12/2010 – Chanuká Sameach

A história de Chanucá relata como o povo judeu em Israel foi perseguido pelos gregos antigos, como foram proibidos de reverenciar Deus, de estudar a Torá ou realizar os rituais básicos e essenciais da prática judaica. Mas o povo judeu desafiou seus opressores continuamente, exercendo seus direitos sagrados de povo, rejeitando culturas e conceitos   exógenos, revoltando-se contra a tirania.

Diz a História que os macabeus finalmente rebelaram-se e retomaram seu Templo Sagrado. O óleo existente para a re-dedicação do santuário profanado deveria durar um só dia, mas milagrosamente queimou por oito dias seguidos.

Gosto do Festival judaico de Chanucá porque, em última análise, ele nos ensina sobre a importância da liberdade e da dignidade humana. Chanucá demonstra a necessidade de se ouvir vozes discordantes, de que poucos possam buscar um caminho para destituir tiranias de muitos. Em cada uma das oito noites de Chanucá, nós acendemos velas que representam o triunfo da luz sobre a escuridão de muitos modos.

Infelizmente, com a modernidade, muitas pessoas passaram a ter dificuldade em celebrar milagres. Os ‘falsos magos,’ ‘os curandeiros’ e os aproveitadores criaram uma crosta de ceticismo em todos nós. Deste modo, com certa justiça, desconfiamos de tudo e o conceito de milagre fica prejudicado.

Todavia, há outras maneiras de se pensar sobre milagres. Todos nós conhecemos pessoas que começaram a perceber milagres no simples dia-a-dia da vida.

Assim, a história do milagre de Chanucá não é apenas coisa de criança. É um convite para possamos abrir olhos e corações para a possibilidade do milagre. Às vezes, são mesmo milagres que transformam o caminho e a história de um povo. E são estes os milagres que a liturgia nos faz lembrar durante a semana de Chanucá: “al ha’nissim, ve al ha’guevurot ve’al ha’teshuot,” “os milagres, maravilhas e triunfos e vitórias” de nosso honrado passado.

Mas devemos aproveitar Chanucá como a oportunidade de se maravilhar com o milagre de nosso próprio mundo. Vou me servir de uma citação de Albert Eisntein, que, com toda sua materialidade, conseguia ver o milagre da Vida e do Universo:

“A mais bela e mais profunda experiência que se pode ter é o sentido do mistério. Aquele que jamais viveu esta experiência me parece, senão morto, ao menos cego.

Perceber que, por trás de tudo o que pode ser vivenciado, há algo que nossa mente não consegue captar e cuja beleza e sublimidade nos atingem apenas indiretamente, como um fraco reflexo, isto é religiosidade. E nesse sentido, eu sou religioso.”

Que possamos todos perceber e agradecer os milagres cotidianos à nossa volta e que possamos, como povo, buscar caminhos que respeitem e acolham todas as minorias.

Chag Sameach!!

Floriano Pesaro

Vereador