O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Sr. Presidente, agradeço ao nobre Vereador Milton Ferreira pela cessão do seu tempo. Agradeço também ao nobre Vereador Natalini e ao nobre Vereador Apolinario. Eu havia solicitado o tempo do nobre Vereador Juscelino para que pudéssemos ter 30 minutos de apresentação sobre o metrô de São Paulo, mas infelizmente, por conta de uma emergência, não consegui estar aqui naquele momento.
Sr. Presidente, tenho dois assuntos importantes para trazer a esta Casa, ao conhecimento dos meus colegas e dos telespectadores da TV Câmara São Paulo.
Primeiro que nesta manhã levei ao Governador Geraldo Alckmin o Sr. Dan Shechtman, físico-químico israelense, ganhador do Prêmio Nobel de Química em 2011. Fizemos uma reunião a portas fechadas com o Sr. Governador para trazer parcerias da intelectualidade do Governo de Israel para o Governo de São Paulo através da FAPESP, da USP e da Unicamp.
Ao longo desta última semana Dan Shechtman fez um tour pelas mais renomadas universidades do mundo e sem dúvida pelos maiores centros de pesquisa do Brasil; visitou a USP, a Unifesp e a Unicamp. São Paulo tem as três melhores universidades do Brasil e a USP está entre as cem melhores do mundo.
A FAPESP é dirigida pelo nosso Chanceler Celso Lafer, um grande estadista, talvez um dos maiores que o Brasil já teve, nomeado pelo Governador Geraldo Alckmin. Celso Lafer, de reconhecimento internacional, presidente da FAPESP, vem propor ao premiado Dan Shechtman uma série de parcerias e de intercâmbios na área tecnológica.
O Prof. Shechtman é um dos quatro israelenses vencedores de Prêmio Nobel de Química desde 2004. Não sei quantos Prêmios Nobel os israelenses têm, mas são muitos. É um povo que valoriza sobremaneira a educação. Mas, só na área de Química são quatro Prêmios Nobel em Israel.
Gosto de citar sempre que grande parte das invenções do nosso cotidiano surgiu em Israel. Por exemplo, a tecla touch de cristal líquido do celular foi invenção israelense, na qual Dan Shechtman participou diretamente. Grande parte, senão todos os processadores Intel, Pentium etc. foi desenvolvida em Israel. É claro que depois acontece a massificação em outros países, especialmente na China, na Coreia e no Japão, mas o desenvolvimento científico é feito por esses gênios da Ciência, digamos assim, já que são Prêmios Nobel.
Dan Shechtman é um físico-químico que ganhou o Prêmio Nobel de Química em 2011. Nasceu em 1941, em Tel Aviv. Durante o mandato inglês estudou Engenharia de Materiais no Instituto Technion, em Israel, onde também cursou Mestrado e Doutorado. Atualmente é professor titular da cadeira de Phillip Tobias para o estudo de ciências dos materiais do Instituto Technion e também professor titular da Universidade Estadual de Iowa, EUA.
A descoberta mais famosa do Prof. Shechtman foi a existência de estruturas químicas chamadas quase-cristais. Essa descoberta, que lhe rendeu o Prêmio Nobel 20 anos depois, foi polêmica. O Prof. Shechtman teve de defendê-la frente aos principais químicos da época, chegando mesmo a ser ridicularizado por parte da comunidade científica, como acontece com todo gênio. Posteriormente, quando os resultados experimentais mostraram a exatidão de sua descoberta, seu prestígio foi restabelecido.
Os quase-cristais são um tipo de estrutura química comumente encontrado em ligas metálicas de alumínio e polímeros. A descoberta deles mostrou existirem maneiras diferentes em que átomos poderiam se arranjar. Em 2009 foi encontrado o primeiro quase-cristal ocorrendo naturalmente, o Icosahedrito.
Esse era o meu primeiro comunicado para demonstrar a importância da visita de Dan Shechtman, Prêmio Nobel de Química, ao Governador Geraldo Alckmin e os benefícios que essa visita trará aos paulistanos a partir do intercâmbio de informações, afinal não é todo dia que começamos a manhã ao lado de um Prêmio Nobel.
O segundo assunto refere-se à questão dos nossos jovens, da contaminação e do vício através de produtos químicos, como álcool e drogas.
Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo e do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas divulgaram dados- e passei o restante da manhã estudando esses dados – do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas. O que vemos nesse debate sobre jovens, álcool e droga é muito empírico, é o que vemos no dia a dia. Muitas vezes, o que vemos é um recorte dentro de um problema muito mais complexo.
O estudo apontou que 1,5 milhão de jovens consomem maconha todos os dias; 62% deles consumiram drogas pela primeira vez antes dos 18 anos.
Para chegar aos números, cerca de cem pesquisadores fizeram, de janeiro a março deste ano, entrevistas domiciliares com 4.067 pessoas em 149 cidades de todas as unidades da Federação.
Na mesma linha, a Unifesp também havia divulgado anteriormente outro estudo em que apontava que a mortalidade por alcoolismo no Brasil é quase tão grande quanto por crack. Aliás, Sr. Presidente, V.Exa. lembra-se que trouxe esse assunto da Unifesp, do Departamento de Psiquiatria, no qual tenho grande militância, sobre a pesquisa de álcool e droga, mostrando a questão do alcoolismo, cada vez mais precoce, entre os jovens .
A pesquisa da Unifesp mostrou que 17% dos dependentes atendidos em uma unidade de tratamento da zona Sul de São Paulo morreram após cinco anos. Portanto, não se trata apenas do vício ou da dependência química, mas de tudo o que envolve isso na cidade de São Paulo, do ponto de vista da violência, que perpassa esse ciclo do consumo de drogas: a compra, o consumo, o tráfico; a presença da violência nas áreas mais carentes da Cidade, onde se concentra a maior distribuição desse tipo de produto.
Para efeitos comparativos, na Inglaterra, o índice é de 0,5%.
O crack, droga devastadora, mata 30% de seus usuários em um prazo de 12 anos. Mais da metade deles também nos primeiro cinco anos de dependência.
Para chegar a esses números sobre a dependência de álcool, a Unifesp procurou 232 pessoas com problemas de alcoolemia que haviam sido atendidas num centro do Jardim Ângela, zona Sul, depois de cinco anos.
Desse grupo, 41 haviam morrido: 34% por causas violentas, como acidentes de carro ou homicídios; outros 66% foram vítimas de doenças relacionadas ao alcoolismo.
Enfim, poderia passar horas citando estudos que relacionam o consumo de álcool e drogas com a mortalidade, cada vez maior, dos nossos jovens por acidentes ou por problemas de saúde. Esses números precisam mudar, a realidade precisa mudar. Cidades vizinhas tomaram atitudes radicais, como Diadema, por exemplo, que proibiu a venda de bebida alcoólica depois de determinado horário, é a Lei Seca.
Evidentemente, nós que andamos pelas regiões mais carentes, mais pobres da cidade, verificamos que a quantidade de bares nessas comunidades é infinitamente maior do que nas comunidades mais ricas. E não é porque nas regiões mais ricas não existam bares, mas é que nas regiões mais carentes os bares acabam por substituir áreas de lazer, áreas de convivência, parques etc. É algo impressionante! E a variedade de cachaça, de pinga que tem nessas regiões é também impressionante, assim como o preço que favorece.
Netinho de Paula, V.Exa. que é das comunidades, vamos lá! Vamos ajudar a mudar este quadro!