Floriano participa de CHAT da Record sobre moradores de rua

Na sua participação no CHAT do Portal R7, da Record, sobre moradores de rua, o sociólogo e vereador Floriano Pesaro foi categórico ao afirmar que “não se pode dar dinheiro nem nada” nas ruas. “Quem quer ajudar vai direto nas associações. Existem várias. É só olhar no site da Prefeitura de São Paulo. Quem dá esmola nas ruas sinaliza que é para aquela pessoa permanecer lá e, assim, ela deixa de procurar os equipamentos sociais da cidade, e ainda estimula que outros venham”, explica.

O CHAT do Portal R7 foi realizado ontem, das 21h15 às 21h45, após o Jornal da Record, no qual vem sendo exibida uma série de reportagens sobre moradores de rua. Ontem, a reportagem abordou o ex-morador de rua Tião Nicomedes.

Como ex-secretário municipal da Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), Floriano disse que, para atender mais de 13 mil moradores de rua, trabalhou em duas frentes: a primeira voltada a dar atenção ao psicossocial; e a segunda foi criar uma rede de acolhimento que pudesse abordar essa população de rua em kombis e encaminhá-los para albergues. Para ele, é possível diminuir o número de moradores de rua em São Paulo “integrando as políticas públicas de saúde, assistência, habitação e trabalho”.

Sobre abrigos temporários, Floriano respondeu à internauta Grazielli que esses serviços são usados para uma “readaptação da vida difícil das ruas para o retorno ao convívio familiar e comunitário”.

Segundo o vereador, população de rua é um fenômeno mundial e é a principal preocupação por parte dos dirigentes públicos em várias cidades do mundo, como Los Angeles e Paris. Washington, disse ele, tem 17 mil moradores de rua. “Esse é um fenômeno mundial que tem muito a ver com a saúde mental, incluindo o alcoolismo e a dependência química”, ressalta. A saúde mental é hoje considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como epidemia. São casos de dependência química, casos psiquiátricos, esquizofrenia. “Os governos em geral não estão preparados para este atendimento. Uma vez que saúde mental deve ser tratada no longo prazo, com medicamentos e acompanhamento sistemático”, diz. Os dados são irrefutáveis: 70% dos moradores de rua têm problemas ligados à saúde mental. “A Prefeitura de São Paulo conseguiu reinserir na família e na comunidade 30% dos moradores de rua que eram acolhidos”, alega.

Na cidade de São Paulo, a população de rua é “algo muito visível”. “Está no dia-a-dia da cidade, seja no centro ou em bairros. Toda praça costuma ter o seu morador de rua. O que temos que fazer é integrar as políticas públicas, isso é um problema múltiplo”, reforça, apontando a intersetorialidade como saída para esta política pública transversal. Para ele, a intersetorialidade é o “maior desafio”, pois depende do cruzamento de programas das diversas secretarias para o atendimento de uma determinada pessoa e depende da vontade política dos dirigentes públicos de enxergarem as múltiplas necessidades que uma pessoa tem.

Floriano rebateu a opinião do internauta Geraldo Moura de que o poder público é omisso. “Geraldo, o poder público não é omisso, São Paulo tem 8 mil vagas de albergues. Investe quase R$ 4 milhões por mês nesse sistema. O que acontece é que chegam às regiões centrais mil novos moradores de rua por ano, segundo dados da FIPE. Esses novos moradores vêm das periferias e de outras cidades do Brasil e dos países vizinhos. Hoje temos peruanos, argentinos, paraguaios, morando nas ruas de São Paulo. Além de muitos africanos, nigerianos”, explica.

Liz pergunta sobre a transferência de albergues da região central de São Paulo para bairros distantes, com a finalidade de “limpar o centro”. “Liz, a reinserção familiar se dá próximo a sua comunidade de origem, onde ele tem seus laços familiares e lembranças comunitárias. O que a Prefeitura fez foi a abertura de novos albergues na periferia. Nenhum albergue foi fechado no centro, mas sim transferido para outro prédio no próprio centro. A Prefeitura fechou albergues embaixo de viadutos e os abriu em casas ou em prédios como em pequenos hoteis da região central”, explicou o ex-secretário da (SMADS). A cidade tem hoje 6 mil vagas na Sé e 2 mil vagas nos demais centros da cidade.

Floriano orienta a internauta Ione a como proceder ao encontrar um morador de rua: “As pessoas não sabem o que fazer ao encontrar um morador de rua, mas o correto é chamar o serviço social, através do 156. A assistente social é formada para identificar as pessoas em situação de risco social, de falta de acesso a direitos. Ela encaminha essas pessoas para obterem seus direitos”.

A última pergunta referia-se à possibilidade de se adotar alguma medida para impedir a entrada de novos moradores de rua na cidade de São Paulo. “Não. Seria uma medida inconstitucional”, enfatizou Floriano.

Assista à reportagem Vida nas Ruas, do Jornal da Record.