12/11 – Shimon Peres no Brasil

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Sr. Presidente, tivemos a honra de receber, na tarde de hoje, S.Exa. Shimon Peres, DD. Presidente do Estado de Israel. Não é todo dia que podemos homenagear um estadista que personifica toda a história política de seu próprio país e que teve uma presença ativa em alguns dos principais momentos dos dois últimos séculos.

Seu envolvimento com a política e com a história do Oriente Médio começou em 1940, há quase 70 anos. Com menos de 20 anos de idade, recém-chegado à Palestina, então sob mandato britânico naquele ano, Shimon Peres foi um dos fundadores do Kibbutz Alumot e foi eleito secretário de um movimento de juventude.

Shimon Peres é um estadista que dedicou toda a sua vida a construir, defender e desenvolver o seu país, empenhando-se, ao mesmo tempo, em romper as barreiras que as diferenças étnicas e religiosas, e as sucessivas guerras, não cessaram de reerguer. Shimon Peres foi o criador e participante de importantes iniciativas em benefício da paz. Já em 1975, como ministro da Defesa, negociou o Acordo Provisório com o Egito que pôs fim à guerra e
estabeleceu política de boa vizinhança com o Líbano.

No governo de União Nacional entre a Aliança de esquerda e o Likud, a partir de 1984, como primeiro-ministro, iniciou as conversações que levariam – já na condição de Ministro do Exterior, em 1987 – ao Acordo de Londres com a Jordânia. Seu maior feito, porém, que lhe proporcionou o Prêmio Nobel da Paz de 1994, juntamente com o premiê Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, foi a assinatura do Acordo de Oslo, que levou ao reconhecimento de uma Autoridade Palestina na faixa de Gaza e em parte da Cisjordânia. As conversações com a OLP de Arafat haviam começado secretamente, desde que o Presidente Peres havia assumido o cargo de Vice-Primeiro Ministro e Ministro do Exterior do premiê Yitzhak Rabin.

Mais tarde, depois de suceder a Rabin como Primeiro-Ministro, após seu assassinato por um fundamentalista judeu, em 1995, criou o Centro Peres para a Paz, dedicado a avançar o processo de negociações por meio de acordos econômicos e sociais com os palestinos.

Quero expressar para os meus Pares, alguns sentimentos. Em primeiro lugar, a minha admiração por Israel – a terra que abriga relíquias sagradas de três religiões e que mantém vivo o que ousaria chamar de um milagre dos homens: o regime democrático. Digo que, quem nega o Holocausto dos judeus agride de modo indelével a memória de um povo e agride toda a humanidade. Neste caso, seremos tanto mais humanos, quanto mais judeus todos nós nos
declararmos.

O Estado de Israel foi criado para que, dos escombros do horror florescesse, como floresceu. Ao nascer, Israel mostrou logo que não era mais uma promessa, mas um fato. Cumpriu-se com justiça um destino. Falta agora que se cumpra a paz. A história de Israel é, a um só tempo, muito curta e muito longa, confundindo-se com os tempos imemoriais, quando a humanidade começou a plasmar valores éticos, que ainda hoje nos guiam. De sua história recente, lembro da penosa decisão de Ben Gurion, que disse: não vive em paz quem está inseguro; não vive seguro quem não está em paz. Não pode haver segurança onde não há paz. Mas não pode haver paz onde não há segurança.

Presidente Shimon Peres, todos esperamos a permanência, por longos anos, de V.Exa. na liderança do povo judeu, empenhando-se na defesa de seu país e na luta pela paz entre os povos do Oriente Médio. Bem-vindo a São Paulo.

Muito obrigado.