Artigo. Muito além das facas

Muito além das facas

 Muito além das Facas

Vivemos num mundo sui-generis. Parece que as palavras não têm mais valor verdadeiro. Ou não precisam ter, ou podem ser manipuladas. No mês de Outubro, Israel esteve sob intensa agressão. Foi um mês sangrento. Foram mais de 50 ataques de terror, a maioria envolvendo facadas, mas também através de veículos e armas de fogo.

De repente, não mais do que de repente, jovens árabes ensandecidos, partiam para cima de cidadãos inocentes israelenses, no meio da rua, e atacavam estas pessoas com o intuito de matá-las. Mais de 100 pessoas foram feridas e 11 foram assassinadas. Muitos destes criminosos morreram em consequência destes ataques, alguns eram bem jovens, motivados por incitamento religioso e por mentiras referentes à visita de judeus ao Monte do Templo, onde fica a mesquita de Al-Aqsa.

Nas redes sociais, apareciam vídeos de pessoas e até de autoridades da Palestina, estimulando estes jovens com frases “Morte aos Judeus”. O temor nas cidades israelenses era justificadamente grande. Afinal, você poderia estar andando pacificamente para o trabalho, para as compras e de repente, um palestino lhe atacaria com facadas.

Entretanto, o povo judeu, como um todo, respondeu a esta ameaça de intifada com a coragem que lhe é peculiar e saiu às ruas, para mostrar que nada abate o espírito de um israelense. Este foi um modo de ataque perturbador, mas Israel ainda teve que conviver com uma forma de agressão que ultrapassava este caminho criminoso que os palestinos terroristas cometeram. Em todo mundo, movidos por um viés esquerdopata, a imprensa tratou com frieza os judeus feridos e mortos e pintou a situação de forma corrompida.

Não foram poucas as manchetes que falavam de palestinos assassinados sem esclarecer que suas mortes eram consequência de agressões vis ao povo israelense. Quem abrisse um jornal ou assistisse às redes de televisão, poderia pensar que Israel estava atacando a Faixa de Gaza e a Cisjordânia e matando civis palestinos inocentes.

Desde a BBC, passando pela CNN e as redes brasileiras, quem abrisse os jornais Folha de São Paulo, Le Figaro, Estadão (com exceção da Rede Record), poderia se apenar dos palestinos, pois a imprensa os pintava como quase mártires. As manchetes exclamavam “Palestino morto em ataque de Faca”, “Polícia israelense atirou em palestino”. Em ainda “Jovem torna-se a sétima vítima palestina morta pelas forças de segurança de Israel após incidente de facadas em Jerusalém”.

Este ataque da mídia internacional chega a ser quase ou tão sério como este início de intifada porque contamina a opinião mundial criando uma visão negativa de Israel. As pessoas só têm estas fontes de informação e criam em suas mentes uma imagem de Israel agressor contra a população palestina sofredora.

A consequência desta mídia desfavorável ao nosso país é tão intensa que incentiva o BDS (Movimento de boicote aos produtos israelenses, contra nossa participação no mundo acadêmico, artístico e esportivo). Manifestações anti-Israel pipocam aqui e acolá, elegendo injustamente o país como praticante de uma política de apartheid contra o palestino sofredor. Não é pouca coisa. Toda esta percepção cria um sentimento contra Israel que é alimentado por um antissemitismo latente. Ficamos mais uma vez reféns do racismo, seja ele velado ou explícito, como nos ataques franceses contra sua população judaica.

A guerra da mídia é mais uma que devemos enfrentar. O povo judeu não pode aceitar esta tendenciosidade porque nos prejudica muito. Parece que nosso povo precisa sempre ser melhor do que todos os outros, como se isso validasse a expressão “povo escolhido”.

Aliás, o número de correspondentes internacionais que vivem e reportam desde Israel é maior do que em qualquer lugar no mundo. São jornalistas, com total liberdade de expressão, por estarem num país democrático. Com tantos conflitos acontecendo mundo afora, parece que as lentes sobre Israel são sempre mais presentes.

Nem a guerra da Síria, com suas centenas de milhares de mortos, milhões de refugiados, tem a cobertura proporcional ao conflito israelense-palestino. Nós, que sabemos melhor o que acontece no Oriente Médio devemos ser a voz da consciência e devemos utilizar todos os nossos recursos para desmistificar esta opinião deturpada que a imprensa divulga. Devemos usar as redes sociais, cartas para as redações e todos os meios possíveis para restabelecer a verdade do país hebreu. Do mesmo modo que o israelense enfrenta o ataque palestino, nós devemos enfrentar o ataque midiático.

Floriano Pesaro

Secretário Estadual de Desenvolvimento Social

Deputado Federal