15/06/2011 – Luto no Trânsito

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – (Sem revisão do orador) – Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou falar de mais um fato chocante, que, mais uma vez, aconteceu na cidade de São Paulo, no dia 13, a morte de uma ciclista nas ruas desse município.
Antonio Bertolucci pedalava na Avenida Sumaré, na Zona Oeste, quando foi atropelado por um ônibus de turismo. Não se sabe ainda quem teve a responsabilidade pelo acidente, mas sabemos que, seguramente, foi a parte mais forte, o ônibus.
Aos 68 anos, Tio Antonello, como era conhecido pelos bikers, era um entusiasta do ciclismo. Pedalava há décadas, sempre de capacete. Não foi por falta de experiência que Bertolucci acabou morrendo na última segunda-feira. Em dois anos, 110 ciclistas morreram nas ruas paulistanas. É um índice assustador. Em Copenhague, na Dinamarca, por exemplo, a bicicleta é utilizada por um milhão de pessoas todos os dias, mas lá só houve seis mortes em 2009.
Para chegarmos ao alto patamar de uso de bicicletas, no trânsito, como há lá, é preciso muito esforço e dedicação, para que haja criação e aprovação de políticas públicas, garantindo proteção e segurança a ciclistas.
Muitas pessoas ainda não estão convencidas de que a bicicleta pode ser uma alternativa de transporte. Ela já é para muitos paulistanos, que fazem uso da bicicleta para irem e voltarem todos os dias do trabalho. Fazem isso como o transporte completo e, em alguns casos, complementar ao transporte de metrô e ônibus.
Cada vez mais, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, bicicletas tornam-se um meio de transporte. Nesta Casa, preocupados com esse tema, sugerimos e aprovamos, na Comissão de Constituição e Justiça, a criação da frente parlamentar em defesa da mobilidade humana, subscrita por vários Vereadores.
Faço aqui um chamado especial ao Vereador Chico Macena, colega que teve a ideia, juntamente conosco, de criarmos essa frente parlamentar suprapardidária, com vários Vereadores preocupados com a questão da mobilidade. Queremos discutir a criação de ciclofaixas ou ciclovias na cidade de São Paulo.
Ainda há muito mais a fazer. Sabemos que é preciso sinalizarmos e orientarmos os motoristas ao compartilhamento de vias, o nosso sonho, de todo biker, cicloativistas. Queremos vias compartilhadas e não segregadas. A segregação de vias, neste momento, faz-se necessário, para criarmos uma cultura de respeito aos ciclistas.
No fundo, queremos que essa segregação possa, pouco a pouco, ser substituída pelo compartilhamento.
É preciso punir quem não respeitar a distância, já prevista no Código, de 1,5m ao ultrapassar ciclistas ou esperar para fazer uma ultrapassagem mais segura, quando for o caso.
Precisamos, caros Colegas, e contamos aqui com a ajuda de todos, especialmente da sociedade civil organizada e dos cicloativistas, de um sistema de transporte coletivo eficiente, com calçadas mais largas, rotas com trânsito compartilhado, sinalização e velocidade reduzida – como agora faz a CET, depois do acidente. Queremos mais espaço para as bicicletas e para as pessoas.
Sr. Presidente, deixo registrada minha profunda indignação com o fato ocorrido. Presto absoluta solidariedade para com a família e ressalto nosso comprometimento com todos os bikers e os que militam em movimentos alternativos de transporte na cidade de que vamos trabalhar todos juntos nesta Casa, todos os 55 Srs. Vereadores, para que tenhamos, de fato, a segurança necessária para que possamos ter os ciclistas e mais ciclistas, utilizando a bicicleta como meio de transporte com absoluta segurança.
Termino, Sr. Presidente, solicitando uma justa homenagem ao amigo Antonio Bertolucci, o “Tio Antonello”, de um minuto de silêncio. Acho que é uma homenagem mais do que justa.

Muito obrigado, Sr. Presidente.