Portal Camâra Municipal de São Paulo – Vereadores se dizem contrários ao fim do rodízio em São Paulo

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Um dia após a Câmara Municipal aprovar o fim do rodízio de carros em São Paulo, o tema foi debatido por vereadores durante sessão plenária nesta quinta-feira (29/5). O Projeto de Lei (PL) 15/2006, do vereador Adilson Amadeu (PTB), passou na Casa durante uma votação simbólica nesta quarta-feira.

RenattodSousa / CMSP

PLENARIO-2952014-Rtto_3200-72-ABREPresidente da Comissão de Meio Ambiente,  o vereador Natalini (PV) afirmou que a extinção do rodízio não é a vontade da maioria dos vereadores e falou sobre a importância da medida para a cidade. “Nós temos em São Paulo dois problemas de uma grandeza imensa. Um é o da mobilidade urbana: as ruas estão entupidas de carros. E outro é a poluição do ar, que tira cinco mil vidas por ano na cidade”, disse.Em seu discurso, Natalini fez um apelo para que o prefeito vete o projeto. “Caso o prefeito não vete, vou propor à Comissão de Meio Ambiente e às bancadas que discordam do projeto para que a gente faça um novo projeto restituindo de novo o rodízio, e de maneira mais aprofundada, mais restritiva, que é o que a cidade precisa”.

O vereador Alfredinho, líder da bancada do PT,  admitiu que houve uma falha ao aprovar o projeto. “Aconteceu uma desatenção. Ninguém esperava que um projeto sem consenso, polêmico como este, estivesse na pauta para ser votado. Acho que a casa tem que assumir que foi uma falha. Não tem problema nenhum assumir que errou”.

Após a votação, o vereador manifestou voto contrário ao PL. “Quando percebi, fui até lá e declarei voto contrário da bancada do PT, mas aí já era tarde. Para que isso acontecesse [o projeto ser rejeitado], alguém teria que ter pedido votação nominal”.

Para o líder do PSDB, vereador Floriano Pesaro, o pedido de votação nominal para o projeto deveria ter partido do líder do governo, Arselino Tatto (PT). “É difícil [para o PSDB] pedir votação nominal já que o líder do governo, com a presença do autor e de outros líderes, não se manifestou em relação ao projeto. Então, coube à bancada do PSDB se manifestar contrária ao projeto”.

PLENARIO-2952014-Rtto__3312-72-ABREDurante a sessão plenária, Marcos Belizário (PV) afirmou que ele e outros vereadores foram surpreendidos com a votação do PL. “Infelizmente, se houve um cochilo, se o cachimbo caiu, eu não sei dizer (…). Nosso líder teve que se ausentar por alguns minutos e fomos surpreendidos numa votação de aproximadamente 80 segundos. Por um acordo de liderança, aprovaram essa maluquice de acabar com o rodízio em São Paulo, uma cidade que já está travada”.

Na tarde desta quarta-feira, o presidente da Câmara, José Américo (PT), afirmou que a partir de agora vai pedir voto nominal para todo projeto “polêmico” que tramitar na Casa. ​

 

 

Estadão – Polêmica do rodízio faz Câmara mudar voto

Presidente da Casa diz agora que projetos controversos terão de passar por discussão

Diego Zanchetta – O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO – Após ser acusado por vereadores de facilitar a votação do projeto que acaba com o rodízio de veículos em São Paulo, o presidente da Câmara, José Américo (PT), anunciou ontem que não vai mais permitir a votação simbólica de “propostas que julgar polêmicas”. “Eu vou pedir votação nominal. Não vou mais deixar isso (aprovação sem discussão) acontecer.”

Aprovação de projeto causou crise na base de Haddad - WERTHER SANTANA/ESTADÃO-28/5/2014
WERTHER SANTANA/ESTADÃO-28/5/2014
Aprovação de projeto causou crise na base de Haddad

Ele disse também que qualquer líder das 14 bancadas da Casa poderia ter pedido votação nominal durante a leitura da proposta, que durou cerca de 50 segundos. Américo sinalizou que, a partir de agora, somente projetos com nomes de ruas ou homenagens poderão passar por votações simbólicas, sem discussão.

O vídeo da TV Câmara mostra o momento exato da votação do projeto e revela que apenas os vereadores Arselino Tatto (PT) e Floriano Pesaro (PSDB) registraram votos de suas bancadas contrários à proposta. Pesaro ainda alertou no microfone que era “o projeto que acaba com o rodízio”. Mas nenhum dos 53 parlamentares presentes no plenário pediu votação nominal, o que poderia ter barrado o fim da restrição.

No momento em que o vereador Toninho Vespoli (PSOL) ia ao microfone para pedir a verificação nominal da votação, o presidente se apressou em proclamar o resultado final da proposta, como mostra o vídeo. Ao final, vereadores influentes na Casa, como Police Neto (PDS) e Goulart (PSD), avaliaram que o presidente não poderia ter deixado a votação ocorrer sem alertar os demais líderes.

“Qualquer líder poderia ter feito o pedido”, argumentou ontem Américo. Parlamentares também foram ontem ao plenário reclamar que o projeto, de autoria do vereador Adilson Amadeu (PTB), foi incluído na pauta de última hora, sem acordo. Mas não é isso o que os registros da Secretaria-Geral do Legislativo, obtidos pelo Estado, mostram.

O projeto de restrição ao rodízio voltou a tramitar na Casa no dia 17 de dezembro e foi incluído na pauta pela primeira vez em 9 de abril. O texto se repetiu na lista de projetos das pautas de 12 sessões. “Eu sempre presto atenção em todos os projetos da lista, mas, dessa vez, não vi o projeto, ele foi incluído no mesmo dia na pauta”, afirmou Ricardo Nunes, do PMDB. “O líder de governo foi complacente, o governo fez isso para agradar o PTB. O Tatto fez isso para agradar o Amadeu, ficar na boa com um partido de sustentação (do governo)”, discursou Pesaro.

Bastidores. Mas a aprovação do projeto que acabou com o rodízio abriu uma crise na base de sustentação do prefeito Fernando Haddad (PT) e travou a tramitação do Plano Diretor. Na avaliação de líderes ouvidos pela reportagem, o presidente Américo facilitou a votação do projeto na tentativa de atingir o líder de governo, Arselino Tatto (PT), responsável pelos acordos da Casa e postulante à presidência para 2015-2016.

Logo após a votação, vereadores da base foram cobrar Tatto sobre a inclusão da proposta no acordo para a votação simbólica. O vereador petista negou ter feito qualquer acordo com Amadeu. Outro objetivo de Américo seria agradar Amadeu, vereador ligado ao deputado estadual Campos Machado (PTB) e que hoje articula a candidatura do vereador Milton Leite (DEM) para presidente da Câmara.

Haddad afirmou ontem que vai vetar o projeto. “Não entendi. Ninguém falou comigo. Eu vou vetar, claro”, disse.

Folha.com – ‘Cochilo’ no rodízio altera votações na Câmara de SP

Vereadores são alvo de piada nas redes sociais

DE SÃO PAULO

A trapalhada que levou à aprovação do fim do rodízio de veículos em São Paulo nesta quarta-feira (28) fez com que os vereadores mudassem o estilo de votação da Câmara. Também virou motivo de brincadeira nas redes sociais.

O projeto de 2006, de Adilson Amadeu (PTB), foi aprovado em votação simbólica em menos de um minuto.

A liderança do PT definiu o episódio como um “cochilo” e admitiu que foi uma falha. Agora, sobrou para o prefeito Fernando Haddad (PT) vetar o projeto –o que ele confirma que irá fazer.

Responsabilizado por alguns vereadores por colocar o assunto em pauta para votação simbólica (sem discussão), o presidente da Casa, José Américo (PT), deu coletiva afirmando que os colegas haviam recebido os projetos com antecedência.

“Todas as vezes em que há alguma divergência, qualquer líder pode pedir a votação nominal [em que há discussão]. Se não pedir, eu faço simbólica [geralmente de projetos em que há consenso]”, afirmou o vereador.

VOTO NOMINAL

“A partir de agora, todo projeto que eu julgar polêmico, vou de ofício pedir votação nominal. Não vou mais deixar isso acontecer”, disse.

As imagens da TV Câmara mostram que alguns vereadores protestaram, mas nenhum pediu a votação nominal. Em menos de um minuto, Américo encerra a votação.

O presidente ainda afirmou que alguns líderes deixaram para registrar o voto apenas depois da votação, o que não modificaria o resultado.

Alguns vereadores disseram que a aprovação visava agradar o PTB. E a oposição aproveitou para atacar o PT.

“É difícil [para o PSDB] pedir votação nominal já que o líder do governo, com a presença do autor e de outros líderes, não se manifestou em relação ao projeto”, disse o tucano Floriano Pesaro.

Nas redes sociais, foram muitas as piadas sobre o caso. “Acho que, além de aprovar o fim do rodízio de automóveis, a Câmara deveria liberar que um carro ande em cima do outro”, escreveu um internauta.

(ARTUR RODRIGUES)