15/06/2011 – 75 anos de CIP

Quando, nos idos de 1933, um pequeno grupo de íntegros judeus alemães se reuniu para ajudar conterrâneos que aqui chegavam em difíceis condições, poucos poderiam imaginar que a Congregação Israelita Paulista se tornaria a comunidade vicejante e influente que hoje é grande protagonista social e religiosa em nossa cidade.

Eram judeus que traziam uma cultura e uma expressão judaica moderna para nosso continente, permitindo as primeiras vozes religiosas liberais em nossas terras.

Em sua vertente religiosa, a Congregação Israelita Paulista sempre pautou-se por uma longa estirpe de rabinos decisivos, desde seu primeiro e memorável rabino Fritz Pinkuss, de bendita memória.

Os representantes religiosos da CIP nunca se furtaram ao diálogo com outras vertentes do judaísmo e com outras religiões estabelecidas no mundo.
A CIP mantém canais de comunicação contínuos com todos os interlocutores que possam estender os limites da tolerância religiosa aqui e no mundo.

Desde sempre, também, a CIP solidificou-se como uma instituição que ostenta como objetivo criar jovens conscientes, incutindo em suas almas e mentes uma identidade judaica, cuja validação passa pela dignidade humana e pela solidariedade.

Centenas de pais deixavam seus filhos nas escadarias da rua Antonio Carlos, entre eles os meus queridos pais, para que jovens se dirigissem à Avanhandava ou à Chazit HaNoar, em busca de um grupo social que lhes oferecesse um diferencial de conhecimento e ação social, formando líderes que pudessem devolver à sociedade um pouco dos privilégios que receberam.

Tenho orgulho de dizer que sou um entre os milhares de bons cidadãos que a CIP, através de seus movimentos juvenis, ajudou a moldar.

Grandes expoentes de nossa cidade, e mesmo de nosso país, frequentaram as tardes de sábado em reuniões que discutiam rumos e temas que mesmo hoje são relevantes para a sociedade. Até hoje, fico emocionado ao passar diante da CIP e ver os jovens lá chegando, sabedor que sou do potencial que lá borbulha.

Mas, ainda com o mesmo espírito de seus fundadores, que se reuniram para ajudar os imigrantes então mais desfavorecidos, a Congregação Israelita Paulista mantém seus próprios programas sociais.

O Departamento de Ação Social da CIP mereceria louvor por si só, por sua abrangência e abnegação, formado por incontáveis voluntários como o é.

O Centro de Orientação ao Trabalho, o Clube das Vovós, o Coral Sameach, o Costura da Boa Vontade, o Projeto Cidadania, o Projeto Vida-Chai, o Trabalho- Cidadão, o Informática para Sênior, o Comitê da Amizade, o Disk-Shalom Idoso, o Brinquedoteca Ieieladim e o Casa Abrigo, são todos iniciativas preciosas para atender segmentos da população.
Porém, não posso deixar de salientar o Lar das Crianças da CIP, que desde 1937 atende crianças em situação de vulnerabilidade emocional ou econômica. Atualmente, são 250 crianças, desde 3 anos até que entrem no mercado profissional. Como político, é difícil confessar que me faltam palavras para descrever o carinho e cuidado que se verifica na instituição. E tudo isso é resultado da ação da Congregação Israelita Paulista.

Nestes setenta e cinco anos de vida, a CIP escolheu as melhores ferramentas para esculpir seu nome na pedra fundamental desta cidade: o diálogo liberal religioso e a ação comunitária, perpetuando assim sua presença em nossa vida.

Parabéns Congregação Israelita Paulista, por setenta e cinco ricos anos em nossa cidade.

Parabéns heróicos pioneiros do passado, responsáveis dirigentes do presente e promissores líderes do futuro.
E obrigado. A cidade de São Paulo agradece.