21/09/2011 – Álcool e Drogas

Sr. Presidente, nobres Vereadores, telespectadores da Tv Câmara São Paulo. Boa tarde.

Nos dois últimos dias, a grande imprensa noticiou dois importantes estudos que demonstram, de forma objetiva, o quanto o álcool é danoso a nossa sociedade.

Ontem o jornal Estado de São Paulo divulgou estudo inédito da Universidade Federal Paulista, a Unifesp, que muito nos preocupou: a mortalidade por alcoolismo no Brasil é quase tão grande quanto a por crack.

A pesquisa mostra que 17% dos dependentes atendidos em uma unidade de tratamento da zona sul de São Paulo morreram após cinco anos;

Para efeitos comparativos, na Inglaterra, o índice é de 0,5%;

O crack, droga devastadora, mata 30% dos seus usuários em um prazo de 12 anos – mais da metade deles também nos primeiros 5 anos de dependência.

Para chegar a esses números sobre a dependência de álcool, a Unifesp procurou 232 pessoas com problemas de alcoolemia que haviam sido atendidas num centro do Jardim Ângela, zona sul, depois de cinco anos.

Desse grupo, 41 haviam morrido – 34% por causas violentas, como acidentes de carro ou homicídios. Outros 66% foram vítimas de doenças relacionadas ao alcoolismo.

Um segundo estudo, realizado pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e outras drogas, da Assembléia Legislativa, divulgado hoje, aponta que o álcool lidera o número de atendimentos de saúde no Estado como um todo;

representando 49% das pessoas que buscam ajuda. O crack vem logo em seguida, com 31%, seguido da cocaína (10%), maconha (9%) e das drogas sintéticas (0,59%).

Os números impressionam. Sabemos que entre dependentes de álcool, principalmente nos casos mais graves, pacientes perdem o senso de responsabilidade e adotam atitudes que os expõem a riscos, como a direção perigosa.

Está aí, mais uma vez comprovada por números, a importância de coibirmos situações que gerem a possibilidade de se somar direção e bebida alcoólica.

É imprescindível que criemos meios de prevenir acidentes. Prevenir a junção de álcool e direção.

Somente assim evitaremos situações como a ocorrida na noite do último sábado (17/9), quando mãe e filha foram atropeladas por um motorista embriagado, quando saiam do Shopping Villa-Lobos. As duas morreram.

Ainda ontem, cinco pessoas foram atropeladas e mortas na rodovia Anhanguera. O motorista confessou à polícia ter tomado estimulantes com bebida alcoólica.

Até quando vamos viver em uma cidade em que o número de pessoas mortas em acidentes de trânsito é maior do que as mortas por homicídio e não tomar nenhuma medida concreta para transformar essa realidade?

Somente no ano de 2010, 1.357 (Um mil trezentos e cinqüenta e sete) pessoas perderam a vida no trânsito caótico de nossa cidade.

Os gastos com o Sistema Único de Saúde, com acidentes ocasionados pelo Álcool e com o tratamento de dependentes é elevadíssimo. Os gastos com tratamento de dependentes de álcool e outras drogas atingiram entre 2002 e junho de 2006, a quantia de R$ 36.887.442,95 e mais 4.137.251,59 gastos com procedimentos hospitalares de internações.

Os números precisam mudar! A realidade precisa mudar!

Dentre as diversas medidas que teremos que tomar para mudar nossa realidade, ressalto o Projeto de Lei nº371 de 2011, de minha autoria, que proíbe a venda de bebidas alcoólicas em nas lojas de conveniência e lanchonetes dos postos de gasolina.

Numa doença que apresenta um índice de mortalidade de 17%, o estímulo da prevenção é fundamental.

Resumindo, meus caros colegas, o álcool é tão danoso à saúde quantos as drogas. E é, sim, questão de saúde pública.

E como toda em questão de saúde, é melhor lidarmos com a prevenção do que arcar com os custos, financeiros e humanos, da doença em sua fase mais avançada.

É como dizem os meninos do Movimento Viva Vitão, fundado a partir da perda irreparável do jovem Vitor Gurman em um acidente de trânsito causado por uma motorista embriagada:
Não espere perder um amigo para mudar a sua atitude!

Muito obrigado!