01/08/2012 – Mais inclusão por uma São Paulo mais humana

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – (Sem revisão do orador) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, telespectadores da TV Câmara, boa tarde. É um prazer estar de volta a este plenário depois do recesso parlamentar, que muitos, infelizmente, insistem em pensar que são férias do Parlamento, o que absolutamente não é verdade. Eu inclusive encontrei vários colegas trabalhando durante o recesso parlamentar não só nesta Casa, mas em suas respectivas bases eleitorais; dessa forma, nobres colegas, posso afirmar que trabalhei bem mais do que se em recesso não estivesse. Acabamos sendo mais demandados quando estamos nas ruas do que quando estamos neste plenário. Mas este é o trabalho parlamentar: o debate político, de políticas públicas, e também o atendimento da população nas nossas respectivas bases e segmentos eleitorais. Dessa forma, Sr. Presidente, dou boas vindas a todos neste regresso aos trabalhos legislativos do segundo semestre.
Sr. Presidente, aproveitarei meu tempo para falar de um tema que considero de máxima importância: a inclusão. É difícil que uma das dez maiores economias do mundo – a sexta, segundo dados mais recentes do Banco Mundial, depois que o Brasil ultrapassou também o Reino Unido – não componha o centro do sistema econômico mundial; mas esse é o caso brasileiro.
O Brasil não é desenvolvido em decorrência, sobretudo, de seus enormes desajustes sociais. Para atingir o patamar de país desenvolvido seria necessário aquilo que considero como nosso maior desafio para as próximas décadas: eliminar a desigualdade social. Recentemente o Instituto Data Popular divulgou estudo no qual aponta que, em 2014, 58% da população pertencerá à classe C. Assim, temos de continuar avançando para garantir a permanência e a ascensão social cada vez maior das pessoas.
Venho abordando esse tema há alguns anos, baseando-me no pensamento do indiano falecido recentemente Coimbatore Krishnarao Prahalad, que passou mais de uma década em uma jornada intelectual propondo alternativas que possibilitassem a erradicação da pobreza por meio da inclusão da classe C no mercado de consumo.
Incluir as pessoas mais pobres no jogo do mercado é um importante meio de fomentar o empreendedorismo e o surgimento de inovações na própria base da pirâmide. Aliás, foi seguindo essa lógica que propus um projeto – que esta Casa aprovou e o Prefeito sancionou – instituindo a Rede de Comércio Solidário do Município de São Paulo, regulamentada pela Lei 14.949/2009. Pautada pelos princípios da economia solidária, essa medida beneficia as organizações sociais que desenvolvem produtos artesanais com potencial de comercialização. Elas participam de cursos de capacitação, feiras para exposição de produtos e outras ações de apoio à comercialização, incrementando as vendas e o aumento da renda de seus usuários.
Meu projeto foi inspirado nos ensinamentos de outro indiano, o economista Muhamad Yunus, Prêmio Nobel da Paz em 2006. Para ele, as pessoas consideradas pobres têm habilidades profissionais não utilizadas ou subutilizadas. Yunus costuma dizer que a pobreza não é criada pelos pobres, mas pelas instituições e pelas políticas. Para eliminar a pobreza, tudo o que temos de fazer é implementar as mudanças apropriadas nas instituições políticas, criar novas instituições de fomento, implementar definitivamente o microempreendedorismo individual, estimular a geração de renda e, evidentemente, a educação.
Os resultados colaboram com a conquista da autonomia e inclusão social dos usuários, a inserção no mercado produtivo e a geração de renda. O comércio solidário em rede busca ainda valorizar as potencialidades dessas pessoas e de suas comunidades, estimulando sua organização em grupos produtivos rumo à transformação da sociedade. Esse é o caminho. É nisto que acreditamos: na emancipação das pessoas através da cultura, da educação, do conhecimento e da geração de renda.
Muito obrigado, Sr. Presidente