberto Bezerra Jr., deputado estadual eleito, que deverá tomar posse no próximo mês, tem conhecimento da questão da drogadição infantil. S.Exa. sabe que o tratamento para crianças, jovens e adolescentes é longo, demorado e custoso. O problema da dependência química não se resolve do dia para a noite, como, muitas vezes, quer a sociedade e a imprensa. Quem tem algum parente dependente químico, até fumante, sabe muito bem a dificuldade que é largar o vício. Não falo apenas do vício de cigarros ou drogas. Pode ser o vício de jogo. Quantos já estavam viciados por estarem jogando desde bingo até cassinos clandestinos? Tratar o vício da dependência química demanda tempo, recurso e muita dedicação. Se não tivermos nesse processo apoio da União para municípios e a organização, em São Paulo, da Prefeitura, junto com o Governo do Estado, não vamos conseguir combater essa chaga nacional, a drogadição e a dependência química.

Muito obrigado.