23/06/2010 – Defesa do Estado de Israel

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Em primeiro lugar, agradeço o Líder do Governo, Vereador José Police Neto, que gentilmente cedeu seu tempo para que eu pudesse fazer este importante pronunciamento. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, amigos que assistem a esta sessão pela TV Câmara São Paulo, caros companheiros de bancada, na penúltima quinta-feira, o Líder do PT, nobre Vereador José Américo, desferiu críticas absolutamente desmesuradas ao Estado de Israel.

Tivemos de ouvir, estupefatos, nosso colega vociferar contra um país democrático e legítimo. E quando se questiona a legitimidade de um país, minha integridade política não me permite relevar tanta maledicência. O sentimento expresso nesta Casa beirou uma agressão ao direito de existência do Estado de Israel, a nossa Terra Santa. Foi uma verborragia contra um país independente, democrático e, acima de tudo, soberano; aliás, o único país democrático daquela região. Um país que ostenta uma democracia exemplar na qual os Ministros obedecem aos controles e às prestações de contas e na qual os juízes só temem a Deus.

Curiosamente, é um Estado ratificado pela Organização das Nações Unidas, tendo a sucessão que culminou com sua criação sido presidida pelo ilustre diplomata brasileiro Osvaldo Euclides de Sousa Aranha. Desde então, Israel é a única democracia no Oriente Médio. Um país menor do que muitos pequenos Estados brasileiros, mas uma democracia que respeita os direitos humanos, que assina a convenção das Nações Unidas.

O Sr. Jamil Murad (PC do B) – V.Exa. me concede um aparte, nobre Vereador Floriano?

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Não neste momento, Vereador Jamil. Terminarei meu pronunciamento para que V.Exa. possa entender o que estou dizendo.

Israel tem, com o Knesset, um regime parlamentarista com deputados legitimamente eleitos e empossados. Não sei se V.Exas. sabem, mas o Knesset tem, dentre seus deputados, mais de uma dezena de deputados árabes. A população israelense é de 7,5 milhões de habitantes – menor que a da cidade de São Paulo -, sendo 5,6 milhões de judeus e mais de 1,5 milhão de árabes. Os demais, perfazendo 4% da população, são constituídos de cristãos, drusos e beduínos. Portanto, dos 7,5 milhões de habitantes que vivem no território israelense, dos quais 1,5 milhão são árabes.

Mesmo com essa diversidade, Israel é um país onde há poucos crimes de sangue, mas muitos concertos de música. Onde os fiéis de todas as religiões gozam de liberdade de culto e onde os laicos também são bem-vindos. Um país onde qualquer residente é um homem livre, até para publicar ataques virulentos contra tudo que é importante à maioria dos que lá vivem. Um país que é uma terra e um povo. A história do povo judeu e suas raízes de Israel datam de mais de 35 séculos. Nessa terra, sua identidade cultural, nacional e religiosa foi formada. Sua presença física foi mantida, sem ruptura, através dos séculos, mesmo após a maioria ter sido forçada ao exílio.

Nobre Vereador Carlos Alberto Bezerra, V.Exa. que é evangélico e conhece a história das religiões, sabe quantas vezes o povo judeu foi perseguido em sua história de mais de cinco mil anos – e, muitas vezes, por força de diásporas -, tendo de migrar para as diversas partes do mundo, chegando, inclusive, ao Brasil por causa do Holocausto.

Mas com o estabelecimento do Estado de Israel em 1948, a independência judaica foi apenas renovada. Nestes últimos 62 anos, Israel conseguiu se tornar um país de ponta em várias áreas. Muitos desconhecem – especialmente aqueles que criticam – mas exporta tecnologia de vanguarda. É um dos pólos mais importantes em tecnologia da informação em aparelhos médicos. Grande parte de tudo que há de mais tecnológico, no mundo, do ponto de vista da Medicina, foi desenvolvido pelas tecnologias israelenses.

O sucesso da agricultura israelense é o resultado de uma longa luta contra condições adversas, e de maximizar o uso de uma escassa quantidade de água e de terra arável. Só quem já esteve na Terra Santa sabe do que estou falando, da desertificação que era aquela região. Hoje muitas partes já foram transformadas em verdadeiras florestas. Enquanto aqui, no Brasil, destruímos nossas florestas, na Terra Santa se constroem florestas – se é que posso falar dessa forma. Hoje, a agricultura representa algo em torno de 2,4% do PIB israelense, e 2% das exportações. Israel produz – para o seu povo e para todos que vivem na Terra Santa – 93% de suas necessidades alimentícias. Nem o Brasil, celeiro do mundo, produz, proporcionalmente, essa quantidade de alimentos para suprir as necessidades de seu povo.

O Sr. Jamil Murad (PC do B) – V.Exa. permite um aparte?

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Outra curiosidade que queria delegar aos meus nobres Pares é o fato de Israel possuir dois idiomas oficiais: hebraico e árabe. No quesito Educação, Israel possui a melhor relação de diplomas universitários por habitante, do mundo.

Israel é um país preocupado com o meio ambiente. Oitenta e cinco por cento de seus resíduos sólidos são tratados de forma ecológica. Vejam a preocupação ecológica do Governo Israelense, e as tecnologias que foram desenvolvidas: todas tecnologias verdes. Oitenta e cinco por cento dos resíduos, produzidos em Israel, são reciclados.

O Sr. Jamil Murad (PC do B) – V.Exa. permite um aparte?

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Israel também mantém a maior proporção de indústrias de tecnologia de ponta do mundo. Quando o Tsunami da Indonésia, os terremotos no Haiti e no Chile ocorreram, Israel providenciou equipes de resgate de primeira qualidade para ajudar na localização e no tratamento das vítimas.

O Sr. Jamil Murad (PC do B) – V.Exa. permite um aparte?

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Aliás, faço um parênteses. Enquanto o governo brasileiro ensaiava as formas de auxílio, o governo brasileiro que ali mantinha uma missão militar no Haiti, Israel montava hospitais de tecnologia de ponta para atender os haitianos que tinham sofrido as consequências daquele brutal terremoto.

Israel também possui o maior número de cientistas e engenheiros per capita do mundo. Não sei se todos sabem, mas quando usamos a tecnologia de microchip Intel, ela foi desenvolvida em Israel, ainda que depois fosse produzida nos Estados Unidos.

O Sr. Jamil Murad (PC do B) – V.Exa. permite um aparte?

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Esse é o país que defendo. Um país com desenvolvimento tão exemplar e com preocupações humanas tão presentes não pode ser vilipendiado com palavras fúteis que é o que escuto nesta Casa daqueles que atacam o estado de Israel.

O Sr. Jamil Murad (PC do B) – V.Exa. permite um aparte?

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Deixe-me terminar, Vereador Jamil.
Não pode ser, o Estado de Israel, refém de políticos que florescem com crises e que empunham a bandeira da violência. Se os países que hoje querem negar a existência de Israel, como a tríade Venezuela, Turquia e Irã, com apoio do governo brasileiro, do Presidente Lula, buscando eliminar Israel que foi diplomaticamente aceito e ratificado pela Organização das Nações Unidas, quisessem realmente um acordo de paz, isso teria acontecido.

Aliás, gostaria de lembrar o Vereador Jamil que acompanha a história do povo judeu também, quem devolveu o território na Faixa de Gaza ao Hamas foi o Presidente Sharon. Que fique bem claro que a partir dos acordos de paz, várias vezes firmados e não cumpridos pelos grupos terroristas ali instalados, o governo de Israel sempre fez todo o tipo de gestão para buscar aquilo que mais deseja que é a paz para o seu povo e para os povos vizinhos.

A recusa palestina em aceitar dois Estados lançou o Oriente Médio numa guerra permanente, que dura desde a criação de Israel. E aqui fica a nossa mais profunda tristeza porque envolve todos os nossos povos e ancestrais. Yasser Arafat desperdiçou uma oportunidade de ouro quando, Ehud Barak, se encontrou com ele em Camp David no ano 2000 e o premiê israelense lançou um plano para terminar o conflito: dois Estados para dois povos. É isso que nós desejamos e queremos.

Vereador Jamil, o senhor está falando com a Mesa, mas gostaria que o senhor escutasse isso especialmente. Nós queremos dois Estados, nós queremos dois Estados democráticos. Infelizmente, não temos tido sucesso.

O Sr. Jamil Murad (PC do B) – Regimentalmente, solicito um aparte para poder dialogar com V.Exa.

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Jerusalém partilhada; e o retorno dos refugiados para o novo Estado palestino. A Autoridade Palestina rejeitou. Esses são fatos.

O Sr. Jamil Murad (PC do B) – Um aparte, isso faz parte da democracia.

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Em 2005, Israel tomou a iniciativa de entregar Gaza e, desde então, sofre com ataques diários de foguetes contra suas cidades. Israel, infelizmente, apesar de todos os seus sucessos é um país que sofre um ataque acintoso da mídia tendenciosa, que não analisa corretamente os fatos, contextos e a história.

Mas, quem compra a informação distorcida, arvora-se em defensor do fraco e do oprimido sem sequer avaliar todo o contexto. A paixão cega de muitos e desenfreada é o que tem nos colocado neste impasse e todos queremos a paz. Reafirmo isso aos meus colegas Vereadores, especialmente, ao José Police Neto, que tanto tem nos ajudado com a comunidade judaica no Brasil e em São Paulo, em especial.

Podemos, sim, questionar melhores caminhos para a paz, podemos, sim, nos empenhar em mediar o conflito na busca de uma solução definitiva para a região; dois estados independentes: um palestino e outro israelense. É para isso que me apresento, para isso que luto nas fileiras internacionais. Entretanto, uma coisa é clara, Israel tem o direito legitimo de existir e proteger os seus cidadãos, como qualquer país soberano do mundo. E refutamos e repudiamos a posição do governo brasileiro de apoiar nações como o Irã, Turquia e Venezuela que criticam e questionam, especialmente, a existência do Estado de Israel.

Muito obrigado.