28/04/2011 – PSDB momento político e as eleições

O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – (Sem revisão do orador) – Sr. Presidente, Srs. Vereadores, volto a esta tribuna no Grande Expediente para um debate importante.
Hoje, li no jornal O Estado de S. Paulo – e também li um artigo de V.Exas. na Folha de S. Paulo – comentários em relação ao meu partido, o PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira. Na minha opinião, muitos comentaristas políticos vão na onda do momento. E tenho visto também comentários de Srs. Vereadores desta Casa, de Srs. Deputados.
Recentemente, assisti a um programa na Globo News, um debate a respeito do meu partido, e na minha opinião há uma certa precipitação, em todos os sentidos, do momento político que estamos vivendo. Como tenho afirmado, o PSDB é maior do que esse momento político.
Tenho respeitado as opiniões. Aprendi com os meus colegas a respeitar a divergência. Aprendi isso desde os tempos da faculdade de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, onde convivia muito com o PT, por exemplo, e com o PC do B, que aliás era nosso aliado, na época, contra o PT. Chegamos a conquistar diversas vitórias no movimento estudantil. Isso aconteceu de 1988 a 1993, quando militei.
Fui candidato duas vezes à presidência do DCE da Universidade de São Paulo, aberta ao público; e perdemos para o Mário, da Psicologia, que era financiado pelo Sindicato dos Bancários. Desde aquela época, o Sindicato dos Bancários já financiava movimento estudantil.
Mas não vamos entrar nesse campo, porque estamos num momento em que alguns partidos perdem militância.
O PSDB está perdendo, e lamentei perder companheiros como Police Neto, Ricardo Teixeira, Juscelino Gadelha, Gilberto Natalini, Souza Santos e Walter Feldman. Mas há partidos que estão ganhando novos militantes! O PT, por exemplo, está trazendo de volta o Delúbio! A vida política é assim!
Vamos falar, tenho 15 minutos e aceito apartes. Vamos falar, porque o nosso papel é a discussão política; uns perdem e outros ganham. Lamento dos dois lados, porque nós estamos perdendo e vocês, ganhando.
Aliás, há um grupo político que se valoriza nesse processo político-partidário, o PT. Interessa somente ao PT o que hoje acontece com o PSDB, mas o PSDB é maior. Os jornais, os comentaristas políticos estão se antecipando. Dizem que tivemos três derrotas eleitorais para o Presidente Lula, mas esquecem de dizer que tivemos duas vitórias no primeiro turno. O Presidente Fernando Henrique derrotou o Presidente Lula duas vezes no primeiro turno! Faz tempo? Faz tempo, mas não tem problema. A política é assim, a democracia é assim.
Somos favoráveis à alternância no poder! O PT não! O PT acha que é isso aí, unanimidade, todo mundo com a gente, a gente não sai mais do poder, e vamos usar todos os instrumentos possíveis para não sair do poder: sindicatos, corporações, funcionários públicos, fundos de pensão, todo mundo! Não vamos medir esforços para não sair do poder. Nós não temos problema, vamos ganhar as eleições.
Aliás, trouxe alguns dados para mostrar que o PSDB é maior do que o momento político que vivemos. O PSDB, Vereador Police Neto, é o partido que mais elegeu governadores nas últimas eleições. Dirijo-me, neste momento, à bancada dos meus colegas petistas: o PSDB é o partido que fez o maior número de governadores nas últimas eleições, próximo ao pulsar das ruas! Elegeu governadores em oito Estados da Federação. Sem discriminação, informo que 47% da população brasileira vive nesses Estados em que o PSDB saiu vitorioso, e respondem por, nada mais nada menos, 54% do PIB nacional! O PSDB foi o partido mais votado, elegeu oito governadores, correspondendo a mais da metade da produção nacional. O PSDB governa hoje os dois maiores colégios eleitorais do País: Minas Gerais, com 19,2 milhões de eleitores; e São Paulo, com 40 milhões de eleitores.
Senhores, esse é o PSDB! Alguém pode se envergonhar de um partido que governa oito Estados, sendo dois os maiores do ponto de vista da produção e da população? Tem mais, com candidato aprovado no primeiro turno das eleições em São Paulo. O Governador Geraldo Alckmin foi eleito em primeiro turno! É o reconhecimento do povo paulista, do povo paulistano. Aqui, em São Paulo não tem para vocês do PT! Aqui, como disse o Secretário Bruno Covas, a progressão continuada, que vocês não entendem o que significa, para vocês significa derrota sistemática.
Aqui em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País, a maior riqueza, a maior produção, é assim! Ganhamos as eleições com as nossas propostas, com projetos sociais.
Mas é mais, porque ganhamos do Lula em São Paulo em todas as eleições. Na verdade, exceto em 2002, conforme me corrige o nobre Vereador Donato. Mas em todas as demais sim. E aí também existe uma questão temporal: vale o passado para um e não vale para outro? Vale a história. Atenção! O Brasil não começou em 2003. Não podemos repetir essa afirmação, porque o Brasil não começa em 2003.
O PSDB tem discurso, tem serviços prestados à cidade de São Paulo. Foi assim com o Prefeito José Serra, o maior prefeito que a Cidade teve e que também se mostrou um excelente Governador. Basta ver – nobre Vereador Donato gosta disso – a quantidade de recursos investidos pelo Governo do Estado na Capital. Também foi assim com o Governador Geraldo Alckmin e com o Senador Aloysio Nunes. Aliás, o que foi a vitória do Senador Aloysio Nunes? O PT tinha certeza de que ia eleger a candidata Marta e o nosso colega Netinho. Não sei se queria realmente, mas o fato é que vencemos a eleição para o Senado com o Senador Aloysio Nunes Ferreira, Secretário de Governo do Prefeito José Serra, Secretário da Casa Civil do Governador José Serra. Fizemos um senador da República.
O PSDB governa o Estado de São Paulo há 16 anos, apesar de a Oposição sempre dizer que é há mais tempo. O PT, referindo-se ao PSDB, diz: “O PSDB está há 20 anos no poder”. Não é verdade. O PSDB está há 16 anos. É que começa a somar com outros partidos. Mas o fato é que está há 16 anos, e com alta aprovação popular. Tem resultados expressivos a mostrar, entre os quais a queda vertiginosa nos homicícios, ainda que todo dia alguém do PT critique a segurança pública, porque dá Ibope. E realmente a segurança pública ainda está longe do que queremos, mas muito, muito, muito melhor do que estava e muito, muito melhor do que no resto do Brasil. Podem comparar São Paulo com qualquer outro estado em termos de índice de homicídio ou índice de criminalidade.
Outros resultados são a expansão do metrô e a construção do Rodoanel, a despeito de tudo que sofremos para que essa obra pudesse sair do papel. Hoje temos os trechos oeste e sul inaugurados. Queremos também fazer o trecho leste, apesar de toda a resistência da Oposição. Mas vamos superar, porque as necessidades da população são maiores do que o debate político. Também se observou a melhoria na qualidade da educação e da saúde, e assim por diante.
O PSDB faz um jogo limpo com a Cidade e com os seus companheiros partidários, por isso não nos deixaremos abater. Já disse que estou triste. Não há motivo para comemoração. Lamentei a saída dos nossos companheiros e continuarei lamentando a perda de qualquer tucano, sob qualquer pretexto, porque é muito ruim um partido político perder os seus militantes, a sua base, os seus parlamentares, ainda mais para o PSDB, que é um partido parlamentarista.
Não podemos caminhar – como sempre digo, nobre Vereador Police – em direção ao futuro com o pé no passado. É preciso que superemos todas as desavenças que ocorreram. É preciso olhar para a frente, aproximar o partido da sociedade, mobilizar nossas bases, e não nos perder em disputas internas. Tudo isso parece passado, mas não considero assim, pois enquanto V.Exas. não apresentarem a carta de desfiliação do partido, continuarei lutando para que permaneçam nas fileiras do PSDB.
O cidadão comum muitas vezes não dá a mínima para as disputas políticas internas dos partidos. Ele quer que suas condições de vida melhorem, quer mais segurança, mais saúde, uma escola melhor para os filhos. Esse foi e continuará sendo sempre o foco do PSDB, o foco do Partido da Social Democracia Brasileira. Ora, foi assim com o Bolsa Escola, hoje chamado de Bolsa Família. Foi assim com o Plano Real, que possibilitou o crescimento sustentável do Brasil. Foi assim com o Fundef e sua ampliação para o Fundeb. Foi assim com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Foi assim, em resumo, com todas as bases que o Presidente Fernando Henrique deixou ao Presidente Lula, e a isso se soma a transmissão democrática que ocorreu nesse período da história brasileira.
Nós nos orgulhamos desse período, nós nos orgulhamos do Governo de Transição, do qual, aliás, fiz parte. Foi muito importante.
Falta isso aos governos atuais: uma transição feita de forma transparente. Que não se diga em campanha ser contra a privatização, quando entre as primeiras medidas tomadas está a privatização do setor aéreo, ou seja, a tentativa de concessão, que é uma privatização, dos aeroportos. Antes tarde do que mais tarde. O que não pode é falsear o tempo todo a realidade e falar uma coisa em campanha e fazer outra depois.
Aliás – permitam-me os parêntesis -, todas as medidas que a Presidente Dilma tem tomado são para corrigir os erros do Presidente Lula. E isso a história mostrará. Vocês verão na história, quando tivermos tudo isso passado a limpo.
O cientista político Fernando Limongi demonstrou recentemente que, pela análise das últimas eleições presidenciais no Brasil, não há espaço para uma terceira força política fora dos polos representados pelo PSDB e seus aliados de um lado, e pelo PT e seus aliados de outro. Eu acredito nisso. Acredito que, passado este momento mais conflituoso vivido atualmente pelo PSDB, voltaremos a ter uma legenda com propostas reais, concretas e que possam, de fato, mostrar que estamos no caminho certo.
Temos uma discussão interna e programática a fazer para pensar o Brasil do século XXI. E não nos furtaremos a fazê-la. Nós a faremos, pois em 2012 venceremos as eleições na cidade de São Paulo com uma proposta ampla, popular e próxima, cada vez mais, das demandas e das respostas que a Prefeitura pode fornecer. Com honestidade e competência faremos essas propostas e ganharemos as eleições em 2012, bem como as eleições de 2014, muito pela própria fadiga de material que se consolidará em 2014, com o final do governo da Presidente Dilma. Ganharemos em 2014 e 2012. O PSDB é maior do que o momento político que estamos vivendo.
Muito obrigado, Sr. Presidente.